Dia Mundial da Água: produtor rural de 90 anos plantou mais de 100 mil árvores para preservar nascente no interior de SP


Citricultor Waldomiro Ivers trabalhou de 1988 e 2005 no cultivo das espécies no sítio de Limeira (SP). O objetivo dele sempre foi claro, o de preservar a fonte de água, como aprendeu com a mãe. Citricultor aposentado planta mata ciliar para recuperar fonte de água em Limeira
O produtor rural Waldomiro Ivers tem dedicado ao menos metade de seus 90 anos de vida à proteção de uma nascente na zona rural de Limeira (SP). No caminho para a nascente no sítio Laranja Azeda, o citricultor trabalhou de 1988 e 2005 e plantou mais de 100 mil árvores. O objetivo do cultivo da mata ciliar, segundo ele, sempre foi claro, o de preservar a fonte de água.
💧Dia Mundial da Água
Neste sábado, 22 de março, é comemorado o Dia Mundial da Água, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para gerar conscientização. Esse ensinamento sobre a preservação das espécies nativas, como faz questão de lembrar, Waldomiro aprendeu com a mãe. O que ela plantou, o produtor replicou.
🌱Em sua rotina, Waldomiro colhia sementes e semeava na areia. A cada ano, ele plantava cerca de 10 mil árvores de espécies como jequitibá e guapuruvu, que estão grandes hoje em dia, como percebido pela equipe da EPTV, afiliada da TV Globo, durante visita ao espaço.
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Dia Mundial da Água: produtor rural de 90 anos plantou mais de 100 mil árvores para preservar nascente no interior de SP
Reprodução/EPTV
Gruta e proteção
Em 1930, era comum utilizar um tipo de pedra chamada tapicanga na construção de estradas rurais. Na época, o avô de Waldomiro colocou algumas pedras ao redor da nascente, formando uma espécie de gruta, mantida pelo produtor como lembrança e símbolo de proteção da nascente.
De acordo com Waldomiro, o plantio das árvores, ao longo dos anos, reuniu familiares, amigos e autoridades, num processo registrado em um álbum de fotos e um diário de visitas, todo escrito em caneta verde, cor que remete ao meio ambiente.
“Eu poderia com essas 150 mil mudas que eu plantei ter comprado um Cadilac, mas eu não as vendi”, compara com bom humor.
Waldomiro Ivers tem dedicado ao menos metade de seus 90 anos à proteção de uma nascente, local importante para a preservação de recursos hídricos.
Reprodução/EPTV
Prêmios
🧑‍🌾A atuação na área ambiental fez com que Waldomiro ganhasse reconhecimento no município e prêmios. A nascente preservada, que se tornou modelo, desagua no Ribeirão Pinhal, principal fonte de abastecimento de Limeira.
“Plantar árvores, principalmente nativas, é bem importante porque você vai garantir um solo de qualidade, você vai ter um solo recuperado ali, com lugar para a água entrar no subsolo, para proteger, não ter erosão, não ter assoreamento dos rios”, diz Laís Assis, bióloga da Mata Santa Genebra.
Dia Mundial da Água: produtor rural de 90 anos plantou mais de 100 mil árvores para preservar nascente no interior de SP
Reprodução/EPTV
Importância de árvores para as nascentes
Ações de plantio, como a realizada pelo produtor, de acordo com Henrique Ferraz de Campos, coordenador técnico do projeto ambiental “Corredor Caipira: Conectando Paisagens e Pessoas”, são fundamentais para garantir a preservação de nascentes.
“É comum pessoas com mais de 30 anos, que conheciam uma nascente desde criança, se depararem com o fato de que essa nascente tem menos água hoje ou até mesmo tenha secado totalmente. Esse problema é solucionado quando plantamos florestas em torno dessas nascentes, quando restauramos. Isso faz com que as nascentes voltem a ter mais água”, afirma Campos.
Nascente Modelo foi preservada a partir do cuidado com o reflorestamento em Limeira
Reprodução/EPTV
Uma área rica em vegetação permite ao solo absorver melhor a chuva. O papel é realizado pelas raízes das árvores. A água desce até uma determinada camada e encontra saída na nascente.
“Quando a chuva cai num solo exposto, degradado e compactado, essa água escorre rapidamente para os rios junto com terra e, infelizmente, junto com tudo que tem pela frente”, diz Henrique Ferraz de Campos.
Com a existência de solos florestais, que absorvem mais água, de acordo com o especialista, há uma menor probabilidade de, em períodos de chuva, acontecerem inundações e catástrofes.
“As florestas contribuem com a minimização de problemas gerados pelas mudanças climáticas e relacionados à questão hídrica. Para isso, claro, é necessário plantar mais, ter florestas, de uma forma geral, mais presentes no nosso território”, diz o coordenador do “Corredor Caipira”.
Dia Mundial da Água: produtor rural de 90 anos plantou mais de 100 mil árvores para preservar nascente no interior de SP
Reprodução/EPTV
Floresta e água: relação direta
A preservação de espécies arbóreas ganha ainda relevância frente ao clima seco, à estiagem severa e às sucessivas ondas de calor enfrentadas no interior paulista – e com os eventos extremos cada vez mais comuns em todo o planeta.
Mudanças climáticas
O engenheiro florestal e membro do Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental (Nace-Pteca) da USP em Piracicaba (SP), Girlei Cunha, lembra que o clima seco e quente, que tem como uma das consequências a intensificação das queimadas, é resultado das mudanças climáticas enfrentadas pelo planeta.
“As árvores e a vegetação são aliadas nesse momento de mudanças climáticas que vivemos”, afirma Cunha.
Cunha afirma que as queimadas são uma questão complexa e que, uma das formas de mitigar os resultados das mudanças climáticas e do aquecimento global, é realizar ações de reflorestamento.
“A questão da arborização urbana e do plantio de florestas visa, entre outras coisas, diminuir o nível de CO² na atmosfera e também reduzir o aquecimento global, que é um dos causadores dessas ondas de calor que nós estamos enfrentando”, diz
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