Espada francesa do século 19 é encontrada por amigos durante banho no rio Calçoene, no Amapá


Dupla de amigos conversou com o g1 e deu detalhes sobre o achado. Historiador disse que a espada era parte da infantaria francesa, em 1828. Espada francesa foi encontrada no município de Calçoene
Isadora Pereira/g1
Uma descoberta surpreendente foi feita no interior do Amapá pelos amigos Rafael Gomes e Jamacel de Jesus. Durante mergulho no rio Calçoene, eles encontraram uma espada francesa do século 19 próximo à ponte das Sete Ilhas.
A dupla encontrou a espada durante um banho de rio, na cidade que fica distante cerca de 356 quilômetros de Macapá.
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A espada, que mede 63,5 centímetros de comprimento e tem uma lâmina de 48,5 centímetros, é um exemplar raro da antiga espada curta da infantaria francesa do período de Napoleão Bonaparte, em 1828.
Espada francesa foi encontrada no município de Calçoene
Isadora Pereira/g1
Rafael Gomes, de 39 anos, que é lojista e minerador, contou ao g1 sobre o momento em que encontrou o artefato.
“Nós estávamos no dia de lazer, de banho, vimos próximo à uma pedra, a ponta dela estava para fora e nós desenterramos. Nesse mesmo local já encontramos diversas moedas e até uma rapieira – espada longa usada por mosqueteiros”, disse.
Espada francesa foi encontrada no município de Calçoene
Isadora Pereira/g1
O lojista, ao encontrar a espada, fez uma breve pesquisa para confirmar suas suposições. Ele constatou que se tratava de uma rara antiga espada curta usada em batalhas sangrentas para a disputa de territórios e riquezas.
“Isso é parte da nossa história, sem falar na conservação desse artefato. Está perfeito, é um material duradouro que a gente poder estar expondo em algum local aqui do nosso Estado”, contou.
O Contestado Franco-Brasileiro
De acordo com o historiador Célio Alício, a espada pode ter sido usada durante o período do Contestado Franco-Brasileiro, um conflito territorial que ocorreu entre o Brasil e a França no século 19.
O Contestado Franco-Brasileiro foi um conflito territorial que ocorreu entre o Brasil e a França no século 19. A disputa começou em 1713, quando o Tratado de Utrecht estabeleceu a fronteira entre os domínios portugueses e franceses na América do Sul.
“Esse artefato não deixa de ser algo típico em uma região onde durante mais de 200 anos foi alvo de disputa, política, militar e diplomática, primeiramente entre Portugal e França no começo do século 17, e a partir da independência do Brasil, no século 19 entre França e Brasil, tanto que a partir daí esse episódio passa a ser chamado na França de Contestado Franco-Brasileiro”, contou o historiador.
Área do Contestado Franco-Brasileiro
ResearchGate/Reprodução
No entanto, após a independência do Brasil, a França reabriu a questão em 1825, no século 19. Alegando que a fronteira deveria ser estabelecida no rio Amazonas. O conflito se arrastou por décadas, até que os direitos do Brasil foram defendidos no tratado assinado em 1897.
“Essa disputa entre Portugal e França e depois Brasil e França é justamente por uma área com uma terra no extremo norte do Brasil entre o atual Amapá e a Guiana Francesa que muito rica em Minério despertou a cobiça não só de portugueses e franceses mas também de outros países, já visto que além de França e Portugal outros países também incursionaram por essa região em busca das suas riquezas naquele período”, explicou o historiador.
A sentença final do Conselho Federal Suíço, em 1900, definiu que a solução brasileira deveria ser adotada integralmente, estabelecendo o rio Oiapoque como a fronteira entre os dois países.
Espadas eram numeradas conforme infantaria
Isadora Pereira/g1
Registro da História
O historiador destacou ainda que o achado é de grande importância para o registro da história amapaense, e leva a ajudar na compreensão do contexto da disputa por riquezas. A disputa pelas riquezas da região foram custaram a vida de muitas pessoas ao longo de mais de 200 anos.
“Ocasionalmente se encontram restos daquele período, assim como essas espadas e documentos, moedas e outros artefatos, outras coisas, outros objetos daquela época, que demonstram muito bem não somente a realidade dos fatos, o que realmente ocorreu e, contudo, para estudos mais aprofundados, mais detalhados”, finalizou.
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