‘É uma limpeza étnica, um genocídio’, diz alauita sobre confronto na Síria que matou mais mil pessoas em 4 dias


‘Precisamos de uma intervenção internacional, talvez das Nações Unidas. A Síria é nossa pátria’, afirma homem em entrevista ao Fantástico. Desde a quinta-feira (6), forças de segurança síria e forças ligadas ao antigo regime do ditador Bashar al Assad estão em confronto no Noroeste da Síria.
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Desde o dia 6 de março, forças de segurança Síria e forças ligadas ao antigo regime do ditador Bashar al Assad estão em confronto no Noroeste da Síria. O Fantástico conversou com um porta-voz da associação de alauitas da Europa, que está em contato direto com moradores da região.
“É uma limpeza étnica, um genocídio”, diz Mert, que pediu para não mostrar o rosto com medo de ser perseguido.
Segundo ele, forças do governo de damasco têm invado as casas de famílias alauitas em Tartus e Latakia — essa região é berço da comunidade alauita, minoria à qual pertence o ex-ditador Assad.
Mert explica que muitos integrantes da comunidade eram contrários ao regime de Assad e afirma que apenas sunitas extremistas defendem a perseguição aos alauitas.
“Precisamos de uma intervenção internacional, talvez das Nações Unidas. A Síria é nossa pátria. Eles estão destruindo nossos templos sagrados, nossa cultura, nossa história, nossa identidade”, diz o representante.
Ele ainda afirma que o número de mortos é muito maior do que o contabilizado pelo Observatório Sírio de Fireitos humanos. A organização, que tem sede em Londres, monitora o conflito na síria desde 2011, quando a guerra civil começou.
O governo sírio diz que o exército fazia uma operação em Lataskia quando foi atacado e respondeu com envio maciço de tropas. Mas os alauitas negam essa versão do governo. Dizem que estão sendo alvo de limpeza étnica promovida pelos radicais de vertente sunita que tomaram o poder em dezembro de 2024.
Segundo o Observatório dos Direitos Humanos da Síria, mais de mil pessoas já morreram desde quinta-feira. Dessas, 750 são civis alauitas.
Organizações denunciaram que forças de seguranças do governo mataram quase 800 civis alauitas.
Os Estados Unidos e a Rússia pediram que o Conselho de Segurança da ONU se reúna na segunda-feira (10) para discutir a escalada de violência na Síria.
Volker Türk, que é chefe do Comitê de Direitos Humanos da ONU, e o Departamento de Estado Americano EUA cobraram neste domingo (9) a ação do governo sírio para impedir o massacre de minorias que vivem no país.
Neste domingo (9), o governo divulgou um comunicado dizendo que vai criar um comitê independente para investigar os confrontos e divulgar uma conclusão em 30 dias. Também disse que está comprometido com a paz.
Volker Türk afirmou que o governo interino da Síria deve investigar e punir rapidamente os responsáveis pelo que chamou de “execuções sumárias com bases sectárias”.
O Departamento de Estado Americano divulgou uma nota condenando o que chamou de “terroristas radicais islâmicos que estão matando pessoas na região oeste da Síria”.
O comunicado afirma que os Estados Unidos defendem as minorias religiosas e étnicas da Síria: cristãos, druzos, alauitas e curdos. A nota também oferece condolências às vítimas e suas famílias, e conclui: “as autoridades interinas da síria devem punir aqueles que estão executando esses massacres”.
Ainda neste domingo, centenas de pessoas foram às ruas de Damasco (capital da Síia) para protestar contra a violência nas cidades costeiras da Síria. Os manifestantes pediram por uma síria livre, construída por diferentes grupos.
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