Patos do Ecoparque: curiosidades e cuidados sobre os animais que encantam Chapecó

Os patos do Ecoparque, em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, tornaram-se uma verdadeira atração turística. Com seu carisma natural, encantam especialmente o público infantil, tornando a visita ao parque ainda mais especial. Mas afinal, os visitantes podem tocar ou alimentar os patos?

Os patos do Ecoparque se tornaram uma atração turística em Chapecó

Os patos do Ecoparque se tornaram uma atração turística em Chapecó – Foto: Angela Bueno/ND

O coordenador de manutenção do parque, Hilário Sartor, atua há três anos no local, juntamente com a zeladora do Ecoparque, Janete Girotto. Ele explica que no início comprava a alimentação dos animais, porém o volume de patos aumentou e as pessoas também começaram a alimentar eles.

“Agora, eles [o público] já adotou os patos e há pessoas que vem tratar os animais diariamente”, explica o coordenador.

Atualmente o espaço conta com quatro patos, 13 marrecos e também alguns patos silvestres, que apresentam as penas mais escuras. “Esses animais não foram adquiridos pela prefeitura, eles são produto de desova de alguém. Em dois anos, os patos cresceram e se multiplicaram”, explica Hilário.

Patos do Ecoparque conquistam o público

Os patos do Ecoparque são dóceis e rapidamente conquistam as crianças, que costumam compartilhar pipoca ou farelo de pão com eles. E os animais, sem timidez, não hesitam em pedir mais. “Agora eles fazem parte do patrimônio do Ecoparque”, afirma o coordenador.

Os patos circulam livremente pelo parque, especialmente próximos aos lagos. Por isso, Hilário faz um alerta para que os visitantes tenham cuidado e evitem que os cachorros que passeiam no local ataquem as aves, pois casos assim já ocorreram.

Além dos patos e marrecos, o Ecoparque abriga outros visitantes ilustres. Entre eles, um simpático gambá e um curioso quati, que preferem aparecer nos momentos mais tranquilos do dia. E se a sorte estiver ao seu lado, poderá até encontrar a Jurema, uma tartaruga que vive em um dos lagos.

Hilário é coordenador de manutenção do local e observa diariamente os patos do Ecoparque

Hilário é coordenador de manutenção do local e observa diariamente os patos do Ecoparque – Foto: Angela Bueno/ND

O secretário de serviços urbanos e zeladoria, Nelson Krombaer, destaca a importância de cuidar não apenas dos patos, mas de todo o Ecoparque. “Precisamos da colaboração de todos, pois esse investimento é nosso, é dinheiro público”, enfatiza.

Ainda, ele pontua que Chapecó está se transformando na cidade dos parques, com diversas opções de lazer para a comunidade. “O Ecoparque se tornou um dos pontos turísticos da cidade e também da região Oeste do estado. É um lugar lindo, com chafariz, lagos, pista de caminhada e muita natureza”, completa.

Patos do Ecoparque são simáticos e se aproximam do público -

Patos do Ecoparque são simáticos e se aproximam do público – Foto: Angela Bueno/ND

Patos, marrecos e patos silvestres

A bióloga e professora do curso de Ciências Biológicas da Unochapecó, Eliara Solange Müller, explica a diferença entre as aves encontradas no local. “O que eles chamam de pato, tem origem em um pato silvestre (pato-do-mato), que foi domesticado pelos grupos indígenas da América do Sul para consumo de sua carne”, descreve. O pato silvestre é o todo preto e o domesticado é todo branco com partes pretas.

O que muitos chamam de marreco, na verdade, é um pato da raça Silver Appleyard, resultado do cruzamento de várias outras linhagens. “Sua plumagem é prateada com detalhes brancos e marrons, especialmente nos machos, que também apresentam um bico amarelo-alaranjado. Essa espécie tem variações de coloração, tornando cada indivíduo único”, descreve.

Já o chamado pato-selvagem é, na realidade, a marreca-parda (Anas georgica), uma espécie nativa e silvestre. A plumagem é predominantemente parda, salpicada com manchas escuras, além de possuir listras brancas e espaçadas na parte inferior das asas — um detalhe nem sempre visível. Seu bico varia entre amarelo-esverdeado e alaranjado, sempre com uma característica faixa preta.

É seguro oferecer comida aos patos do Ecoparque?

A presença de patos e marrecos no Ecoparque desperta a curiosidade dos visitantes, especialmente sobre a alimentação dessas aves. Mas será que oferecer comida a eles é seguro? Segundo Eliara, a resposta é não.

“Definitivamente, não é correto alimentá-los com qualquer coisa. Isso pode causar doenças, assim como acontece com os seres humanos”, alerta. As aves devem se alimentar apenas dos recursos naturais disponíveis no ambiente ou, caso sejam cuidadas, da ração fornecida pelos responsáveis. No entanto, os animais silvestres não devem consumir ração.

A dieta dessas aves é bastante variada. Elas se alimentam tanto de vegetais quanto de pequenos animais aquáticos. Entre os alimentos naturais estão sementes, raízes, grãos, gramíneas, ciperáceas (capins que produzem sementes), algas e outras plantas aquáticas. Já no consumo de proteína animal, ingerem invertebrados aquáticos, como insetos, crustáceos, caracóis e moluscos.

O pato-do-mato, uma das maiores espécies presentes, tem uma alimentação ainda mais diversificada em seu habitat natural. No meio silvestre, ele pode caçar anfíbios (sapos, rãs, pererecas), lagartos, serpentes, ratos, além de pequenos e médios peixes e até filhotes de tartaruga. No entanto, os domesticados que vivem no Ecoparque já perderam parte desse instinto devido à alimentação fornecida.

Possíveis riscos e doenças

A interação com os patos do Ecoparque desperta curiosidade, mas também levanta dúvidas sobre possíveis riscos. De acordo com Eliara, a transmissão de doenças por essas aves é muito rara, mas pode acontecer caso o animal esteja infectado com algum microrganismo.

Para minimizar qualquer risco, a recomendação é simples: lavar bem as mãos e os calçados com água e sabão após o contato, além de manter uma higiene básica, como o uso de álcool. “É importante reforçar essas medidas sem assustar a população”, destaca Eliara.

Entre as doenças que podem ser transmitidas por aves estão gripe aviária, psitacose (clamidiose), salmonelose e enterite viral, mas a especialista reforça que o pato precisa estar contaminado para haver risco. A gripe aviária, psitacose e enterite viral são transmitidas pelo ar, enquanto a salmonelose ocorre por ingestão de alimentos contaminados ou contato com fezes.

Sobre o comportamento dos patos, Eliara explica que eles não costumam ser agressivos, mas podem reagir dessa forma em situações de estresse, medo ou para proteger território, ovos e filhotes.

Um fator que pode aumentar a agressividade é a alimentação dada pelos visitantes. “Quando os patos se acostumam a ganhar comida, podem tentar pegar dos visitantes e, se não conseguirem, acabam se tornando mais agressivos”, alerta.

Patos com a cabeça na água?

Os visitantes frequentemente observam os patos do Ecoparque mergulhando a cabeça na água, um comportamento natural e fascinante dessas aves. Segundo Eliara, essa ação tem várias funções, sendo a principal a busca por alimento subaquático.

“Eles forrageiam, mergulhando a cabeça para alcançar vegetação aquática, sementes, insetos e crustáceos. Durante esse processo, filtram a água e o lodo com o bico, separando partículas de alimento e eliminando o excesso de resíduos”, explica Eliara. Essa habilidade se deve às lamelas, pequenas projeções nas laterais do bico que funcionam como um filtro, semelhantes a dentes ou um pente.

Além da alimentação, o mergulho também tem função higiênica, ajudando a limpar as narinas e os olhos. Os patos ainda podem mergulhar para explorar o ambiente, interagir com objetos, realizar corte para reprodução ou até mesmo como um alerta de perigo, sendo esses mergulhos mais rápidos.

Recomendações da bióloga:

  • Mantenha distância, evite se aproximar de ninhos, filhotes ou patos do Ecoparque que pareçam agressivos.
  • Não alimente os patos, isso pode deixá-los dependentes de humanos e aumentar a probabilidade de ataques.
  • Respeite os patos e o seu habitat, portanto não persiga, encurrale ou tente pegar patos.
  • Ensine as crianças a observar, admirar e respeitar os patos e seu espaço.
  • Se houver algum ataque dos patos, se afaste com calma, evite movimentos bruscos. Se o ataque causar ferimentos, procure ajuda médica.

A pata Mafalda

A pata Mafalda, mascote do parque Ecoparque, morreu após um ataque de cachorro em julho de 2023, por volta das 17 horas. O cão de médio porte estava sem guia e focinheira quando avançou na ave na tarde daquele domingo, conforme a equipe do local.

A pata era uma das sete aves adultas que convivem com seis filhotes no local. Ela havia sido abandonada no parque e foi adotada pelos funcionários, que cuidavam dela com muito amor e dedicação.

Uma placa de sinalização usa o exemplo da Mafalda para alertar os usuários do parque sobre os cuidados com os patos do Ecoparque

Uma placa de sinalização usa o exemplo da Mafalda para alertar os usuários do parque sobre os cuidados com os patos do Ecoparque – Foto: Reprodução/ND

Devido à idade avançada, Mafalda tinha uma área especial, uma espécie de cercado adotado por ela para se proteger dos visitantes. Mas isso não foi suficiente para evitar o ataque do cachorro, que invadiu o espaço da pata e a mordeu.

Ecoparque

O Ecoparque é um dos espaços mais conhecidos do município e reúne muitas pessoas todos os dias. As atrações são variadas e abrangem diversos gostos.

É possível ir até o local para fazer exercícios, como corridas, caminhadas e visitar a academia ao ar livre. Você também pode aproveitar a natureza e os espaços dentro do parque, como o café instalado recentemente.

Ainda, é possível levar toalha, chimarrão ou tereré e alguns snacks para curtir o fim da tarde com os amigos ou a família.

O Ecoparque foi reinaugurado em dezembro de 2021 e conta com:

  • Dois lagos com chafariz;
  • 2,5 mil metros quadrados de pavimentação;
  • Espaço cultural;
  • Decks e áreas de convivência;
  • Parque infantil;
  • Café;
  • Espaço ginástica;
Ecoparque fica localizado bem próximo do Centro de Chapecó

Ecoparque fica localizado bem próximo do Centro de Chapecó – Foto: Angela Bueno/ND

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