Projeto criado em Sorocaba por pais de filha com síndrome de Down já atendeu mais de 3 mil famílias pelo Brasil


Atividades do Felicidade Down T21 acolhem e apoiam pais e mães que buscam um espaço para o desenvolvimento dos filhos e ajudam na inserção no mercado de trabalho. Grupo de assisitidos do projeto Felicidade Down T21
Tomás André dos Santos/Arquivo pessoal
Há quase duas décadas, um casal de Sorocaba (SP) deu início a um projeto de inclusão para pessoas com síndrome de Down, também conhecida como trissomia do cromossomo 21. A ideia, segundo eles, surgiu por meio do amor, que transformou a própria experiência deles em esperança e oportunidade para outras famílias.
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“Temos uma filha T21, a Bruna Teresa dos Santos, que este ano completa 43 anos de idade”, conta Tomás André dos Santos, de 69 anos, orgulhoso.
A trajetória da filha foi o ponto de partida para que ele e a mulher, Célia Regina dos Santos, de 67, criassem, em 2006, um espaço de convivência e acolhimento para dar voz a outras famílias que não sabiam como lidar com a situação: o Felicidade Down T21.
Com base na experiência vivida com a filha, Tomás e Célia buscaram meios de como transmitir aquilo que aprenderam no dia a dia. “O Felicidade Down T21 nasceu por conta do nosso interesse em promover a socialização para ela. E, sim, nosso projeto ajuda outras famílias também”, destaca Tomás.
Bruna Teresa dos Santos, filha do casal idealizador do projeto
Tomás André dos Santos/Arquivo pessoal
Desde então, os encontros e atividades do Felicidade Down T21 passaram a acolher e apoiar pais e mães que buscam como desenvolver os seus filhos.
“Nosso foco é o desenvolvimento humano, emocional e social dessas pessoas. Temos várias ações e apoiamos, com informações, famílias de todo o Brasil. Já somos aproximadamente 3 mil famílias”, calcula.
Além da ajuda por meio da internet, o grupo mantém encontros presenciais. “Temos um grupo de convivência semanal de Sorocaba e região, com cerca de 40 famílias. O grupo se reúne há 16 anos, todas as sextas-feiras à noite, com o apoio do Centro Familiar de Solidariedade (Cefas), que nos cede o espaço”, conta.
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Os pais contam com orgulho que o projeto superou as fronteiras de acolhimento e se tornou algo que vai além da socialização. Conforme eles, há 20 anos, a iniciativa também capacita os atendidos para uma oportunidade no mercado de trabalho, mantendo apoio com algumas empresas da cidade.
“Há mais de 20 anos, colocamos os nossos atendidos para trabalhar em Sorocaba. Já colocamos mais de 50 no mercado de trabalho. Em um projeto recente com uma rede de farmácias, já empregamos sete deles”, comenta.
As ações do projeto também envolvem eventos anuais, como o tradicional Calendário Felicidade Down T21, que reúne mais de 80 famílias, e a Balada Down, que é realizada de três a quatro vezes por ano e tem a participação de 100 pessoas com síndrome de Down. “Além disso, há 19 anos fazemos os eventos do Dia Internacional da Síndrome de Down em Sorocaba”, lista.
Projeto Felicidade Down T21 já atendeu mais de 3 mil famílias por todo o Brasil
Tomás André dos Santos/Arquivo pessoal
T21
O casal também se preocupa com a maneira como a sociedade se refere às pessoas com síndrome de Down e faz questão de explicar o nome T21. É como a filha e outros atendidos pelo projeto devem ser nomeados.
“O termo T21 é por conta da característica genética própria deles: eles têm um cromossomo a mais no par 21, ou seja, trissomia do cromossomo 21”, detalha.
“Quando minha filha nasceu, usava-se o termo mongolismo. Depois, passou para portador de síndrome de Down. Mais recentemente, usava-se só Down, que é o sobrenome do descobridor da síndrome. Atualmente, se está usando T21, porque a palavra Down remete ao termo ‘para baixo’ em inglês”, esclarece.
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Por isso o Dia Internacional da Síndrome de Down é comemorado em 21/03: “21 do par 20 e um, e três da trissomia”, explica. A data tem como objetivo conscientizar a sociedade sobre a importância da inclusão e do respeito às pessoas com a síndrome.
“Nos eventos de março deste ano, teremos quatro atividades. Nossa agenda é sempre corrida. Vamos apresentar nossa dança em um instituto e, à noite, teremos um evento especial do Dia Internacional da Síndrome de Down na nossa convivência semanal”, detalha.
Ao lado da esposa, ele reforça que tudo começou com o desejo de oferecer um futuro melhor para a filha, mas hoje o projeto se tornou um caminho de inclusão e respeito às outras famílias. “Somos pais, antes de tudo. E o que fazemos é porque acreditamos no potencial e no valor de cada pessoa com T21.”
*Colaborou sob supervisão de Eric Mantuan
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