
Você pode até não gostar, mas com certeza já ouviu falar em Beethoven, o grande compositor de música clássica responsável por melodias marcantes como “Für Elise” e diversas “Piano Sonatas”. No entanto, pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) descobriram, em 2011, que uma de suas composições pode eliminar até 20% das células cancerígenas do corpo.

Estudo da UFRJ revelou que a Sinfonia de Beethoven levou à morte de 20% das células MCF-7, um tipo de câncer de mama humano – Foto: Canva/ND
O estudo, coordenado pela biofísica Márcia Capella, analisou o impacto de diferentes composições clássicas em culturas celulares. Os pesquisadores observaram que a Quinta Sinfonia de Beethoven e a peça Atmosphères, de György Ligeti, levaram à morte de 20% das células MCF-7, um tipo de câncer de mama humano.
Já a Sonata para dois pianos em ré menor, de Mozart, apesar de não reduzir a viabilidade celular, alterou o ciclo celular. Outras células testadas, como as de leucemia e renais, não apresentaram os mesmos efeitos.
A relação entre a música e a biologia das células
O estudo da UFRJ reforça pesquisas anteriores que indicam que frequências sonoras podem influenciar a biologia celular. Um exemplo é o artigo A Pilot Study on the Effect of Audible Sound on the Growth of Escherichia coli, publicado na revista Colloids and Surfaces B, que demonstrou como vibrações sonoras afetam a atividade enzimática e o metabolismo de micro-organismos.

O estudo da UFRJ reforça pesquisas anteriores que indicam que frequências sonoras podem influenciar a biologia celular – Foto: Canva/ND
Outro estudo, publicado no Journal of the Acoustical Society of America, apontou que determinados padrões rítmicos podem afetar células tumorais, sugerindo que a música pode interferir na estrutura celular por meio da ressonância sonora.
O que o futuro musical espera?
Apesar dos resultados, Marcia Capella alerta que ainda é cedo para falar em aplicações clínicas. Vale ressaltar que a música já é usada na musicoterapia, ajudando em tratamentos de diversas doenças, mas a sua eficácia contra o câncer ainda precisa ser estudada com mais detalhe.
Apesar de o estudo ter sido publicado há mais de 10 anos e não ter recebido atualizações, a especialista destaca que o próximo passo seria identificar quais elementos musicais – ritmo, frequência ou timbre – são responsáveis pelos efeitos observados. Além disso, antes de qualquer aplicação terapêutica, a técnica precisa ser testada em organismos vivos.

O próximo passo seria identificar quais elementos musicais – ritmo, frequência ou timbre – são responsáveis pelos efeitos observados – Foto: Canva/ND