Defasada e com superlotação, penitenciária de Florianópolis custou R$ 15 milhões em 2024

O governo de Santa Catarina gastou, durante o ano de 2024, R$ 297.813.388,92 com a manutenção do sistema prisional. A Penitenciária de Florianópolis demandou maior investimento, tendo custado R$ 15.780.665,02 aos cofres públicos. Os dados fazem parte do painel Custo do Preso da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), vinculada ao MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública).

Penitenciária de Florianópolis

Penitenciária de Florianópolis está localizado no bairro Agronômica, na área central da capital – Foto: Germano Rorato/ND

O levantamento é realizado com base em informações repassadas pelos estados ao ministério da Justiça, conforme determina a resolução número seis do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.

Santa Catarina está entre os que mais investem em detentos

Conforme o levantamento da Senappen, Santa Catarina figura na parte de baixo da tabela quando o assunto é investimento no sistema prisional. Entre os 26 estados e o Distrito Federal, o estado catarinense possui o 21º menor montante gasto em 2024, com R$ 297.813.388,92 direcionados ao setor.

São Paulo é o estado com maior investimento total no sistema prisional, com verba de R$ 5.276.450.226,08. Os estados de Minas Gerais (R$ 3.174.214.673,89), Paraná (R$ 1.624.827.503,03), Rio Grande do Sul (R$ 1.179.024.245,31) e Rio de Janeiro (R$ 950.394.085,08) completam o ranking dos cinco primeiros.

Em contrapartida, Santa Catarina está entre as cinco unidades da federação que mais investiram na população carcerária, tendo desprendido de R$ 3.393,69 para cada detento ao longo de 2024. O estado é referência nacional nos indicadores de ressocialização. O custo médio de cada detento é calculado com base no investimento mensal, dividido pela população carcerária daquele mês.

População carcerária em ressocialização

Segundo o governo do estado, 33% da população carcerária de Santa Catarina trabalha. A média nacional é 19% – Foto: Eduardo Valente/Secom/ND

Dos 8.221 presos de Santa Catarina, 33% deles possui algum tipo de atividade laboral, segundo a Senappen. A proporção supera a média nacional, que é de 19%. As atividades laborais têm como objetivos a reabilitação e ressocialização do detento, como forma de prevenir a reincidência criminal.

Confira o ranking:

  • Bahia: R$ 4.367,55
  • Amazonas: R$ 4.199,99
  • Tocantins: R$ 4.088,05
  • Minas Gerais: R$ 3.651,32
  • Santa Catarina: R$ 3.393,69
  • Ceará: R$ 3.382,80
  • Amapá: R$ 3.367,71
  • Maranhão: R$ 3.009,59
  • Piauí: R$ 2.922,60
  • Rondônia: R$ 2.838,14
  • Distrito Federal: R$ 2.785,83
  • Sergipe: R$ 2.706,70
  • Acre: R$ 2.609,71
  • Pará: R$ 2.355,71
  • Goiás: R$ 2.227,14
  • Rio Grande do Sul: R$ 2.189,41
  • São Paulo: R$ 2.185,18
  • Alagoas: R$ 2.165,29
  • Roraima: R$ 2.101,69
  • Mato Grosso do Sul: R$ 2.050,76
  • Rio Grande do Norte: R$ 2.037,47
  • Paraíba: R$ 1.957,88
  • Rio de Janeiro: R$ 1.792,26
  • Paraná: R$ 1.493,90
  • Pernambuco: R$ 1.387,45
  • Espírito Santo: R$ 1.105,14

Penitenciária de Florianópolis demandou R$ 15 milhões do estado em 2024

O executivo gastou, ao longo de 2024, R$ 233.974.558,46 com despesas de pessoal no sistema prisional, valores que incluem salários do órgão e de outros órgãos de administração prisional, prestadores de serviço, material de expediente e estágio de estudantes.

Além disso, foram utilizados R$ 63.833.830,46 com outras despesas, como água, luz, aluguéis, alimentação, aquisição de bens e utensílios, e manutenções diversas. Segundo os dados da Senappen, a população carcerária da Penitenciária de Florianópolis foi a maior de 2024, com 4.650 detentos.

Penitenciária de Florianópolis

Penitenciária de Florianópolis custou quase R$ 16 milhões ao governo estadual em 2024 – Foto: Daniel Queiroz/Arquivo/ND

A Penitenciária de Florianópolis recebeu a maior parte dos recursos direcionados às casas prisionais. Foram R$ 15.780.665,02 investidos na unidade. A Penitenciária de Itajaí recebeu R$ 14.589.479,33, a segunda mais cara para o governo do estado.

Confira o ranking com os dez principais investimentos:

  • Penitenciária de Florianópolis: R$ 15.780.665,02
  • Penitenciária Masculina de Itajaí: R$ 14.589.479,33
  • Presídio Regional de Joinville: R$ 13.870.016,76
  • Penitenciária de São Pedro de Alcântara: R$ 13.184.491,09
  • Penitenciária Industrial de Blumenau: R$ 10.910.717,86
  • Penitenciária Industrial de São Cristóvão do Sul: R$ 10.646.009,93
  • Penitenciária da Região de Curitibanos: R$ 10.554.380,26
  • Penitenciária Industrial de Joinville: R$ 9.784.012,31
  • Penitenciária Masculina de Criciúma: R$ 9.512.517,00
  • Penitenciária Industrial de Chapecó: R$ 9.159.573,03

Processo de desativação

O complexo prisional da Agronômica, na região central da capital catarinense, está em processo de desativação. A expectativa é de que os presos que lá estão sejam transferidos para outras unidades prisionais e que o espaço, de 173 mil metros quadrados, seja devolvido à população.

A estrutura foi erguida entre as décadas de 1920 e 1930, e sofre com frequentes fugas de detentos. Em 2024, três presos fugiram pelo telhado da Penitenciária de Florianópolis, sendo recapturados dias depois. No início de 2025, outro detento conseguiu escapar e se refugiar no manguezal do bairro Itacorubi. Ele foi localizado três dias depois.

A população de Santa Catarina foi questionada sobre os atrativos que devem constar na Cidade da Cultura, como será chamada a área público-privada. Uma enquete, realizada pelo ND Mais, em março de 2025, mostrou que a população deseja ter um espaço para lazer, mas sem deixar opções de turismo e esporte de lado. Veja os resultados:

  • Áreas de lazer e contato com a natureza (43%)
  • Quadras poliesportivas, pista de skate, e pista de caminhada e corrida (26%)
  • Bares, restaurantes e áreas de convivência (18%)
  • Espaço para shows, aulas de danças e palestras (13%).

Contraponto

A equipe do ND Mais em contato com a Sejuri (Secretaria de Estado de Justiça e Reintegração Social) para uma manifestação acerca dos dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

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