
O governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, impôs tarifas de 25% sobre produtos do México e do Canadá, medida que entrou em vigor nesta terça-feira (3).
A decisão, que também elevou as taxas sobre importações chinesas de 10% para 20%, gerou retaliações imediatas de China e Canadá, além da promessa de resposta do México.
“Embora o presidente Trump tenha dado ao Canadá e ao México ampla oportunidade de conter a perigosa atividade do cartel e o influxo de drogas letais que fluem para o nosso país, eles falharam em lidar adequadamente com a situação”, divulgou a Casa Branca pouco antes das tarifas entrarem em vigor.
As medidas de Trump chegam no mesmo momento que o aumento da inflação estadunidense. As tarifas podem ajudar a alavancar os preços de produtos importados ao mercado americano. As três nações enviaram juntos US$ 1,4 trilhão em bens para os EUA no ano passado, de acordo com dados do Departamento de Comércio.
Guerra comercial se intensifica

O Canadá anunciou uma tarifa de 25% sobre US$ 20,7 bilhões em produtos americanos, com previsão de novas medidas em 21 dias. O primeiro-ministro Justin Trudeau criticou a decisão dos EUA e afirmou que buscará resolução na OMC e no acordo comercial USMCA. Já a China impôs tarifas sobre produtos agrícolas americanos e incluiu empresas dos EUA em sua lista de restrições comerciais.
Segundo a CNN Internacional, os únicos bens que não enfrentarão uma tarifa de 25% do Canadá são itens relacionados à energia, como petróleo bruto, um dos principais bens que os EUA importam de lá. Em vez disso, eles estarão sujeitos a um imposto de 10%.
Produtos frescos, carros, peças automotivas e eletrônicos, incluindo telefones e computadores, estão entre os principais produtos que os EUA importam do México, Canadá e China. Com os novos anúncios de Trump, os três países enfrentarão tarifas entre 20% e 25%.
O México anunciou que detalhará sua resposta no próximo domingo. A presidente Claudia Sheinbaum declarou que a decisão americana prejudica tanto empresas estrangeiras quanto a população mexicana.
Impacto na economia dos EUA

A repressão à imigração, por parte do Governo da Casa Branca, ameaça setores como construção e agricultura, enquanto cortes de gastos federais e demissões no governo intensificam a instabilidade econômica.
A Casa Branca sinalizou que novas tarifas poderão ser implementadas em breve, incluindo taxas sobre aço e alumínio em 12 de março e tarifas recíprocas em 2 de abril. Trump também avalia sobretaxas para importações agrícolas e de madeira, o que pode impactar ainda mais os preços de moradias e bens essenciais nos Estados Unidos.
De acordo com a CNN, a decisão representa uma escalada na política protecionista adotada pelo país e visa pressionar seus principais parceiros comerciais a adotarem medidas mais rígidas contra o tráfico de fentanil. Além disso, Trump aumentou de 10% para 20% as tarifas sobre todas as importações chinesas, intensificando a disputa comercial entre Washington e Pequim.
A medida, anunciada como parte de uma estratégia para combater o fluxo de drogas ilícitas para os Estados Unidos, gerou reações imediatas. O Canadá e a China responderam com tarifas retaliatórias sobre produtos americanos, enquanto o México anunciou que tomará medidas contra as sanções impostas pelos EUA nos próximos dias.
Retaliação internacional

O Canadá foi um dos primeiros a reagir, anunciando tarifas de 25% sobre C$ 30 bilhões (US$ 20,7 bilhões) em produtos dos EUA, com uma ampliação das sanções para C$ 125 bilhões (US$ 86,2 bilhões) em até 21 dias. O primeiro-ministro Justin Trudeau criticou duramente a decisão do governo americano e prometeu buscar alternativas diplomáticas para resolver o impasse.
Ele ressaltou que o Canadá pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e ao acordo comercial USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá) para contestar as tarifas.
A China, por sua vez, também impôs tarifas de 15% sobre importações americanas de frango, trigo, milho e algodão. Além disso, aplicou uma tarifa adicional de 10% sobre sorgo, soja, carne bovina, carne suína, produtos aquáticos, frutas, vegetais e laticínios. Pequim também adicionou 15 empresas americanas à sua lista de restrições de exportação, dificultando ainda mais as relações comerciais entre os dois países.
Já o México, que ainda não anunciou sua retaliação oficial, declarou que divulgará suas medidas no próximo domingo. A presidente Claudia Sheinbaum criticou a decisão unilateral dos Estados Unidos, afirmando que ela afeta tanto empresas estrangeiras quanto cidadãos mexicanos.
Preocupações do mercado americano
A CNN Internacional analisou que as tarifas vêm em um momento em que os preços ao consumidor já estão altos, e a elevação dos custos de importação pode piorar a situação.
Dados recentes do Bureau of Economic Analysis indicam que os gastos dos consumidores caíram inesperadamente em janeiro, enquanto a confiança dos americanos na economia atingiu seu pior índice desde 2009.
Além das tarifas, outras políticas do governo Trump podem prejudicar setores fundamentais da economia americana.
As medidas anunciadas nesta terça-feira podem ser apenas o começo. A Casa Branca já confirmou que, em 12 de março, entrará em vigor uma nova rodada de tarifas sobre aço e alumínio. Além disso, no dia 2 de abril, devem ser implementadas as chamadas “tarifas recíprocas”, que igualam os impostos cobrados por outros países sobre produtos americanos.
Trump também sugeriu recentemente que pode impor tarifas sobre importações agrícolas e de madeira. A medida, se confirmada, pode afetar diretamente o mercado imobiliário dos EUA, encarecendo a construção de novas moradias e impactando ainda mais a inflação.
Diante desse cenário, economistas e líderes empresariais alertam para os riscos de uma escalada na guerra comercial entre os Estados Unidos e seus principais parceiros. Com novas tarifas previstas para as próximas semanas e a ameaça de mais sanções no horizonte, a tensão entre os países deve continuar aumentando. O impacto sobre os consumidores, o comércio global e os mercados financeiros ainda é incerto, mas uma coisa é clara: a política comercial de Trump promete continuar sendo um dos temas centrais da economia mundial nos próximos meses.