Uma onça-parda, também conhecida como puma concolor, morreu após ser atropelada na SC-415, em Massaranduba, no Norte catarinense. O acidente aconteceu na noite de domingo (23), mas apenas na manhã desta segunda-feira (24) o animal foi encontrado já sem vida.

Onça-parda morre ao atravessar SC-415 e ser atingida por carro em Massaranduba – Foto: Reprodução/Internet/ND

Em um vídeo que circula na internet, um dos ocupantes do veículo diz que a colisão aconteceu enquanto sua equipe – que atua em um cemitério da região – voltava de um treinamento, na rodovia que liga Massaranduba a Barra Velha.

“Nos deparamos com um animal na pista […] E ontem a gente não encontrou o animal, mas olha o que nós achamos hoje”, diz um homem, mostrando o animal morto na ribanceira da rodovia.

Nas imagens, ainda é possível perceber que o carro teve parte da sua frente direita destruída com o impacto. O homem ainda conta que o animal saiu de uma plantação de banana antes do acidente acontecer.

Veja registro do acidente e morte da onça-parda em Massaranduba

Colisão aconteceu na noite de domingo (23) – Vídeo: Reprodução/Internet/ND

A Defesa Civil de Massaranduba foi acionada para retirar o animal do local, pois diversas pessoas estavam parando na rodovia para tirar fotos da onça morta.

De acordo com o biólogo Christian Lempek, da Fujama (Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente), o corpo da puma concolor será encaminhado para a Furb (Universidade Regional de Blumenau), onde será realizado o processo de taxidermia para possibilitar estudos científicos.

Onça-parda na lista de animais vulneráveis

A espécie é protegida pelo Cenap (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros), com o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Grandes Felinos, que tem como objetivo reduzir a vulnerabilidade da onça-parda no Brasil.

Em 2012, foi iniciado o plano de Ação Nacional para a Conservação da Onça-Parda. O plano tinha o objetivo de ampliar a proteção dos habitats adequados, o conhecimento aplicado à conservação dos ecossistemas e espécies e de reduzir conflitos com os humanos, especialmente nos biomas Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal e Caatinga.

Ele foi encerrado em 2016, com 31% de suas ações concluídas e outras 20% ainda em execução. Com o término desse plano, a espécie Puma concolor foi integrada ao Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Grandes Felinos (PAN Grandes Felinos), coordenado pelo CENAP, em 2018.

Atualmente, a onça-parda é classificada pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) como uma espécie “Menos preocupante” e pelo ICMBio-MMA como “Vulnerável”.

Características da espécie

A onça-parda, também conhecida como puma ou leão-baio, é um grande felino de comportamento solitário e habilidades impressionantes. Apesar do porte robusto, é mais próxima, do ponto de vista evolutivo, do jaguarundi, um pequeno felino de comprimento variável, entre 1,5 a 2,75 metros, e peso entre 22 e 70 quilos.

A coloração do pelo vai de marrom-acinzentado à marrom-avermelhado, com manchas mais claras na barriga. Os filhotes nascem com pelagem clara e manchas escuras que desaparecem ao longo do primeiro ano de vida. Embora haja relatos de onças-pardas pretas, não há registros confirmados de melanismo na espécie.

Diferente de felinos como a onça-pintada, a onça-parda não emite rugidos, mas miados, e suas patas traseiras são proporcionalmente maiores, garantindo saltos impressionantes, alta velocidade em curtas distâncias e habilidade para escalar árvores com facilidade.

Presente em todos os biomas brasileiros, a onça-parda é encontrada em florestas, na caatinga, campos e até áreas agrícolas. Seu território pode ultrapassar 160 km² em regiões fragmentadas, que são aquelas áreas onde o habitat natural foi dividido em porções menores e isoladas, geralmente devido a atividades humanas.

Predominantemente noturna, pode ser avistada ao entardecer ou em outras horas do dia. A gestação dura de 82 a 98 dias, podendo chegar em até seis filhotes por ninhada.

Ágil, adaptável e essencial para o equilíbrio ecológico, a onça-parda é um símbolo da diversidade e resistência da fauna brasileira.