Conheça Lucas Guimaraens, Poeta Homenageado do 2.º Fliparacatu


Bisneto do poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens e sobrinho-neto de Alphonsus de Guimaraens Filho, Lucas é autor de livros de poesias e ensaios Lucas Guimaraens vem de uma linhagem de escritores que remonta 400 anos de poetas na família. Dentre os mais conhecidos estão Bernardo Guimarães, que escreveu o romance “Escrava Isaura” e o poema erótico “O Elixir do Pajé”; Alphonsus de Guimaraens, poeta simbolista, autor de “Ismália”; João Alphonsus, poeta que se destacou como contista e foi responsável por introduzir esse formato literário no modernismo brasileiro; Alphonsus de Guimaraens Filho, integrante da geração de 45 do modernismo; e Afonso Henriques Neto, que fez parte da geração marginal, ou geração mimeógrafo, iniciando o movimento junto a Eudoro Augusto. E é então que chega o momento em que o galho da árvore genealógica encontra Lucas, que é o Poeta Homenageado da 2.ª edição do Festival Literário Internacional de Paracatu, o Fliparacatu.
Lucas integra uma linhagem familiar de múltiplos autores
Cabinejb
As marcas dos escritores da família fazem parte tanto da própria família quanto de Lucas, o que representa uma bagagem para sua escrita. No entanto, essa herança não representa uma inclinação ou incumbência para o poeta, que sempre se inspirou no fazer poético, prática essa que faz na vida do escritor presente desde pequeno, quando traçou seus primeiros versos aos três anos de idade. Como a casa onde passou sua infância vivia repleta de poetas, a poesia se tornou tangível: “Descobri muito cedo que o poeta é um ser humano real, de carne e osso, que nasce, cresce, envelhece e morre, e que é possível ter a expressão da poesia como uma forma de se comunicar com o mundo”, afirma.
Enquanto escritor, Lucas Guimaraens possui também obras de filosofia publicadas na França, referentes à obra de Michel Foulcault, sobre a dignidade humana e sobre a escrita poética como patrimônimo imaterial da humanidade, realizando um recorte dos poetas mineiros, desde os inconfidentes até os chamados “letristas” do Clube da Esquina. Ainda assim, Guimaraens conta que a poesia foi a única abertura que ele teve. Com alguns contos e outras pequenas narrativas assinadas com seu nome, o escritor é modesto e diz não acreditar que sejam bons o suficiente. Filósofo como é, menciona Immanuel Kant ao concordar que a poesia é a mais perfeita forma de arte, uma maneira de alcançar algo metafísico. No entanto, Lucas vai além: ele já não vê a poesia como um meio de atingir o metafísico, mas sim a arte como um todo. A poesia, especificamente, surge como uma forma de comunicação consigo mesmo, com os outros e com o mundo.
Quando questionado sobre o que guia seu processo de escrita, Lucas respondeu: o espanto. Ele se espanta com o belo, com a alegria (“a prova dos nove”, referenciando Oswald de Andrade, poeta modernista). Lucas se espanta com a indignação e com a própria vida, temas que refletem em poemas que podem ser considerados, por vezes, subversivos ou revoltados, principalmente por questões sociais. Ao mesmo tempo, o Poeta Homenageado do 2.º Fliparacatu também conta com versos introspectivos que tratam de temas intensos como amor ou doença.
Sobre seus hábitos de leitura, Lucas diz conviver com uma pilha de livros ao seu lado. Ele dedica determinados momentos a um ou dois livros, como “A Bandeja de Salomé” de Adriane Garcia, mas também expressou o desejo de reler “Grande Sertão: Veredas”. Essa motivação parte de um acontecimento recente, quando descobriu uma edição que havia presenteado sua “tia mãe”, que faleceu há pouco tempo, e essa edição continha várias anotações feitas por ela. Indo além, o poeta busca estar em contato com os clássicos, como a obra completa do espanhol Federico García Lorca. No geral, Lucas Guimaraens não tem um estilo preferido de leitura – o que prefere é uma escrita bem feita e um assunto relevante, seja pela capacidade de transmitir um sentimento ou pela sua temática, seja social ou identitária.
Guimaraens, hoje, possui relevantes textos e ensaios críticos, como os dos compositores Milton Nascimento, Márcio Borges e Murilo Antunes e dos escritores Antônio Carlos Secchin (ABL), Cláudio Willer (Geração Novíssimos de São Paulo), Edimilson de Almeida Pereira, Ana Elisa Ribeiro, Adriane García, entre outros. Seus poemas já foram recitados por renomados artistas, como é o caso de Antônio Fagundes, em seu Instagram.
Pão & Poesia
O trabalho de Lucas Guimaraens é exaltado no Projeto Pão e Poesia, que transforma sacos de pão em suportes literários. Durante o período que antecede o festival, sacos de pão personalizados com poemas são distribuídos em padarias e panificadoras da cidade. Implementado desde a edição de estreia do Fliparacatu, o projeto Pão e Poesia leva a literatura para mais perto das pessoas e contribui para o fortalecimento do comércio desses estabelecimentos.
Sacos de pão são o veículo de poemas de Lucas Guimaraens, homenageado pelo 2.º Fliparacatu
Divulgação
Os versos que compõem os sacos de pão, disponíveis em tamanhos de 1kg, 2kg e 5kg, são, cuidadosamente selecionados e convidam os clientes a se tornarem leitores – estendendo, também, o convite para participar do 2.º Fliparacatu, que se realiza entre os dias 28 de agosto e 1.º de setembro, no Centro Histórico do município.
Segundo Guimaraens, que descreve o projeto com os substantivos conhecimento, sensibilidade e vida, existe um ciclo de autor e coautores, e os coautores são tantos quantos forem os leitores. Lucas ainda vai além e diz que, ao preencher as lacunas cognitivas inerentes a cada ser humano, a arte permite que haja um relacionamento interior em cada um, que expande e estabelece um relacionamento com o outro e com o próprio mundo. Dessa forma, é possível ter um entendimento de mundo a partir dessa literatura compartilhada no projeto Pão e Poesia, de modo que se torna possível se colocar em diferentes realidades e, assim, ter a capacidade de sentir empatia perante o outro.
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