
Quatorze famílias estão instaladas em duas escolas do município. Prefeito Zequinha Lima assinou decreto na noite dessa terça-feira (18). Cheia do Rio Juruá já afeta diretamente 3 mil famílias em Cruzeiro do Sul
Arquivo/Prefeitura de Cruzeiro do Sul
O número de famílias em abrigos montados pela Prefeitura de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, subiu para 17 de acordo com a última atualização divulgada pela Defesa Civil do município. O avanço da enchente fez a prefeitura decretar situação de emergência na noite dessa terça-feira (18).
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O decreto foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) nesta quarta (19). A normativa é válida por 180 dias. O nível do rio chegou a 13,73 metros nesta quinta-feira (20), 73 centímetros acima da cota de transbordo., e segue em elevação.
Conforme a prefeitura, há 3 mil famílias, totalizando 12 mil pessoas, afetadas pela enchente em pelo menos 25 bairros e comunidades. A Defesa Civil Municipal começou a retirar os moradores nessa terça-feira (18).
Três famílias dos bairros da Lagoa e Olivença foram as primeiras a saírem de casa. Elas foram levadas para a escola Corazita Negreiros.
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Defesa Civil retira 11 famílias indígenas de bairro atingido por cheia em Cruzeiro do Sul
Já nesta quarta, as equipes de resgate retiraram uma comunidade indígenas de 11 famílias, que são da cidade do Jordão, do bairro Miritizal e levou para a Escola Cívico-Militar Madre Adelgundes Becker.
O prefeito Zequinha Lima falou sobre as ações que estão sendo desenvolvidas para atender as famílias afetadas. “Já temos barcos disponíveis, equipes selecionadas, grupos de pessoas que vão cuidar da retirada, outros que estão no rio, quem vai transportar em terra, alimentação, saúde. Tudo isso já está definido e agora o que precisamos é dar os encaminhamentos necessários”, disse.
O Rio Juruá, principal afluente da região, transbordou no último dia 7 em Cruzeiro do Sul.
“Estamos fazendo uma reunião na sala de situação para que a gente possa, justamente, mostrar a real situação e as medidas que vamos tomar para que possamos amenizar a situação das pessoas. A expectativa que temos ainda é de muita chuva, o rio vai continuar subindo nos próximos dias”, explicou o prefeito.
‘Risco para crianças’
Irineu Aquino é um dos indígenas levados a um abrigo por conta da enchente do Rio Juruá em Cruzeiro do Sul
Reprodução/Rede Amazônica Acre
A Rede Amazônica Acre conversou com alguns dos moradores que precisaram ser levados a abrigos. Uma das famílias indígenas foi a do estudante Irineu Aquino. “Não deu mais para ficar lá [na comunidade] por causa da alagação, a água cobriu tudo, a gente teve que sair e deixar nossas casas lá”, contou.
Outro morador, Eduardo Kaxinawá, ressaltou que permanecer em locais alagados poderia ser perigoso, principalmente para crianças.
“Ali é muito risco para as crianças, está tudo alagado, é uma dificuldade para atravessar, e aí a gente recebeu esse apoio, aqui é mais seguro”, avaliou.
O coordenador da Defesa Civil Municipal, José Lima, explicou que os espaços são exclusivos para famílias indígenas. “Todas as famílias estão nesse abrigo, tendo em vista que a população indígena é tratada de uma maneira diferente, e, por isso, fica somente os indígenas [no abrigo] por causa da cultura deles”, informou.
Entretanto, não apenas famílias indígenas precisaram se deslocar por conta da inundação. Moradora do Bairro da Lagoa, a dona de casa Maria Beatriz também deixou sua residência por receio quanto à segurança dos filhos em meio à enchente.
“A água já está entrando dentro de casa e é arriscado, com duas crianças pequenas, podem cair dentro da água”, alertou.
Com água da enchente invadindo sua residência, Maria Beatriz teve que sair de casa com os dois filhos
Reprodução/Rede Amazônica Acre
Suspensão das aulas e da energia elétrica
A enchente provocou a interrupção do ano letivo em sete escolas e creches afetadas pelas águas do rio. Uma das unidades que tiveram as aulas interrompidas foi a creche Bom Jesus.
A creche também está em uma das áreas que tiveram a rede de energia elétrica desativada por conta da elevação do Rio Juruá.
Mais de 30 famílias tem rede elétrica desligada em Cruzeiro do Sul por causa da cheia
A transmissão de energia elétrica foi interrompida nas áreas alagadas do município na última sexta-feira (14). Conforme a prefeitura, 139 famílias estão sem energia.
De acordo com a concessionária Energisa, trata-se de uma medida de segurança, necessária para evitar acidentes tanto com moradores dos locais atingidos pelas águas do manancial, quanto para as equipes que precisem atender o público desses locais.
A Energisa também alerta que moradores de regiões que podem ser alcançadas pelas águas de rios e igarapés devem ficar atentas. A orientação é que, caso as cheias comecem a atingir casas, o disjuntor deve ser desativado. Para fazer esse desligamento, o morador deve estar calçado e enxuto.
Outra recomendação é de que, caso a água alcance o medidor de consumo, é preciso acionar a empresa, para que então seja feito o desligamento da rede.
VÍDEOS: g1