
No mercado desde 1926, a tradicional empresa de Blumenau se tornou referência no setor têxtil, como uma das maiores fabricantes de artigos de cama, mesa e banho da América Latina. Em 2012, a empresa entrou em recuperação judicial, que culminou no decreto de falência da Teka em 27 de fevereiro.

Falência da Teka: 6 perguntas e respostas sobre o declínio da gigante têxtil de SC – Foto: Divulgação/Teka/ND
Recentemente, o fundo de investimento Alumni FP apresentou um recurso para o TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina), que suspendeu a falência continuada da empresa. O grupo alegou que a Teka ainda é viável, e que a dívida pode ser regularizada.
De acordo com o porta-voz da Alumni, Eduardo Scarpellini, diferente do que foi divulgado pela administração judicial da Teka, a empresa acumula uma dívida inferior aos R$ 4 bilhões citados, sendo o valor real R$ 985 milhões.
O grupo de acionistas, que detém cerca de 25% das ações da empresa, requereu um novo levantamento sobre o total da dívida da empresa, para comprovar a atual situação financeira da companhia.
Conforme o TJSC, uma auditoria será realizada para comprovar se há inviabilidade econômica. Caso seja confirmada, a falência da Teka ainda pode ser decretada no futuro.
Confira 6 perguntas e respostas sobre o declínio da gigante têxtil de SC
Quando iniciaram os problemas financeiros da Teka
Antes de entrar com o pedido de recuperação judicial em 2012, a empresa já acumulava mais de R$ 1 bilhão em prejuízos e possuía um patrimônio líquido negativo de R$ 870,5 milhões.
Qual o valor total da dívida da Teka
Em maio de 2024, o balanço patrimonial da empresa registrava R$ 1,8 bilhão em obrigações fiscais e tributárias. Contudo, uma manifestação da Teka mencionou um total de R$ 4.067.853.574,52 em dívidas, sendo destes R$ 2,5 bilhões de dívidas tributárias e mais de R$ 300 milhões em dívidas trabalhistas.
Tais valores foram questionados pelo grupo de acionistas da Alumni, que solicitou uma auditoria para chegar ao real valor da dívida.
Por que a Teka entrou em recuperação judicial
A empresa de Blumenau entrou em recuperação judicial em 26 de outubro de 2012, devido à situação patrimonial em que se encontrava, com prejuízos acumulados e patrimônio líquido negativo.
O plano inicial de recuperação judicial previa, entre outras coisas, a emissão de debêntures (títulos de dívida emitidos por empresas) para captar recursos para o pagamento dos credores. Contudo, a emissão destes não foi concluída.
Principais obstáculos enfrentados pela empresa
Durante o processo de recuperação judicial, a empresa têxtil enfrentou alguns obstáculos:
- Piora da situação financeira, com mais acúmulo de dívidas;
- Possíveis inconsistências nas informações financeiras apresentadas;
- Dificuldades na gestão e administração da empresa;
- Questionamentos sobre a competência e imparcialidade da administradora judicial e de seus assessores contábeis.
Por que a recuperação judicial foi convertida em pedido de falência da Teka
A recuperação judicial foi convertida em pedido de falência da Teka com base, principalmente, no artigo 73 da Lei nº 11.101/2005, que prevê a convolação em falência quando há descumprimento do plano de recuperação judicial.

Falência continuada da Teka foi decretada em 27 de fevereiro e revertida menos de um mês depois – Foto: Paôla Dahlke/NDTV Record
A atual administradora judicial alegou um “cenário de inviabilidade da superação da crise econômico-financeira”. Contudo, a decisão foi contestada pela Alumni, que argumentou que a decisão foi precipitada e baseada em números equivocados sobre o endividamento da empresa, extraídos de um simples petitório e sem a devida auditoria.
A Alumni também apontou que os relatórios mensais de atividades anteriores ao pedido de falência da Teka indicavam uma melhora nos resultados da empresa.
Como funciona a auditoria independente
A auditoria independente irá apurar a real situação econômico-financeira da Teka, diante de divergências nos dados apresentados para decretar a falência continuada da empresa.
A auditoria irá definir se há condições de reformular o plano de recuperação judicial, além de fornecer subsídios necessários sobre a viabilidade da empresa.