Do campo ao pote: como o agronegócio alimenta o mercado pet no Brasil

Do campo ao pote: como o agronegócio alimenta o mercado pet no Brasil

Grande parte da alimentação dos animais de estimação vem da agricultura, movimentando a economia e reforçando a exigência por ingredientes mais saudáveis e rastreáveis – Foto: Divulgação

O Brasil ocupa a terceira posição no ranking mundial de países com mais animais de estimação, com 149 milhões de pets, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Sete em cada 10 brasileiros têm pelo menos um animal de estimação – e a alimentação é uma das principais preocupações entre os tutores.

O setor de alimentação animal no país, movimenta mais de US$ 12 bilhões por ano, com previsão de crescimento para US$ 17 bilhões até 2029, acompanhando a tendência global de humanização dos pets.

Mas você já parou para pensar de onde vem a comida que chega à tigela dos animais de estimação? O agronegócio tem papel fundamental nesse processo, sendo responsável por grande parte dos ingredientes que compõem a ração. Arroz, milho e soja, por exemplo, passam por um longo caminho – do cultivo nas lavouras ao processamento nas indústrias – antes de chegarem prontos ao consumidor final.

Quando alimentação e afeto caminham juntos

O cuidado com a alimentação dos pets vai além da preocupação nutricional. Em Nova Veneza, Ângela Pacheco divide sua casa com três cães, mas também se dedica a cuidar de outros sete animais que vivem nas ruas da cidade. Todos os dias, ela sai cedo para garantir água e comida para os bichinhos, contando com a ajuda dos vizinhos.

Sua cachorrinha Nicole, adotada há nove anos, se tornou sua grande companheira. “Desde que ela veio morar comigo, ela come a raçãozinha especial. Os de rua também, eu sempre dou uma ração boa, com bastante proteína e nutrientes”, conta.

O mesmo cuidado é visto no pet shop de Caroline Pacheco, que transformou sua paixão pelos animais em profissão. Desde os dez anos, ela se dedicava ao resgate de bichinhos em situação de vulnerabilidade e, anos depois, abriu um espaço que oferece banho, tosa, hospedagem e até cromoterapia para os pets.

Além do carinho diário, os tutores também procuram formas criativas de celebrar a presença dos animais em suas vidas. Em Balneário Camboriú, por exemplo, uma loja especializada monta bolos de aniversário para cachorros, feitos com ingredientes naturais e balanceados.

“Usamos farinhas integrais, ovos, carnes e legumes como batata-doce e abóbora. Tudo pensado para oferecer um petisco seguro e saudável”, explica Bettina Michalak, veterinária, nutróloga e proprietária do espaço.

Do arroz da lavoura à ração na prateleira

Por trás de cada embalagem de ração vendida no mercado, há um longo trabalho que começa nas lavouras. Em Jacinto Machado, a família Mesari cultiva arroz há quase cinco décadas, e parte dessa produção se destina à indústria de alimentação animal.

Por trás de cada embalagem de ração vendida no mercado, há um longo trabalho que começa nas lavouras. Em Jacinto Machado, a família Mezzari cultiva arroz há quase cinco décadas, e parte dessa produção se destina à indústria de alimentação animal.

Seu Avelino Mezzari, patriarca da família, lembra como a decisão de investir no arroz mudou a trajetória da família. “A gente começou devagarzinho, colhendo cada vez mais, e hoje crescemos junto com o mercado.”

Na cooperativa da cidade, os grãos de arroz passam por um rigoroso processo de seleção. Os mais brancos seguem para o consumo humano, enquanto os de coloração mais escura são separados para a produção de ração. 96% do arroz processado na cooperativa é destinado à alimentação humana, enquanto o restante se torna matéria-prima para a alimentação pet.

Após essa etapa, o arroz segue para fábricas especializadas. Nelas, os ingredientes passam por mais de 20 testes de qualidade, que avaliam fatores como teor de proteína, gordura e a presença de micotoxinas.

A partir da mistura de ingredientes selecionados, a ração passa por um processo de extrusão, onde os grãos são moldados em diferentes formatos, desde pequenos corações até ossinhos, antes de serem embalados e distribuídos para as lojas.

O impacto do agronegócio no setor pet

O crescimento do mercado pet está diretamente ligado à participação do agronegócio. Atualmente, a alimentação representa 75% do segmento no Brasil, sendo a área com maior expansão dentro desse setor. O país já é o terceiro maior mercado pet do mundo, e a expectativa é que continue crescendo nos próximos anos.

O crescimento do mercado pet está diretamente ligado à participação do agronegócio – Foto: Divulgação

Esse avanço reflete uma mudança no comportamento dos tutores, que estão mais exigentes quanto à origem e à composição dos produtos que oferecem aos seus animais. Cada vez mais, a indústria investe em rações enriquecidas com ingredientes naturais, suplementos vitamínicos e fórmulas específicas para atender diferentes tipos de pet.

Nas agropecuárias e supermercados, essa transformação já pode ser observada na variedade de produtos disponíveis. Em uma loja de Gravatal, os responsáveis destacam a importância da rastreabilidade e da procedência dos ingredientes.

“Hoje, 99% da matéria-prima das rações vem do arroz, trigo e milho. A gente procura fábricas que garantam qualidade e segurança na produção”, revela um dos comerciantes.

O que antes era um segmento restrito, hoje se tornou um mercado sofisticado e em constante evolução, impulsionado por consumidores que buscam o melhor para seus animais de estimação.

A conexão entre o agronegócio e a alimentação pet não apenas garante nutrição e bem-estar aos bichinhos, mas também movimenta uma cadeia produtiva essencial para a economia do país.

Para saber mais sobre como o agro catarinense impulsiona o mercado pet, aproveite e assista na íntegra ao episódio do programa Agro, Saúde e Cooperação sobre o tema. O projeto, desenvolvido pelo Grupo ND, tem parceria com a Ocesc, Aurora, SindArroz Santa Catarina e Sicoob.

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