
Documento foi protocolado pelo deputado estadual Leandro de Jesus (PL). Ação da Polícia Militar ocorreu na terça-feira (4), último dia de Carnaval na capital baiana. Deputado estadual Leandro de Jesus (PL)
Reprodução/Redes Sociais
O deputado estadual Leandro de Jesus (PL) protocolou, nesta quinta-feira (6), na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), uma moção de aplausos destinada aos policiais militares que atuaram na operação que terminou com a morte de 12 suspeitos de integrar uma facção criminosa, no bairro de Fazenda Coutos, no subúrbio de Salvador, na terça-feira (4).
De acordo com o documento protocolado pelo deputado Leandro de Jesus (PL), “a Polícia Militar da Bahia (PM-BA), por meio da Rondesp, atuou de maneira firme e eficaz para restabelecer a ordem e a segurança da população, diante da escalada da violência” promovida por integrantes de uma organização criminosa.
“Diante dos fatos, esta Casa Legislativa exalta o profissionalismo, a bravura e a dedicação dos policiais envolvidos, que, com destemor e compromisso com a sociedade, atuaram de forma decisiva para conter a criminalidade e garantir a paz aos moradores de Fazenda Coutos e adjacências. A ação demonstra a importância da atuação policial na defesa da ordem pública e na proteção dos cidadãos de bem, reafirmando a relevância das forças de segurança no combate ao crime organizado.”, diz o deputado na justificativa para a moção de aplausos.
Através das redes sociais, o deputado estadual informou que havia protocolado a moção de aplausos aos policiais militares e citou o Governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT).
“Governador, o inimigo não é o policial, mas sim aqueles que colocam terror todos os dias em nosso estado.”, falou Leandro de Jesus.
O g1 tenta localizar o contato do deputado Leandro de Jesus.
A operação foi definida como “impostergável” pelo comandante da Polícia Militar, coronel Paulo Coutinho. Até a manhã desta quinta-feira (6), 11 dos 12 suspeitos foram identificados pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT).
Apenas cinco corpos foram liberados para velórios e sepultamentos. Destes, dois foram enterrados nesta quinta-feira, no Cemitério Bosque da Paz.
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Veja quem eram 11 dos 12 suspeitos mortos
De acordo com o comandante da Polícia Militar, coronel Paulo Coutinho, as forças de segurança foram acionadas após uma facção tentar assumir o controle do tráfico de drogas na região, aterrorizando os moradores. Desde a noite de segunda (3), moradores da localidade Teotônio Vilela, que fica no bairro, denunciaram tiroteios entre grupos rivais.
Veja abaixo os nomes e idades dos suspeitos:
Davi Costa dos Anjos – 17 anos;
Paulo Ricardo Santos Pereira – 17 anos;
João Cledison Santos Souza – 18 anos;
Félix de Oliveira Rodrigues – 19 anos;
Uendel Vitor Rodrigues dos Reis – 20 anos;
Jackson Vitor Araújo dos Santos – 20 anos;
Wendel Henrique Nunes dos Santos – 20 anos;
Samuel da Luz Nascimento de Sousa – 24 anos;
Francisco Ariel Freire Santos – 27 anos;
Douglas Campos da Silva Batista – 27 anos;
Leidson Maxwel da Costa Silva – 27 anos.
A SSP-BA informou que o 12° morto estava sem documentos e ainda não foi identificado. Ao g1, o órgão ainda informou que a unidade que os policiais são lotados ainda não usa câmeras corporais.
Confronto em Fazenda Coutos acaba em 12 mortes
Entenda o que aconteceu
De acordo com o secretário de Segurança Pública do estado (SSP-BA), Marcelo Werner, a PM fez um planejamento prévio antes de ocupar Fazenda Coutos após descobrir a presença de homens fortemente armados no bairro.
Os suspeitos baleados estavam em uma área de mata no bairro e em duas casas — locais que teriam sido usados por eles como pontos estratégicos para atirar contra os PMs. Moradores também foram retirados de imóveis ou mantidos como reféns. Não há registro de que algum deles tenha sido ferido em meio aos confrontos.
Os militares levaram os suspeitos atingidos para o Hospital do Subúrbio, onde foram constatadas as mortes.
A SSP-BA informou que os agentes apreenderam 12 armas, como submetralhadoras, revólveres e pistolas, além de carregadores, balaclavas, rádios de telecomunicação, drogas e balanças de precisão.
Armas de diferentes calibres, munições e celulares foram apreendidas da ação.
Redes sociais
Briga de facções
A cronologia exata dos fatos ainda será esclarecida pela investigação, mas pelo menos dois tiroteios entre facções foram registrados antes da chegada dos policiais no local, informou o secretário Marcelo Werner.
Os homens invadiram casas para montar bases e chegaram a fazer moradores reféns. Acionados para resolver os conflitos, os militares teriam sido recebidos a tiros pelo grupo criminoso invasor.
Investigações em andamento
A delegada-geral da Polícia Civil, Heloísa Brito, disse que duas testemunhas e parte dos policiais envolvidos na operação já prestaram depoimento. De acordo com ela, os militares “retratam com muita clareza como o evento aconteceu quando eles chegaram no local”.
A perícia nos dois imóveis que abrigaram os suspeitos e a área de mata onde tentaram se esconder e atacar também já foi realizada. Ainda não prazo para que o inquérito seja concluído. O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O Ministério Público da Bahia se reuniu na tarde de quarta-feira (5), com as Secretarias de Segurança Pública (SSP) e de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), e com o comando das Polícias Militar e Civil, para discutir encaminhamentos quanto às investigações sobre a intervenção policial no bairro de Fazenda Coutos.
O órgão instaurou procedimento para acompanhar as investigações policiais do caso, por meio dos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp), conforme designação do procurador-geral de Justiça Pedro Maia.
O encontro contou com a presença do procurador-geral de Justiça Pedro Maia; dos secretários Marcelo Werner e Felipe Freitas; do comandante da Política Militar, coronel Paulo Coutinho; da delegada-geral da Polícia Civil, Heloísa Brito; do subsecretário da SSP Marcel de Oliveira; além do secretário-geral adjunto do MPBA, promotor de Justiça Luís Alberto Vasconcelos; dos coordenadores do Centro de Apoio Operacional Criminal (Caocrim), do Gaeco e do Geosp, respectivamente promotores de Justiça Adalto Araújo, Luiz Neto e Ernesto Medeiros; da diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegada Andréa Ribeiro; e do diretor do Departamento de Inteligência (DIP), delegado Ivo Tourinho.
“O Ministério Público lamenta profundamente o ocorrido, pela perda de vidas e pela situação de pânico de que a comunidade foi vítima. Estamos em interlocução direta com as autoridades policiais e forças de segurança, acompanhando todos os passos da investigação, com o Gaeco e o Geosp, no levantamento das informações, principalmente das perícias, para que todas as circunstâncias sejam apuradas com a devida transparência. Esse é o propósito e objetivo comum de todos os órgãos de Estado envolvidos no esclarecimento dos fatos”, disse Pedro Maia.
Bairro sem transporte público
O serviço de transporte público foi suspenso no bairro após o confronto. Segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob), os ônibus circulam pela entrada de Fazenda Coutos, e seguem para Vista Alegre.
Movimentação intensa de viaturas e policiais foi registrada na frente do Hospital do Subúrbio, em Salvador.
Giana Mattiazzi/ TV Bahia
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