Escorpião que cospe veneno é descoberto em floresta colombiana

Nova espécie de escorpião é capaz de liberar veneno através de seu ferrão.Léo Laborieux/Zoological Journal of the Linnean Society/Divulgação

Na densa floresta tropical da Colômbia, o estudante de mestrado Léo Laborieux, da Universidade Ludwig Maximilian de Munique, descobriu a inédita espécie de escorpião Tityus achilles, capaz de lançar seu veneno a mais de 36 cm de distância.

Publicado no Zoological Journal of the Linnean Society, o estudo aponta que essa estratégia, possivelmente desenvolvida para afastar predadores, confere uma defesa diferenciada e sofisticada.

A pesquisa revelou que o escorpião utiliza dois modos distintos de projeção do veneno.

Em um deles, similar ao mecanismo de uma cobra cuspidora, o animal salpica o veneno de forma abundante; no outro, movimenta rapidamente a cauda para lançar gotas da toxina.

Apenas duas entre as 2.500 espécies conhecidas de escorpiões apresentavam esse comportamento: uma encontrada na América do Norte e outra na África.

Adaptação evolutiva

A análise de vídeo em laboratório confirmou que o escorpião realizou um disparo sequencial de gotas de veneno, comportando-se de forma marcadamente diferente para repelir ameaças.

MASSIVELY excited to see Tityus achilles, South America’s first #venom spraying #scorpion, finally described in @ZoolJLinnSoc !
This new species from #Colombia can spray venom at potential predators, a striking case of convergent #evolution 🧵 (1/n) https://t.co/UI4husTyKA pic.twitter.com/wr8zxDTb3s

— Léo Laborieux (@leolaborieux) December 17, 2024

Laborieux assume que essa adaptação não seria direcionada à captura de presas – que incluem centopéias e aranhas com exoesqueletos resistentes – mas sim para afastar predadores, como roedores. “Notavelmente, esta espécie é capaz de cuspir veneno, sendo uma primeira tanto para o gênero quanto para o continente sul-americano.”

Além disso, o pesquisador destacou uma característica singular: o uso de uma reserva abundante de uma secreção semelhante a um “preveneno“, que é empregada inicialmente, reservando o veneno mais tóxico para situações de perigo iminente. “A nova espécie usa uma reserva anormalmente grande de secreção semelhante à do preveneno para pulverização, ao contrário do veneno caro usado por outros escorpiões pulverizadores”, escreveu Laborieux.

Observações no laboratório

Inicialmente interessado em estudar mariposas na região central da Colômbia, Laborieux acabou por mudar o foco após falhar na captura dos insetos.

Durante uma tentativa, um escorpião foi encontrado dentro do recipiente de coleta demonstrando comportamento anômalo, que posteriormente, por meio de análise em vídeo no laboratório, confirmou a característica de esguicho de veneno.

A esquerda, a nova espécie T. achilles. A direira, outra espécie colombiana, T. (Atreus) icarus.Léo Laborieux/Zoological Journal of the Linnean Society/Divulgação

Próximos passos

Apesar do avanço, os pesquisadores ressaltam que mais estudos são necessários para compreender a extensão dos efeitos do veneno, inclusive seu potencial impacto em seres humanos.

A comparação é feita com o escorpião do sul africano, Parabuthus transvaalicus, cujo veneno pode causar cegueira temporária se atingir os olhos.

Essa nova descoberta abre caminho para investigações futuras sobre a eficácia e as particularidades desse mecanismo de defesa adaptativo.

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