O que é ‘ambição silenciosa’, promovida pela geração Z e que vem mudando as regras nas empresas

Você já ouviu falar em ambição silenciosa? Diferente de gerações anteriores, que sonhavam com altos cargos dentro das empresas, os jovens do século 21, maioria nesse novo modelo, valorizam mais a saúde, o bem-estar e a autonomia.

Mulher feliz olhando em computador com fones rosado

Conheça a ambição silenciosa, tendência que a geração Z resolveu adotar após a pandemia da covid-19 – Foto: Canva/ND

Mas o que isso significa? A geração Z, formada por jovens nascidos entre meados da década de 1990 e o início dos anos 2000, cresceu em um universo digitalizado, com acesso rápido à informação. Por isso, seu relacionamento com o trabalho é diferente das gerações anteriores: eles priorizam equilíbrio entre vida pessoal e profissional, estabilidade emocional e flexibilidade.

Conforme o relatório Workmonitor 2024 da Randstad, embora 56% dos profissionais ainda se considerem ambiciosos, apenas metade dá prioridade ao crescimento dentro da empresa. No Brasil, 65% dos trabalhadores buscam desenvolvimento na carreira, mas 60% rejeitariam uma vaga que comprometesse sua qualidade de vida.

O fenômeno da ambição silenciosa

A tendência, conhecida como “ambição silenciosa”, revelou que muitos jovens não desejam mais cargos de liderança ou promoções hierárquicas. Em vez disso, preferem desenvolver suas habilidades, evitar o estresse e buscar experiências enriquecedoras.

Um estudo da Harvard Business Review, dos Estados Unidos, confirma essa visão e aponta que a motivação profissional entre os jovens está mais ligada ao significado do trabalho e às oportunidades de aprendizado do que ao status corporativo.

Mulher olhando tablet séria

Essa falta de desejo por cargos maiores dentro de uma empresa, caracterizado pela ambição silenciosa, reflete uma mudança de valores – Foto: Canva/ND

Segundo a psicóloga e coach laboral Analía Tarasiewicz, esse comportamento reflete uma mudança de valores. Diferente das gerações anteriores, que priorizavam o sucesso profissional e o crescimento dentro das empresas, os jovens de hoje valorizam o bem-estar e a autonomia. O responsável disso? A especialista aponta que a pandemia reforçou essa tendência, ao mostrar a importância do tempo livre e a qualidade de vida.

A flexibilidade no mercado de trabalho

A partir disso, as empresas começaram a reformular suas políticas para atender às novas expectativas dos profissionais. De acordo com Gustavo Aguilera, diretor da ManpowerGroup Argentina, muitas organizações flexibilizaram benefícios, permitindo que os colaboradores escolham vantagens alinhadas aos seus interesses, como cursos, experiências culturais e atividades recreativas.

Além disso, em vez de promoções tradicionais, algumas empresas adotaram programas de mobilidade interna e rotação de funções. Segundo Jean Pierre Saint-Hubert, CEO da plataforma de empregos Alkemy, as organizações oferecem teletrabalho, descontos em academia e internet, e encontros presenciais opcionais.

“Isso atende a uma demanda crescente: 67% dos jovens priorizam a possibilidade de trabalho remoto ou híbrido”, revela o CEO.

A cultura organizacional e a ambição silenciosa

Pessoa mexendo em computador perto de água com muitos papéis

O aparecimento da ambição silenciosa fez com que o modelo de gestão tradicional está fosse substituído por abordagens colaborativas e democráticas – Foto: Canva/ND

A estrutura hierárquica das empresas também está passando por transformações. Com o aparecimento da ambição silenciosa, o modelo de gestão tradicional está sendo substituído por abordagens colaborativas e democráticas.

O pesquisador Jeff LeBlanc, criador do modelo EELM (Engaged Empathy Leadership Model), aponta que jovens profissionais não buscam líderes carismáticos, mas sim transparências e segurança psicológica no ambiente de trabalho. Suas pesquisas indicam que equipes lideradas por gestores empáticos têm menor rotatividade e maior engajamento.

A empresa de tecnologia, conhecida como Softtek, adotou uma nova estratégia para reter talentos, isso permite que os funcionários explorem diferentes áreas dentro da organização sem seguir uma estrutura hierárquica fixa. “As companhias que não se adaptarem perderão talentos essenciais”, alerta José Tam, vice-presidente de Transformação Digital da Softtek.

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