Apresentações gratuitas levaram a arte circense a mais de 1,2 mil pessoas e motivaram crianças a ingressarem na escola de circo em Passa Quatro (MG). Quantos sorrisos cabem em um picadeiro? Em Passa Quatro, no Sul de Minas, mais de mil crianças descobriram a resposta ao se encantarem com a magia dos espetáculos circenses realizados em março, em comemoração ao Dia do Circo, celebrado nesta quinta-feira (27). Para muitas, foi o primeiro contato com a arte circense — uma experiência que inspirou parte delas a se matricularem nas aulas de circo na cidade.
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A iniciativa intitulada “Circo para Todos” é liderada pela Revoar Cia de Circo. A companhia tem mais de oito anos de história no município sul-mineiro, que tem cerca de 15.515 habitantes, conforme o Censo 2022 do IBGE.
“Esse projeto tinha como objetivo popularizar os nossos espetáculos para a população da cidade. A contrapartida era fazer esses espetáculos e levar o circo para áreas ou para o público que acaba que não tem muita acessibilidade”, explicou Juliana Caseca, diretora e idealizadora.
Artistas da Revoar Cia de Circo se apresentam ao público de Passa Quatro (MG)
Paulo Fontes
Acesso à cultura
O projeto foi contemplado pelo edital da Lei Aldir Blanc em 2024. O espetáculo segue o formato tradicional de circo, com direito a palhaços, trapezistas, acrobatas, malabaristas e apresentações em tecidos, além de um apresentador para guiar os números.
Três apresentações foram realizadas no ginásio municipal entre os dias 17 e 19 de março. Duas foram exclusivas para alunos da rede municipal de ensino, da área urbana e rural. Já a terceira incluiu escolas particulares, estaduais e a APAE. Ao todo, foram mais de 1,2 mil espectadores, entre crianças, professores e diretores.
A logística para viabilizar a participação das crianças foi organizada pela Secretaria de Educação. O evento também contou com o apoio da Secretaria de Cultura e da Secretaria de Esportes, que cedeu o espaço para as apresentações.
Para além do espetáculo, a iniciativa representou um esforço coletivo para tornar a cultura mais acessível aos estudantes do município.
“Em uma cidade como Passa Quatro, os desafios para garantir o acesso à cultura dentro das escolas podem incluir a falta de recursos financeiros e materiais, a escassez de programação cultural acessível e a dificuldade em envolver a comunidade local nas atividades escolares. Além disso, pode haver desafios relacionados à infraestrutura das escolas, que podem não contar com espaços adequados para atividades culturais”, explica Fabrício Cartier Leite, secretário de Cultura, Turismo e Desenvolvimento Econômico de Passa Quatro.
Ainda assim, conforme o secretário, a cidade mantém uma relação próxima com a arte circense. Pelo menos uma vez ao ano, Passa Quatro recebe uma companhia de pequeno porte, o que ajuda a formar um público fiel às apresentações.
“O circo desempenha um papel significativo na preservação e difusão da cultura popular em Passa Quatro, pois tradicionalmente está ligado à diversão, ao entretenimento e à arte popular. Ele pode servir como um espaço de encontro e interação social, transmitindo histórias, valores e tradições locais. Através de apresentações e oficinas, o circo pode ajudar a manter vivas as expressões culturais, além de incentivar a criatividade e a apreciação artística entre os habitantes da cidade”, comentou.
Dia do Circo foi comemorado com espetáculos gratuitos em Passa Quatro (MG)
Paulo Fontes
Nova geração de artistas
Entre tantas atrações, o projeto trouxe também inspiração para novos artistas. Depois das apresentações, algumas crianças ficaram tão encantadas que passaram a frequentar a escola de circo da companhia.
“Aqui é uma cidade pequena, mais da metade das pessoas vivem na zona rural. Então muitas dessas crianças nunca tinham visto um espetáculo de circo. Elas saíram encantadas. Algumas já nos procuraram e estão frequentando as aulas de circo na nossa escola”, contou Kenzo Nii, que atua como diretor, palhaço e acrobata.
Para Kenzo, não há recompensa maior do que inspirar novos artistas e despertar essa paixão pelo circo.
“O que queremos quando apresentamos um espetáculo é que todos levem a magia do circo com eles. Mas quando uma criança, um adolescente, decide que quer aprender a ser artista como nós, isso não tem preço. Inspirar jovens a serem artistas como nós é o maior prêmio que podemos ganhar ao final de um espetáculo”, comentou.
Público infantil se encanta com espetáculo de circo em Passa Quatro (MG)
Paulo Fontes
O palhaço destaca também que a interação com o público é uma das partes mais gratificantes do espetáculo.
“As esquetes que faço nesse show são muito interativas. Então, quando em cena, percebo que o público está querendo participar, isso me deixa muito motivado e contente. E foi assim nesses três shows. As crianças levantavam a mão e gritavam: “Escolhe eu!”. Isso faz valer todo o esforço do nosso trabalho”, relembrou.
Já a idealizadora Juliana Caseca ressalta ainda que o circo desperta o espírito aventureiro, lúdico e sonhador que existe dentro de cada um.
“Porque o circo ele é isso, né? A superação do corpo humano, são as brincadeiras, sempre com a proposta de levar a nossa alma, nosso espírito para um lugar de ludicidade mesmo, de brincar, de estar presente e de aproveitar o que está acontecendo ali naquele momento”, afirma a diretora.
Expansão do projeto
Agora, com as contrapartidas do edital cumpridas, o espetáculo se prepara para circular por cidades da região. O primeiro evento será em abril, em um bairro rural de Itamonte, e outras apresentações são negociadas com municípios localizados no Sul de Minas.
“Queremos, sim, estar cada vez mais presentes nas cidades vizinhas. Queremos não só levar a magia do circo para quem nos assiste. Queremos fomentar a cultura circense. Queremos multiplicar a cultura circense na região”, afirmou Kenzo Nii.
‘Circo para Todos’ leva arte circense a alunos de escolas e instituições de Passa Quatro (MG)
Paulo Fontes
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