
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, houve um aumento de 21% dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no SUS e 23% no sistema particular. Paciente em leito de UTI em hospital do Rio Grande do Sul
Reprodução/RBS TV
Há cinco anos, o Rio Grande do Sul vivia o início da pandemia da Covid-19. Em 10 de março de 2020, o RS teve o primeiro caso confirmado do Coronavírus divulgado pelo governo estadual. A rápida expansão dos casos graves gerou sobrecarga no sistema de saúde. As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) tiveram de ser ampliadas para lidar com o número crescente de pacientes.
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No RS, a emergência sanitária levou a um reforço significativo na infraestrutura hospitalar. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), esse reforço permanece cinco anos depois.
A SES afirma que entre março de 2020 e março de 2025, houve um aumento de 21% de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ofertados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) de forma permanente. Em 2020 o Estado contava com 1.520 vagas de terapia intensiva na rede pública; agora, são 1.844, com vagas entre UTIs adulto, pediátrico e neonatal. Veja detalhes abaixo.
Leitos UTIs – SUS
Para a secretária adjunta de Saúde, Ana Costa, a pandemia acelerou um processo que já era necessário.
“Talvez a gente não pode chamar de legado uma coisa tão triste que foi a pandemia. Mas acabou ficando no espaço do Estado e de todo o país. O Estado do Rio Grande do Sul foi um que usou tudo o que podia desse momento pra evoluir”, afirma a secretária.
Até 2025, foram mais 3 milhões de casos de covid-19 confirmados no estado, com mais de 130 mil necessitando de hospitalização, segundo a SES. As UTIs adultos chegaram, no auge da pandemia, a contar com 1.598 novos leitos, alcançando um total de mais de 3,4 mil vagas, segundo a Secretaria Estadual da Saúde. Hoje, possui 1.293.
“Esse esforço mútuo do Estado, com os hospitais, com as próprias habilitações, permitiu, com que a gente, em situação acelerada, montasse os leitos da necessidade daquele momento. E depois a gente mantivesse aqueles que era possível manter”, explica a secretária-adjunta.
A partir do avanço da vacinação contra a covid-19, contudo, os casos graves começaram a reduzir e, consequentemente, o número de internações também. Segundo Ana Costa, nesse período, os leitos abertos de forma emergencial, que não estavam mais em uso, passaram a ser fechados ou readequados.
“A gente teve situações, por exemplo, de montar leitos de UTI em salas de recuperação, de cirurgia naquele momento e que depois precisaram ter a sua estrutura dentro do hospital adequada pra receber os leitos da maneira natural. Então, a gente teve a situação emergencial e a situação de continuidade”, afirma a secretária adjunta.
Em 2021, hospitais do RS registraram aumento em internações por Covid em leitos clínicos e de UTI
Reprodução/RBS TV
Aumento na rede privada
Na rede privada, o aumento em leitos de UTIs é superior ao número dos geridos pelo SUS. Em 2020, o Estado contava com um total de 2.392 vagas desta categoria, entre UTIs adulto, pediátrica e neonatal. Atualmente, esse número chega a 2.951 — o que representa um aumento de 23% em cinco anos. Veja detalhes abaixo.
Leitos UTIs – Particular
Aumento positivo, mas ainda insuficiente, dizem especialistas
Paulo Gewehr, médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento, ex- Diretor Científico da Sociedade Gaúcha de Infectologia e conselheiro do Cremers, o acréscimo de leitos é positivo, mas ainda insuficiente para as necessidades do Estado.
Na avaliação do médico, também há um problema na concentração dessas vagas que estão, principalmente, nas entre as maiores regiões.
“Isso é um problema que já existia antes para outras doenças, mas ficou muito evidente na COVID-19. E nesse sentido, a gente tem que falar do legado da pandemia, de deixar um sistema de saúde mais forte, com investimento, com profissionais e estrutura, de descentralizar esse sistema de saúde”, afirma o médico.
Dos 1.293 leitos de UTIs do SUS no Rio Grande do Sul, 572 estão em Porto Alegre, segundo a Secretaria Municipal da Saúde. Isso representa quase a metade dos leitos de UTI, com cerca de 44%. Sendo o restante, dividido nos municípios.
Em 2022, alguns leitos de UTI Covid foram revertidos para atender outras doenças no RS
Profissionais especializados, saúde integrada e prevenção
De acordo com o secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, a pandemia foi uma prova de fogo para todos e deixou como aprendizado a relevância da integração entre os diferentes níveis de atendimento da saúde municipal, além da importância da qualificação de profissionais da saúde.
“O período crítico evidenciou a necessidade de melhores condições de trabalho, capacitação contínua e políticas de suporte para esses profissionais, que estiveram na linha de frente do combate à Covid-19”, afima.
A ampliação dos leitos também refletiu no número de equipamentos e profissionais distribuídos pelas instituições de saúde, conforme a Secretaria Estadual de Saúde. Para Paulo Gewehr, a pandemia desafiou o sistema de saúde no mundo inteiro colocando à prova o conhecimento de profissionais e estrutura e funcionamento da saúde pública.
“Isso é um outro legado da pandemia. A questão da gente ter profissionais formados, especializados, de alta qualidade e com experiência. Então, é importante a gente ter enfermeiros, médicos, farmacêuticos e por aí vai”, finaliza o médico.
Por fim, para a secretária adjunta Ana Costa, a pandemia deixou de legado a importância da união de esforços na saúde pública, além da relevância das prevenções e dos cuidados.
“Se a gente, por um lado, entende que está mais preparado, por outro lado, nós não podemos perder a atenção. Cada um no seu papel, sociedade civil, profissionais, serviços, no Estado, como um governante, para que a gente possa juntos, obviamente, enfrentar melhor o que vier, mas evitar o que for possível evitar”, finaliza.
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