Seca histórica no Brasil fez sumir área de água igual 560 mil campos de futebol

A seca histórica que atinge o Brasil resultou na perda de 400 mil hectares de superfície de água em 2024, uma área equivalente a 3,2 milhões de piscinas olímpicas. Os dados foram divulgados pelo MapBiomas Água nesta sexta-feira (21).

Seca no Brasil resultou na perda de área equivalente a 3,2 milhões de piscinas olímpicas. Na imagem, um território seco e com rachaduras

Seca no Brasil resultou na perda de área equivalente a 3,2 milhões de piscinas olímpicas – Foto: Julio Cavalheiro/Secom/Divulgação/ND

O território do país coberto por corpos hídricos e reservatórios ficou em 17,9 milhões de hectares, uma diminuição de 2% em relação ao ano anterior. Há uma acentuação na diminuição dessa área na última década, quando foram registrados oito dos anos mais secos da série histórica iniciada em 1985.

“Esses dados servem como um alerta sobre a necessidade de estratégias adaptativas de gestão hídrica e políticas públicas que revertam essa tendência”, afirma Juliano Schirmbeck, pesquisador do MapBiomas Água.

Seca no Brasil: os impactos sobre os biomas

Pantanal

O Pantanal registrou, em 2024, 366 mil hectares de superfície de água, representando apenas 2% do total no país. O bioma teve uma redução de 4,1% em relação ao ano anterior, e foi o mais afetado pela redução desde 1985, com uma perda de 61% da extensão ao longo desses anos.

Amazônia

A seca extrema vivida na Amazônia em 2024 também impactou as superfícies de água no bioma, promovendo uma redução de 1,1 milhão de hectares em relação a 2023 e de 4,5 milhões de hectares em relação a 2022.

Seca extrema na Amazônia resultou na diminuição de 1,1 milhões de hectares – Foto: Ricardo Stuckert /Secom/PR/ND

No ano passado, quase dois terços (63%) das 47 sub-bacias hidrográficas registraram perda de superfície de água em relação à média histórica. Sub-bacias do Rio Negro já perderam mais de 50 mil hectares na média histórica.

Pampa

Em relação a 2023, o bioma Pampa permaneceu praticamente estável, com um ganho de cerca de 100 mil hectares de área coberta por água, ficando ainda 0,3% abaixo de sua média histórica.

Caatinga

A Caatinga terminou o ano com seis mil hectares a mais que em 2023 e a maior área coberta por água nos últimos 10 anos. Segundo o pesquisador Diêgo Costa, da equipe Caatinga do MapBiomas, esse resultado indica a consolidação de um ciclo de cheias para o bioma iniciado em 2018, mas é preciso ficar alerta.

“Apesar desse cenário favorável, persistem áreas com secas recorrentes, especialmente ao longo da bacia do São Francisco e na região do Seridó Nordestino — territórios particularmente vulneráveis à desertificação”, ressalta.

Cerrado

Um fenômeno foi observado no bioma Cerrado, que passou por uma substituição de corpos hídricos naturais, como rios e lagos, por superfícies de água artificiais como represas e reservatórios. Ao longo dos 40 anos da série histórica, as regiões onde o bioma ocorre tiveram as superfícies de água naturais reduzidas de 62% para 40% em 2024.

Seca no Brasil: Cerrado passou por substituição de corpos hídricos naturais por superfícies artificiais – Foto: Thomas Bauer/ SOS Mata Atlântica/ND

Já as superfícies artificiais subiram de 37% para 60% no ano passado. Com isso, as áreas ocupadas por água no bioma permaneceram inalteradas no último ano.

De forma geral, no Brasil, houve um crescimento histórico de superfície de água artificial, com um acréscimo de 1,5 milhão de hectares ao longo da série histórica. Entre os biomas que mais concentram reservatórios e represas estão a Mata Atlântica (33%) e Cerrado (24%).

Embora ainda respondam por 77% da área coberta por água no país, os corpos de água naturais foram reduzidos em 15% nesses 40 anos.

*Com informações da Agência Brasil

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