Governo dos EUA libera arquivos do assassinato de JFK

O presidente John F. Kennedy se tornou o 35º presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 1961.USA TODAY/REPRODUÇÃO

Na terça-feira (18), a administração de Donald Trump divulgou publicamente milhares de páginas de documentos classificados relacionados ao assassinato do presidente John F. Kennedy, ocorrido em 22 de novembro de 1963, em Dallas, Texas. As informações são do USA Today.

A medida foi adotada após a assinatura de uma ordem executiva em janeiro, que determinava a liberação completa dos registros, com o objetivo de promover “transparência máxima” e reconstruir a confiança do público nas agências de inteligência.

Entre os arquivos estão scans, fotografias e gravações de áudio da década de 1960.

Apesar de muitos documentos estarem desfocados ou difícil leitura devido desgastes em decorrer do tempo, eles trazem informações inéditas sobre as investigações do caso.

Alguns arquivos mencionam teorias conspiratórias, inclusive a hipótese de que Lee Harvey Oswald pudesse ter tido alguma ligação com a KGB. Contudo, conforme consta em um dos documentos, “Nikonov está agora confiante de que Oswald nunca foi um agente controlado pela KGB”.

As informações, embora relevantes, não devem modificar os veredictos históricos da Comissão Warren, que apontou Oswald como o único autor do crime.

O presidente John F. Kennedy minutos antes de ser assassinado, quando seu carro passava pela Dealey Plaza.USA TODAY/REPRODUÇÃO

Liberação dos arquivos

A liberação dos documentos se deu em diferentes formatos, incluindo versões digitais e impressas, disponíveis no National Archives and Records Administration, em College Park, Maryland.

O processo desencadeou uma corrida interna no Departamento de Justiça para cumprir o prazo estabelecido pela ordem de Trump, conforme noticiado pela ABC News e Reuters.

Embora parte dos arquivos continue sob sigilo judicial ou protegidos por restrições de segurança, a iniciativa marca um importante avanço na desclassificação de informações históricas, permitindo que pesquisadores e o público revisitem detalhes dos acontecimentos de 1963.

A divulgação dos arquivos não abrange a totalidade dos documentos prometidos – faltam registros significativos, como mais de dois terços dos arquivos, além de centenas de registros do FBI e do IRS.

Mesmo assim, a medida é vista como um passo importante para a reavaliação dos fatos e a discussão de teorias que cercam o assassinato de JFK.

Durante um evento no John F. Kennedy Center for the Performing Arts, Trump afirmou: ” As pessoas esperaram décadas por isso.” O president americano ainda ressaltou: ” Temos uma quantidade enorme de documentos. Vocês terão muita leitura. Não acredito que vamos censurar nada.”

Esses depoimentos reforçam o compromisso do governo com a máxima transparência, embora críticos apontem que a omissão de parte dos arquivos ainda deixa margem para dúvidas e questionamentos.

Análises e comentários de especialistas

Especialistas, como James Johnston – autor de Murder, Inc.: The CIA under John F. Kennedy – afirmam que não se espera a revelação de grandes surpresas, já que boa parte dos documentos já havia sido disponibilizada anteriormente aos Arquivos Nacionais em 1988.

Um rifle Carcano Modelo 91/38 é visto próximo ao local onde Lee Harvey Oswald o abandonou 50 anos antes. USA TODAY/REPRODUÇÃO

Johnston destacou que “se algo pudesse constranger a agência, eles não teriam disponibilizado esses registros aos Arquivos Nacionais em 1988”.

Jefferson Morley, vice-presidente da Mary Ferrell Foundation, enfatiza que os registros lançam luz sobre a desconfiança de Kennedy em relação à CIA, as operações contra Fidel Castro e até a vigilância de Oswald, mas sem alterar o consenso de que o assassinato foi obra de um “lobo solitário”.

Informações de fontes como USA Today, Reuters e Politico reforçam essa análise.

Reações e perspectivas políticas

A decisão de liberar os documentos também se relaciona com a ordem executiva que determinou a divulgação completa dos registros relativos não só ao assassinato de JFK, mas também aos casos envolvendo Robert F. Kennedy e Martin Luther King Jr.

A diretoria de inteligência, comandada por Tulsi Gabbard, cumpriu prontamente a determinação, enquanto as agências envolvidas – como a CIA e o FBI – mantiveram silêncio quanto aos detalhes do processo.

Essa iniciativa é amplamente vista como uma tentativa de mitigar críticas históricas sobre a suposta retenção de informações relevantes por parte das agências de inteligência.

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