
Lucas Torrezani foi transferido para a Penitenciária de Segurança Média 1 em Viana na Região Metropolitana de Vitória, nesta terça-feira (18). O ex-soldado matou a tiros o músico Guilherme Rocha por causa de uma discussão por som alto em Vitória em 2023. PM que matou músico é demitido e acaba transferido para presídio comum no ES
O policial militar Lucas Torrezani de Oliveira preso por atirar e matar o músico Guilherme Rocha por causa de som alto em um condomínio em Vitória em 2023 foi demitido e transferido para um presídio comum. A decisão ainda cabe recurso.
O ex-soldado foi levado para a Penitenciária de Segurança Média 1 em Viana na Região Metropolitana de Vitória, nesta terça-feira (18).
📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 ES no WhatsApp
Torrezani está detido desde o crime que aconteceu em 2023. Câmeras de vídeo monitoramento registraram a morte do músico, então vizinho de Torrezani.
Em setembro de 2024, o Conselho de Disciplina da Corregedoria da Polícia Militar do Espírito Santo decidiu pela demissão do ex-militar, mas a decisão dependia de homologação pela corporação para que ele fosse efetivamente desligado.
A defesa de Torrezani entrou com um pedido de habeas corpus na terça-feira (18) para que ele não fosse transferido para um presídio comum. Mas o pedido foi negado pelo magistrado de plantão, que entendeu que a situação não se enquadrava nas hipóteses de urgência previstas.
Antes da transferência, o ex-PM estava preso no presídio militar localizado no Quartel Geral desde o dia 17 de abril de 2023.
Soldado da PM, Lucas Torrezani, de 28 anos, matou vizinho com tiro em condomínio de Vitória
Reprodução/TV Gazeta
A defesa de Torrezani disse que vai recorrer da decisão. Além disso, a defesa apontou que a transferência foi precipitada e prematura, sem a devida observância dos riscos que o ex-soldado está exposto dentro do sistema prisional.
Por isso, os advogados Anna Santos e Leandro C. De Oliveira apontam que por ter servido como policial militar por vários anos ele corre risco dentro do sistema prisional. Confira a nota na íntegra:
“A defesa do Sr. Lucas Torrezani de Oliveira recebe com tristeza e inconformismo a decisão de sua transferência para uma unidade prisional comum, tendo em vista que ele serviu como policial militar por vários anos e, em razão disso, corre risco dentro do sistema prisional. Além disso, a decisão que resultou na sua exclusão da Polícia Militar ainda está pendente de recurso, tornando a medida de sua transferência precipitada e prematura, sem a devida observância dos riscos que sua condição de policial impõe.Outro ponto que chama a atenção da defesa é a celeridade incomum com que essa transferência foi executada. A decisão que determinou a remoção do Sr. Lucas para o presídio regular foi proferida no dia 18 de março de 2025, às 13h05, e, no mesmo dia, ele já foi transferido. Nunca vimos uma celeridade tão grande para efetivar a transferência de um interno. Quanto à realização do júri popular, não há previsão de data, pois a decisão de pronúncia ainda aguarda julgamento de recurso no Tribunal de Justiça”
Relembre o caso
O crime aconteceu na madrugada do dia 17 de abril de 2023 e a ação foi filmada, mostrando inclusive o momento em que o policial militar atirou no vizinho. Lucas atirou em Guilherme após a vítima reclamar do som alto em frente ao seu apartamento, dentro do condomínio em que os dois moravam no bairro Jardim Camburi.
Na madrugada do crime, após a vítima pedir por três vezes para que Lucas Torrezani, Jordan Ribeiro de Oliveira e um terceiro amigo que estava no local diminuíssem o barulho, uma discussão aconteceu.
Durante a briga, Jordan deu um empurrão em Guilherme que o fez perder o equilíbrio, sem chance de se defender.
Guilherme Rocha foi morto pelo vizinho PM com um tiro em Vitória.
Reprodução/Redes sociais
Na sequência, o disparo foi feito por Lucas, e não esboçou nenhuma reação, continuou segurando a arma, deu um gole na bebida e apenas assistiu à agonia de Guilherme no chão.
Um ano após a morte do marido, a esposa Janaína Morais contou ao g1 que estava na janela da cozinha e ouviu toda a discussão.
“Eu gritava e implorava pra ele não fazer nada, quando vi que o Lucas estava armado. O Guilherme tava de bermuda, sem camisa, colocou as mãos para trás”, lembrou.
PM impediu esposa de se aproximar da vítima
O inquérito apresentado pela Polícia Civil aponta que, após o tiro, Lucas impediu que a esposa da vítima saísse para prestar socorro. Um vídeo mostra o momento.
“Quando eu saí de casa e vi o Guilherme eu queria socorrer ele, encostar virar o rosto dele, pra ajudar que ele respirasse… Eu lembro que eu gritei muito, empurrei a porta, mas o Lucas deu um chute e fechou a porta. A minha filha também veio e foi ela quem me puxou pra dentro de casa. No meu desespero, foi ela quem conseguiu me levar para dentro de casa. Quem diria que uma menina de 12 anos ia ter esse discernimento. O meu medo era o quê? Dele entrar e matar nós duas. Ele já tinha feito né”, falou Janaína.
LEIA TAMBÉM:
Vídeo mostra momento em que professor fura dedo de alunos com agulha compartilhada no ES
Criança de 8 anos liga para a polícia ao ver o próprio pai esfaquear mãe dentro de casa no ES
Dono de bar que matou jovem na Rua da Lama é preso em Vitória
A síndica do condomínio Mônica Bicalho também chegou à cena do crime logo após ouvir o disparo de casa. Ela e os outros moradores também não conseguiram se aproximar de Guilherme.
Antes de ser preso, ainda no dia do crime, o soldado da PM criou um grupo em uma rede social para combinar versões do crime com amigos. E zombou da morte de Guilherme, escrevendo “Não queria silêncio? Eu dei a ele o silêncio eterno”.
Uma semana após o crime, a síndica instalou mais uma câmera externa na entrada de cada um dos blocos do condomínio.
“Eu dou graças a Deus que tinha pelo menos uma câmera interna ali, se não ia ser como? Como essa história ia ficar? A gente não ia saber o que aconteceu, ia valer o que fosse contado”, disse Mônica.
O soldado foi notificado pelo condomínio algumas vezes. Contra ele havia seis reclamações por barulho feitas nos primeiros meses de 2023, sendo cinco reclamações feitas por Guilherme.
Desde o dia do crime, Lucas Torrezani está preso no Quartel da Polícia Militar, em Maruípe, Vitória. Ele responde a dois processos, um na primeira vara criminal de Vitória, pelo assassinato de Guilherme Rocha, e também um processo administrativo disciplinar na Polícia Militar.
O soldado seguia recebendo salário integral enquanto aguarda decisão sobre o seu processo demissionário, que, de acordo com o Portal da Transparência, era de R$ 6.481,29.
Ainda de acordo com o portal, constam cinco licenças médicas consecutivas desde o dia 26 de maio de 2023 até agora, período em que Lucas já estava preso. O soldado entrou para a Polícia Militar em 2020.
Jordan Ribeiro de Oliveira, amigo do PM, também responde por homicídio, mas em liberdade. De acordo com a Polícia Civil, o terceiro rapaz que era participante do grupo não participou da briga e, com isso, vai responder apenas como testemunha do crime.
Guilherme Rocha e Janaina Moraes ficaram juntos por quatro anos. Espírito Santo
Arquivo pessoal
Vídeos: tudo sobre o Espírito Santo
Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo