Tarifaço de Trump: governo Lula aposta em pressão de empresários dos EUA para rever taxas e evita dar prazo para resposta


Tarifa de 25% sobre aço e alumínio, que afeta o Brasil, entrou em vigor na quarta (12). Governos dos dois países criaram grupo de trabalho para discutir o tema. Trump ameaça impor mais tarifas após retaliação de UE e Canadá
O governo brasileiro acredita que a pressão de empresários americanos será importante para fazer a Casa Branca recuar nas tarifas na importação de aço e alumínio do Brasil.
Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não determinam um prazo para encerrar as negociações com autoridades americanas e não descartam medidas de retaliação caso não haja acordo.
A tarifa imposta pelo governo de Donald Trump de 25% sobre o aço e o alumínio importados, o que atinge os setores no Brasil, entrou em vigor na quarta-feira (12), mas há uma negociação em curso, liderada no lado brasileiro pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
Há previsão de uma conversa entre técnicos dos dois países nesta sexta-feira (14). Fontes do governo brasileiro reforçam que a ideia é não retaliar neste primeiro momento, já que tentam convencer os americanos de que a tarifa é prejudicial para a própria economia deles.
Neste sentido, auxiliares de Lula identificam indícios de que as tarifas aos produtos brasileiros não seriam do interesse do setor privado americano, o que pode auxiliar em um recuo. O Brasil, por exemplo, vende aço semiacabado, muito utilizado na indústria americana.
O governo Lula também conversa com empresários brasileiros para verificar o impacto da taxação e se uma eventual retaliação poderia piorar a situação dos produtores nacionais.
Alternativas
Trump e Lula
Reuters
A prioridade do Brasil é chegar a um acordo para rever as taxas ou estabelecer cotas, com as quais só seriam tarifados volumes de aço e alumínio que excedessem o limite determinado.
Caso não haja sucesso na negociação, uma opção de resposta avaliada é taxar produtos específicos que os Estados Unidos vendem para o Brasil, considerada mais amena do que uma medida de reciprocidade, na qual seriam cobradas as mesmas taxas impostas pelo governo americano.
Em janeiro, Lula afirmou que haveria reciprocidade caso os produtos brasileiros fossem taxados. Ele foi convencido, por ora, a aguardar as negociações, mas nesta quinta-feira (13) falou sobre o tema, em uma rede social, sem citar os Estados Unidos.
“Reciprocidade e diálogo são princípios que devem nortear a relação entre países. O Brasil é, e vai continuar sendo, dos brasileiros”, publicou.
Um projeto em análise no Senado que trata de reciprocidade ambiental entre países, apresentado pela senadora de oposição Tereza Cristina (PP-MS), foi bem avaliado no governo porque pode ser útil no contexto atual.
União Europeia
A diplomacia brasileira avalia que a conjuntura de tarifaços de Trump, em um cenário de mercados mais fechados, pode acelerar a tramitação do acordo comercial com o Mercosul.
O acordo precisa passar pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho da União Europeia, os dois principais órgãos de decisão do bloco.
Diante do cenário atual, há otimismo entre auxiliares de Lula para um desfecho da tramitação até dezembro, quando o Brasil sediará a cúpula do Mercosul. No momento, a presidência rotativa do bloco está com a Argentina de Javier Milei. O Brasil comandará o grupo no segundo semestre.
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