
Imóveis ficam no trecho entre as ruas Mateus Grou e Estela Sezefreda. O plano é demolir o quadrilátero inteiro, com 52 casas, incluindo as da rua Pascoal Del Gaizo e da rua Virgílio de Carvalho Pinto. Moradores de Pinheiros fazem protesto contra demolição de casas por construtora em quadra histórica do bairro
Moradores de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, fizeram um protesto na manhã deste sábado (22) contra a demolição de casas antigas com a autorização da prefeitura no bairro.
As casas fazem parte de um quadrilátero formado por imóveis com valor histórico e arquitetônico para a região.
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Os imóveis ficam no trecho entre as ruas Mateus Grou e Estela Sezefreda. No local estão fixados os números das autorizações de demolição nos tapumes, em meio a entulhos que até pouco tempo atrás eram casas com história no bairro.
A data de autorização, 25 de fevereiro. menos de um mês depois, os imóveis que estavam ali foram demolidos pela construtora, que pretende erguer um empreendimento no local.
Local onde as casas estão sendo demolidas em Pinheiros, Zona Oeste.
Reprodução/TV Globo
No total, o plano é por abaixo esse quadrilátero inteiro, com 52 casas, incluindo as da rua Pascoal Del Gaizo e da rua Virgílio de Carvalho Pinto.
Os moradores do bairro dizem que tudo foi feito antes de estudos sobre o tombamento das casas serem finalizados pelos órgãos de preservação da cidade.
“O Conpresp decidiu que as casas residenciais, excluiu os comércios também. Como é que você aprova um estudo de tombamento de casaria de volumetria e você libera o prédio de 30 andares no meio do casario no coração do bairro… Não faz sentido”, disse a fundadora do grupo de moradores Pró-Pinheiros, Bianca Brancatelli.
Em 2014, o novo Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo definiu como e para onde a cidade deveria crescer até 2030. Uma das diretrizes aprovadas pelo PDE foi a de adensar as regiões próximas de transporte público.
Ou seja, a ideia da Prefeitura de São Paulo é aumentar a população que mora perto de linhas de trem, metro e corredores de ônibus para facilitar o deslocamento casa-trabalho.
Moradores de Pinheiros, na Zona Oeste, fazem ato contra demolição de casas em quadra histórica do bairro.
Anselmo Caparica/TV Globo
De lá pra cá, o bairro de Pinheiros passou para o topo no ranking de demolições da cidade.
Em dezembro, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da capital (Conpresp), a pedido de uma construtora, arquivou o pedido de tombamento desses imóveis, de outros prédios baixos e de casas geminadas em pinheiros. a maioria construída nas décadas de 1950 e 1960.
O grupo de moradores Pró-Pinheiros tenta reverter a decisão.
“A gente precisa de uma cidade diversificada não sou prédios não, só de paliteiro, a gente tem muitos prédios e muitos apartamentos vazios, não é não tem falta de moradia para classe que eles estão vendendo a falta de moradia é para classe baixa é para classe podre que precisa de moradia”, disse Brancateli.
Moradores de Pinheiros, na Zona Oeste, fazem ato contra demolição de casas em quadra histórica do bairro.
Anselmo Caparica/TV Globo
Moradores de Pinheiros, na Zona Oeste, fazem ato contra demolição de casas em quadra histórica do bairro.
Anselmo Caparica/TV Globo
Palavra dos especialistas
O urbanista Kazuo Nakano vê com preocupação a forma como a prefeitura lida com os moradores e as construtoras da cidade.
“Esse conflito entre valor de troca e valor de uso dos imóveis e dos espaços urbanos numa cidade é um conflito clássico e é o que marca é fundamentalmente a luta pelo direito à cidade. Então é aqueles que querem exercer o direito à cidade”, disse.
“Agora, o que que falta, né? Diante disso, diante desse conflito permanente que existe numa cidade capitalista como é São Paulo, é instâncias de mediação, instâncias de é avaliação de impactos desses empreendimentos, instâncias de negociação, né? Instâncias de diálogo”, explicou.
E emendou: “Uma solução é de um encaminhamento para esse conflito e quem tem o papel de realizar essa mediação é o poder público. Ele tem um estudo e o relatório de impacto de vizinhança, que é de 1992 e está muito, muito defasado, porque ele se limita somente a impactos ambientais e agente está falando aqui de impactos de vizinhança, que inclui impactos na ambiência, né? Do bairro impacto socioeconômico, impactos na infraestrutura, no sistema viário, no próprio parque edificado, né, das edificações. Esse esse estudo e relatório de impacto de vizinhança é um instrumento que deve ser bem elaborado”.
O que diz a Prefeitura de SP
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (Smul) disse que segue a lei urbanística da cidade, especialmente, a legislação do zoneamento e o código de obras e edificações do plano diretor.
Já a Subprefeitura de Pinheiros informou que fiscaliza as obras em execução na região do quadrilátero vilas do sol para garantir que sejam executadas dentro das normas e diretrizes estabelecidas.
O órgão também disse que, se que os moradores identificarem irregularidades, as medidas cabíveis serão tomadas.