Preparativos para ato pró-Bolsonaro geram mobilização e fraude

Jair Bolsonaro convocou atos para marçoFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A pouco mais de 10 dias da data marcada, os preparativos para a manifestação pró-Bolsonaro, programada para o dia 16 de março, estão em andamento e o foco principal da mobilização está na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. 

Durante esse período de organização, os principais nomes do movimento, entre eles o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), dizem terem sido vítimas de uma fraude em um vídeo feito com a ajuda de inteligência artificial.

A manifestação inicialmente seria descentralizada, com protestos previstos em diversas cidades brasileiras.

No entanto, a estratégia foi ajustada, priorizando agora um evento centralizado no Rio de Janeiro, especificamente em Copacabana.

De acordo com aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), o objetivo é concentrar os esforços no apoio à anistia e à liberdade de expressão, deixando de lado as manifestações contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que inicialmente faziam parte das reivindicações.

O próprio Bolsonaro disse que o evento tem como objetivos centrais a defesa da anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, a liberdade de expressão e a elegibilidade dele para as eleições de 2026.

Em um vídeo publicado em suas redes sociais no dia 16 de fevereiro, Bolsonaro fez um chamado aos seus apoiadores para que compareçam ao evento.

“Dia 16 de março, estarei em Copacabana às 10h da manhã com o nosso povo, pacificamente, defendendo a liberdade de expressão, a anistia para os patriotas e o futuro do Brasil. Vamos juntos, com Deus no coração e a verdade na frente!”, afirmou o ex-presidente, que tem se envolvido ativamente na convocação, utilizando redes sociais e grupos de WhatsApp para mobilizar seus apoiadores.

Entre os principais articuladores do evento estão o pastor Silas Malafaia, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL-DF), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

Malafaia, uma figura influente dentro do movimento evangélico, confirmou presença e seu discurso durante a manifestação.

A mobilização novamente deve se caracterizar pelo caráter político-religioso, com um forte apelo a valores conservadores.

Pedido de Bolsonaro

Jair BolsonaroReprodução

O ex-presidente, por sua vez, tem reforçado o caráter pacífico da manifestação e pediu aos participantes para que evitem portar faixas com mensagens antidemocráticas.

Bolsonaro está especialmente atento a questões jurídicas, uma vez que já enfrenta investigações eacusações da PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre sua possível participação em tentativas de golpe de Estadono contexto dos atos de 8 de janeiro.

A orientação de evitar manifestações que possam ser vistas como atentatórias à democracia tem como objetivo mitigar os impactos legais que um ato com esse tipo de conteúdo poderia gerar.

“Temos que focar nas pautas de interesse legítimo da população”, afirmou Bolsonaro nas redes sociais, referindo-se à defesa da anistia e à liberdade de expressão. Ele ainda alertou para o risco de ações que possam prejudicar sua situação legal. “Não podemos dar margem a interpretações equivocadas sobre nossas intenções”, completou.

Sem estimativa de público 

Embora a adesão ao evento tenha sido crescente nas redes sociais e em grupos de apoio ao ex-presidente, ainda não há estimativas oficiais sobre o número de participantes que são esperados em Copacabana, nem sobre a quantidade de cidades que devem realizar eventos paralelos.

A organização do ato, embora já avançada, ainda está em fase de consolidação. De acordo com relatos de organizadores, estão sendo feitos esforços para coordenar com cidades fora do Rio de Janeiro, mas o foco principal continua sendo a capital fluminense.

Além disso, a manifestação de 16 de março ocorre no momento em que o Congresso Nacional discute o projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

Fraude em vídeo 

Em meio aos preparativos, foi identificado que golpistas estão utilizando inteligência artificial para criar vídeos fraudulentos, nos quais figuras como os deputados federais Eduardo Bolsonaro e Nikolas Ferreira aparecem pedindo doações via Pix para supostos custos da manifestação.

Na filmagem feita com ajuda da inteligência artificial, o site informado para as doações – o “Passeata Solidária” – na verdade trata-se de uma plataforma fraudulenta, sem vínculo com os organizadores oficiais do evento.

Eduardo se manifestou em suas redes sociais para desmentir a situação. “Estão dando golpe usando vídeo meu alterado com IA”, afirmou o deputado, alertando seus seguidores sobre a fraude.

Embora o nome de Nikolas também tenha sido associado ao golpe, o deputado ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso até o fechamento desta reportagem.

O Portal iG procurou ambos os deputados, mas não obteve resposta até o momento.

A fraude relacionada a doações via Pix é um tema recorrente em campanhas de mobilização on-line, e autoridades alertam para o risco de contribuições financeiras a campanhas não verificadas, que podem resultar em prejuízos para os doadores.

A recomendação é que os cidadãos verifiquem a autenticidade das plataformas de arrecadação antes de realizar qualquer tipo de contribuição.

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