
Ivanildo Costa de Souza, de 58 anos, é réu por estuprar três meninas de 8 a 14 anos. O g1 identificou nove servidores federais entre 149 mil procurados pela Justiça com mandados de prisão em aberto, segundo banco de dados oficial. Ivanildo Costa de Souza, funcionário federal que atua no governo de Roraima
Reprodução/redes sociais
Réu por estuprar três meninas em Roraima, o servidor público federal Ivanildo Costa de Souza, de 58 anos, está na lista de foragidos da Justiça com mandado de prisão em aberto. Ele é um dos pelo menos oito servidores federais procurados há meses que continuam soltos, segundo levantamento exclusivo do g1 divulgado nesta sexta-feira (14).
EXCLUSIVO: Servidores federais estão em banco de procurados pela Justiça e não são presos
Ivanildo é funcionário federal desde 1984, e atua desde 1991 como auxiliar operacional de serviços diversos na Secretaria de Gestão Estratégica e Administração do Estado (Segad) de Roraima, em Boa Vista.
As vítimas de Ivanildo tinham idades entre 8 e 14 anos quando foram violentadas. Os crimes aconteciam desde 2013 e foram denunciados em outubro de 2024. Ele era do convívio familiar das três meninas.
Em setembro de 2024, o Tribunal de Justiça de Roraima expediu um mandado de prisão preventiva contra ele. Em novembro do mesmo ano, ele se tornou réu após o juiz Thiago Russi Rodrigues, da Vara de Crimes contra Vulneráveis, aceitar a denuncia oferecida pelo do Ministério Público de Roraima (MPRR).
Estupros foram entre 2013 e 2024
As três vítimas foram violentadas por Ivanildo em datas diferentes. Mas, em todos os casos, ele se relacionava com parentes próximos às meninas.
De acordo com a denuncia do MP, uma delas, hoje com 23 anos, começou a ser violentada por Ivanildo em 2013, quando tinha 12. À época, ele namorava com a mãe da jovem.
A segunda vítima, hoje com 15, foi estuprada em diversas ocasiões enquanto ainda era criança. O servidor federal era namorado da avó dela.
A vítima mais recente de Ivanildo tem hoje 9 anos. Os crimes ocorreram entre os anos de 2023 e 2024, quando ele namorava a avó da criança.
Desde que o mandado de prisão preventiva foi expedido, ele não aparece mais no local de trabalho, segundo colegas e o próprio órgão. Um processo administrativo disciplinar foi instaurado para avaliar o caso. O g1 procurou a defesa do servidor que disse que, devido ao sigilo do processo, não vai se manifestar.
Procurada, a Segad informou que servidor federal lotado na pasta, encontra-se ausente de suas atividades desde setembro de 2024, sem apresentar justificativa formal.
O Tribunal de Justiça de Roraima e a vara criminal afirmaram que o mandado segue vigente.
Servidores federais estão em banco de procurados pela Justiça
Pelo menos oito servidores públicos federais são procurados pela Justiça há meses, mas não são presos. É o que mostra um levantamento exclusivo feito pelo g1, a partir de informações de 149 mil mandados de prisão. Para especialistas, ter procurados no serviço público mostra que o Brasil enfrenta falhas na gestão de informações.
O levantamento considerou quase a metade dos 326 mil mandados de prisão existentes no país. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que tem os dados de todos os mandados, informou que não poderia fornecer detalhes dos 180 mil mandados que faltavam (clique aqui e veja como a apuração foi feita).
Para Rafael Alcadipani, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a dificuldade em cumprir mandados de prisão contra servidores evidencia falhas na gestão de informações pelo Poder Público brasileiro.
“Isso é uma amostra da dificuldade, do amadorismo com que a gente lida [com casos de pessoas procuradas pela Justiça]. Estamos na era digital, falando de inteligência artificial, enquanto o Estado brasileiro ainda é analógico na sua gestão de informações”.
“Existe um descompasso gritante entre o que se tem de tecnologia e de possibilidade de gestão de dados hoje, e aquilo que a gente entrega para o cidadão. Não é razoável você supor que uma pessoa que está sendo procurada pela Justiça está trabalhando em uma repartição pública”.
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