Caso Davi: do desaparecimento em 2022 ao dia que os restos mortais foram encontrados na Bahia


Davi Lima sumiu em 2021, enquanto passava férias na casa da avó, em Itiúba. Ossada foi encontrada no ano passado e polícia anunciou que ele morreu após se perder na mata. Davi tinha 12 anos quando desapareceu, em Itiúba
Bélit Loiane/g1 BA
Na terça-feira (18), a Polícia Civil divulgou que o menino Davi Lima da Silva, que ficou desaparecido por três anos e 10 meses, morreu após se perder na mata. A criança foi vista pela última vez em 28 de março de 2021, enquanto passava férias na casa da avó, na cidade de Itiúba, no norte da Bahia.
Segundo a Polícia Civil, apesar de terem sido feitas buscas com cães farejadores, drones e helicópteros, nenhum rastro do menino foi achado durante quase quatro anos. A mãe do garoto não acredita na versão do inquérito policial.
Entenda a conclusão do inquérito:
a investigação apontou que não houve indícios de crime no caso, ou seja, não foram encontradas evidências de sequestro, violência ou ação dolosa de terceiros;
como a ossada não tinha sinais de violência e foi achada em um local de difícil acesso, a polícia acredita que o menino se perdeu na mata e morreu por causas naturais ou acidentais.
O g1 acompanha o caso desde 2021. Na época, os pais de Davi organizaram buscas pelo filho na cidade e o procuraram incessantemente em uma área de mata, mas não o encontraram.
Somente em novembro de 2024, os restos mortais do garoto foram encontrados por vaqueiros em uma área de difícil acesso. Para Lilia Lima, esse é um dos pontos que não fazem sentido nas investigações.
Relembre abaixo a cronologia desde o desaparecimento do garoto ao dia que os vaqueiros encontraram os restos mortais:
👉 Davi Lima desapareceu no dia 28 de março de 2021, no quarto dia de viagem com os pais. Lilia foi contratada, em Itiúba, para fazer um ensaio com um casal;
👉 A mãe do garoto deixou o filho com a irmã e voltou em menos de duas horas, mas Davi já tinha desaparecido;
👉 Logo após descobrir que o filho tinha sumido, os pais, vizinhos e familiares começaram as buscas. Lilia e o marido, Edson Alves, procuraram incessantemente pelo garoto, em uma área de mata, mas não encontraram;
👉 Dias após o desparecimento, uma equipe do Corpo de Bombeiros, além de cães farejadores e helicópteros, também foram ao local, mas apenas a sandália que Davi usava foi achada;
👉 No entanto, os bombeiros deduziram que a sandália do menino foi implantada no local. Primeiro porque várias pessoas passaram por lá antes e não viram. Também porque os cachorros foram até a sandália e voltaram, apontando que o cheiro de Davi não prosseguia para a mata.
👉 Na época, a polícia relatou aos pais do garoto que o provável é que Davi tinha sido sequestrado entre a casa da irmã de Lilia e da mãe dela, que é menos de 300 metros.
👉 Durante três anos, não houve novidade sobre o menino desaparecido.
👉 Em novembro do ano passado, restos mortais foram localizados por vaqueiros em uma área de difícil acesso em um povoado na zona rural da cidade.
👉 Em janeiro deste ano, a polícia confirmou que o material era de Davi.
👉 Na terça-feira, a polícia informou que concluiu o inquérito em 13 de março e divulgou os esclarecimentos sobre o caso.
👉 Após a conclusão do inquérito, o procedimento foi encaminhado ao Poder Judiciário em 14 de março, para avaliação e manifestação do Ministério Público.
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Quarto do menino permanecia intacto
Mãe e pai de Davi falam sobre a ausência do filho dois anos após o desaparecimento
A fotógrafa Lilia Lima e o marido, Edson Alves, pais de Davi, falaram com o g1 em 2023 sobre o desaparecimento do filho. Na época, eles mantinham o quarto do menino intacto, como ele deixou antes de viajar para passar as férias com a avó.
“É muito difícil acreditar que ele não está aqui, porque está tudo aqui dele: as roupas, a mochila da escola, tudo está do mesmo jeito. Estou aqui no quarto dele todos os dias, olho as coisas dele todos os dias”, revelou a mãe na época.
Após o desaparecimento do filho, Lilia passou a andar pelas ruas de Itiúba em busca do filho e até dormiu dentro da mata, com medo de Davi ser mordido por algum animal.
Fotos de Davi ficam guardadas no quarto
Bélit Loiane/g1 BA
Edson contou que assistia ao jogo entre Bahia e Altos, pela Copa do Nordeste, quando soube da notícia do desaparecimento do filho e não acreditou. Incialmente, ele pensou que o filho estava se escondendo.
“Quando cheguei lá tinham muitas motos e o irmão dela que achou a sandália me disse: ‘seu filho sumiu, mas eu chamei os caçadores’, mas minha ficha não tinha caído ainda”, disse.
Assim como a esposa, Edson nunca mais foi o mesmo após o desaparecimento do filho. Ele contou que sente dificuldade para dormir, se alimentar e até para se concentrar no trabalho.
“É um vazio que nada vai preencher”, disse.
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