
Tripulação da nova missão chegou à ISS para substituir os atuais ocupantes. Dois astronautas estão há quase nove meses aguardando retorno à Terra. Tripulação da missão Crew-10, lançada pela Nasa e SpaceX
Nasa/Divulgação
A cápsula Dragon Endurance, da SpaceX, chegou à Estação Espacial Internacional (ISS) na madrugada deste domingo (16). A missão, lançada em uma parceria com a Nasa, deve trazer de volta à Terra dois astronautas que estão “presos” no espaço desde junho de 2024.
Transportando quatro astronautas, a cápsula partiu na sexta-feira (15) às 20h03 (horário de Brasília) do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, impulsionada por um foguete Falcon 9. Após uma viagem de aproximadamente 29 horas, a espaçonave ancorou na ISS.
A missão é comandada pela astronauta norte-americana Anne McClain, com Nichole Ayers como piloto, além do japonês Takuya Onishi e do cosmonauta russo Kirill Peskov como especialistas. Eles substituirão a atual tripulação da Crew-9, em órbita desde setembro.
A missão é liderada pela astronauta norte-americana Anne McClain e conta com Nichole Ayers como piloto, além do japonês Takuya Onishi e do cosmonauta russo Kirill Peskov como especialistas. Eles substituirão a equipe da Crew-9, que está na ISS desde setembro.
Além da troca de equipe, a missão também viabilizará o retorno de Suni Williams e Butch Wilmore, que estão na ISS desde há quase nove meses. A dupla chegou ao laboratório orbital a bordo da cápsula Starliner, da Boeing, para uma estadia de apenas dez dias, mas falhas técnicas impediram a nave de trazê-los de volta.
À época, como medida de segurança, a Nasa optou por retornar a cápsula à Terra vazia, deixando-os sem transporte.
Agora, com a Endurance acoplada à ISS, Williams e Wilmore poderão finalmente embarcar na cápsula Dragon Freedom e iniciar a viagem de volta na quarta-feira (19).
A Freedom será o veículo que efetivamente trará de volta os quatro membros da Crew-9, incluindo os astronautas da Starliner, aproximadamente uma semana após a chegada da Crew-10.
Este período de sobreposição é padrão nas operações da estação espacial, garantindo uma transição suave das responsabilidades entre as equipes.
Inicialmente, a SpaceX planejava construir uma nova cápsula Dragon para a missão Crew-10, com lançamento previsto para fevereiro.
Contudo, atrasos na fabricação, possivelmente combinados com pressão política – evidenciada em publicações do presidente Donald Trump e do CEO da SpaceX, Elon Musk, sobre os astronautas “presos” no espaço – levaram a Nasa a reatribuir a missão para uma Dragon que pudesse estar pronta para voar mais cedo.
Os astronautas da Crew-10 caminham até a plataforma de lançamento 39-A, no Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, antes do voo para a Estação Espacial Internacional nesta quinta-feira (14).
REUTERS/Steve Nesius
A saga da dupla
Os astronautas deveriam ter retornado em junho de 2024 na cápsula Starliner da Boeing, após uma missão de demonstração prevista para uma semana.
Contudo, devido a dificuldades para acoplar à lSS, a Nasa decidiu retornar a cápsula vazia e reposicionar os astronautas para uma missão com a SpaceX neste ano.
Mas a SpaceX também enfrentou atrasos. O lançamento da nova cápsula que viabilizaria o retorno de Butch e Suni, preparada para substituir a anterior, teve que ser adiado devido a ajustes técnicos, o que prolongou ainda mais a missão dos dois.
Com isso, devido a esses atrasos na produção da cápsula da SpaceX, a equipe de gerenciamento da missão decidiu usar uma cápsula Dragon Endurance, utilizada previamente em diversas missões à ISS.
Assim, o lançamento, inicialmente previsto para 25 de março, foi antecipado para 12 de março e depois adiado para esta sexta-feira (14).
A Crew-9 está programada para retornar à Terra na quarta-feira, 19 de março de 2025. No entanto, a data ainda pode sofrer ajustes.
Butch Wilmore e Suni Williams, astronautas da Nasa que estão ‘presos no espaço”.
Nasa
Histórico do problema
Butch Wilmore e Suni Williams decolaram no início de junho de 2024 a bordo da Starliner e, desde então, estão na ISS.
A cápsula deveria trazê-los de volta à Terra oito dias depois, mas problemas detectados em seu sistema de propulsão levaram a Nasa a questionar sua confiabilidade.
A principal preocupação era que a Starliner não conseguisse alcançar o impulso necessário para sair da órbita e iniciar sua descida à Terra.
Com isso, uma missão regular da SpaceX, chamada Crew-9, decolaria no final de setembro, mas com apenas dois astronautas a bordo, em vez de quatro.
Ela permaneceria acoplada à ISS até o seu retorno planejado à Terra em fevereiro. Portanto, traria de volta os dois astronautas que viajaram Boeing, além dos dois tripulantes da Crew-9.
A cápsula Starliner da Boeing é vista acoplando à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
Nasa
Contudo, em setembro, a Nasa optou pelo retorno da Starliner sem tripulação para a Terra.
Assim, a decisão da volta pela SpaceX foi tomada pela Nasa e discutida com a Boeing.
A escolha da Nasa pela SpaceX para trazer os astronautas de volta é uma das mais importantes nos últimos anos.
Há dez anos, a Nasa encomendou uma nova cápsula à Boeing e outra à SpaceX para transportar seus astronautas até à ISS. Com dois veículos disponíveis, haveria uma solução viável em caso de problemas em um deles, mas a empresa do magnata Elon Musk prevaleceu sobre a Boeing.
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