
Empresa deve detalhar cumprimento do plano de recuperação judicial e a atual situação financeira da Avibras. Avibras – Jacareí
Claudio Vieira/Sindicato dos Metalúrgicos
A Avibras vai realizar nesta terça-feira (11) uma assembleia geral para explicar aos credores sobre o cumprimento do plano de recuperação judicial e sobre a atual situação financeira da empresa. O encontro, previsto para iniciar às 12h, acontece por determinação da Justiça.
A ordem é do juiz Matheus Amstalden Valarini, da 2ª Vara Cível de Jacareí, que atendeu a um pedido feito pela Brasil Crédito, uma das credoras da Avibras.
Na decisão, o magistrado citou que “há relatos da existência de interessados na operação e em ativos da recuperanda [Avibras], o que pode ser discutido pelos credores”. Além dos credores, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos informou que irá participar, representando os trabalhadores.
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Na assembleia, a Justiça determinou que a Avibras esclareça pontos como as providências adotadas para o cumprimento do plano de recuperação; o projeto de negócios a ser implantado para retomar as atividades; e os meios viáveis para buscar o erguimento da empresa.
Avibras
Reprodução/TV Vanguarda
Penhora de ações
No fim de fevereiro, a Justiça determinou a penhora das ações da Avibras que estão em nome da empresa Rocket Bridge. A decisão é da 37ª Vara Cível de São Paulo.
A empresa Rocket Bridge tem como dono João Brasil Carvalho Leite, que também é diretor-presidente da Avibras. João Brasil tinha 94% das ações da Avibras, mas, no ano passado, ele transferiu essas ações para a Rocket Bridge.
A decisão da 37ª Vara Cível da capital foi tomada a pedido do “Fundo de Investimentos Brasil Crédito”, que cobra uma dívida de R$ 187 milhões de João Brasil.
A Avibras, que é controlada pela Rock Bridget, informou que vai recorrer da decisão que penhorou as ações e que a medida não compromete o processo de entrada de um investidor.
Negociação de venda
No início de dezembro do ano passado, o investidor brasileiro que negociava a compra da Avibras informou que desistiu do negócio. A decisão foi comunicada por meio de uma carta.
No documento, o grupo de investidores informou que “não foram cumpridas as condições precedentes consideradas como essenciais ao fechamento do negócio dentro do prazo estabelecido em contrato”.
Na ocasião, a Avibras informou que a conclusão do negócio dependia de vários fatores e do cumprimento de uma série de condicionantes estabelecidas no contrato – como nem todas as condicionantes foram cumpridas nesse período, o investidor decidiu desistir da compra.
Antes da desistência do negócio, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos havia definido que os trabalhadores da Avibras só iriam votar a proposta apresentada pelos investidores após a conclusão da compra da companhia pelo investidor.
No fim de janeiro, a Avibras anunciou novas negociações para venda da indústria a uma empresa saudita. Segundo o comunicado, as tratativas eram ‘avançadas’ com a empresa Black Storm Military Industries.
Investidor desiste da compra da Avibras
Crise da Avibras
Confira a linha do tempo da crise e da situação da Avibras:
março de 2022: a Avibras pediu recuperação judicial alegando uma dívida de R$ 600 milhões
setembro de 2022: os trabalhadores entraram em greve por causa dos atrasos nos salários
julho de 2023: o plano de recuperação judicial foi aprovado
abril de 2024: a Avibras anunciou que negociava a venda para a empresa australiana Defendtex
junho de 2024: a Defendtex desistiu da compra
junho de 2024: o Ministério da Defesa informou que a Avibras havia recebido nova proposta, desta vez de um possível investidor chinês
outubro de 2024: a Avibras afirmou que negociava com um investidor brasileiro
dezembro de 2024: o investidor brasileiro desistiu do negócio
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a dívida adquirida pela Avibras durante o período de recuperação judicial – de 2022 para cá – é de mais de R$ 320 milhões.
Quando o processo de recuperação começou, a empresa de Jacareí tinha cerca de 1,4 mil funcionários. Atualmente, são 919 funcionários, que estão em greve desde setembro de 2022.
A Avibras
A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos. Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.
A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.
Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve motores de foguetes para as forças armadas, entre outras coisas.
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