Vídeo mostra quando dona de creche percebe que esqueceu menino dentro de carro


Câmeras de segurança do berçário gravaram ainda áudios da empresária e funcionárias tentando reanimar a criança. Advogado dela disse que gravação mostra que mulher tentou prestar socorro, mesmo no desespero. Dona de berçário conversou com funcionárias por quase 10 minutos antes de chamar socorro
Um vídeo de câmeras de segurança do berçário mostra quando a dona de creche percebeu que esqueceu o menino Salomão Rodrigues Faustino, de 2 anos, dentro do carro dela por 4h, em Nerópolis, na Região Metropolitana de Goiás. Na imagem, no centro do salão está uma criança sentado e no canto inferior é possível visualizar uma mulher caminhando pelo local (veja vídeo acima). Segundo as investigações, a pessoa seria a investigada. A gravação também capturou a conversa entre a empresária Flaviane Lima, de 36 anos, e as suas funcionárias.
“Estou sentindo calafrios. Meu Deus do céu… Acho que esqueci dentro do carro. Como é que eu vou falar que eu esqueci uma criança dentro do Carro?”, disse a dona da creche.
Ao g1, o advogado da empresária, Gildo Franks, ressaltou que ainda não foi intimado sobre a conclusão do inquérito. E, sobre o vídeo e os áudios, ele acrescentou ser uma prova de “que mesmo diante do desespero, ela dava os primeiros socorros [para a criança]”.
“Flaviane se encontra muito abalada, e fazendo acompanhamento com psicólogo”, emendou o advogado.
Outra voz no vídeo, que seria de uma funcionária sugere fazer uma ligação, mas é repreendida por Flaviane: “Não vai ligar ‘pra’ ninguém”. Em outro trecho da gravação, a empresária liga para o esposo e, em momento de desespero, cogita fugir.
“Eu não sei se eu fujo, o que eu faço? Mas eles vão me mantar, porque o menino ‘tá’ morto, ‘tá’ roxo”, declara a investigada.
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No vídeo é possível ouvir também muito barulho de água. De acordo com a investigação, a empresária tentou reanimar o menino jogando água sobre ele. A polícia, após ouvir a equipe do socorro ao Corpo de Bombeiros de Goiás (CBM-GO), que esteve no local, constou que o pedido de socorro demorou cerca de 10 minutos.
Flaviana foi indiciada pela Polícia Civil de Goiás (PC-GO) por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar). O delegado responsável pelo caso, André Fernandes, esclareceu que o crime foi tipificado como homicídio culposo porque não foram encontrados indícios de que a ação de Flaviane tenha sido proposital.
“Ela tinha consciência que devia zelar pela criança, mas ela não tinha conhecimento de que a criança estava no interior do veículo, passando uma dificuldade, e que iria falecer”, afirmou o delegado.
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Reprodução
Flaviane teve a prisão preventiva convertida para domiciliar pela juíza Sandra Regina Teixeira Campos, na quinta-feira (27). Além disso, terá que cumprir medidas cautelares.
Causa da morte
Salomão Faustino morreu no último dia 18 após ser esquecido pela dona da creche, onde ficava enquanto os pais trabalhavam. Flaviane Lima relatou que tinha um acordo com a família para fazer o transporte do menino de casa até o local. Mas, que naquele dia o esqueceu dentro do veículo com os vidros fechados e preso à cadeirinha.
O laudo médico constatou que a criança morreu por intermação, quando há elevação da temperatura corporal.
“A causa da morte não foi definida pela Polícia Científica, e foram solicitados mais exames. Porém, o prontuário médico define que a morte foi às 18h22, e que a criança sofreu um total desequilíbrio de sua capacidade de regular a temperatura corporal”, explicou o delegado André Fernandes.
Prisão e investigação
A polícia relatou que Flaviane foi presa na companhia do marido em Itaberaí, a 80 km de Nerópolis, um dia depois da morte de Salomão. Na ocasião, a mulher foi autuada e encaminhada para o Complexo de Prisão de Aparecida de Goiânia, também na Região Metropolitana da capital. Lá ela ficou detida por 10 dias.
Na audiência de custódia, realizada um dia após a prisão, a dona da creche afirmou que chegou ao berçário e seguiu as suas atividades normalmente. Porém, apenas quando ia embora que percebeu o menino ficou dentro do carro.
“Quando eu abri o carro, o Salomão dobrou o corpinho dele na cadeirinha. Quando vi, desamarrei rápido da cadeirinha e levei ele para dentro. A gente ligou para os bombeiros. Eu tentei fazer os primeiros socorros, mas a gente percebeu ali que ele já não estava mais”, contou Flaviane.
Salomão Faustino, que morreu após ser esquecido dentro de carro por dona de creche, e a mãe Giselle Faustino, em Goiás
Reprodução/Redes sociais de Giselle Faustino
O que relataram os pais
Giselle Rodrigues, mãe de Salomão, lembra que no dia da fatalidade, o filho dormiu até quase ao meio-dia, mas que estava desperto quando a dona da creche o buscou em casa para levar para o berçário.
“O meu filho não foi dormindo. Meu filho foi completamente acordado e ele ficava atrás dela. Não tem o porquê dela ter esquecido, eu não sei por que esqueceram, por que não se lembraram do meu filho?”, indagou em entrevista à imprensa, após depoimento na Delegacia da Polícia Civil de Nerópolis.
Vilmar Faustino, o pai do menino, salientou que a esposa recebeu uma ligação que pediu para a família comparecer ao hospital em que o filho estava. No entanto, conforme ele, não houve explicação sobre a gravidade da situação. Apenas quando chegaram à unidade que tiveram conhecimento de que uma equipe tentava reanimar o filho, mas não sabiam o motivo.
“Eles ligaram para ela ir até o hospital, pois o Salomão estava lá. Não falaram o que aconteceu ou qual era a gravidade da situação. A gente chegou lá e a gente recebeu um choque, pois não esperava que era algo daquela magnitude. Ele estava em reanimação para tentar ver se ele voltava. Logo mais a gente recebeu a notícia de que ele tinha vindo à óbito”, contou o pai.
Giselle, pelas redes sociais, lamentou ter perdido o único filho.
“Como eu chegarei em casa agora e não presenciarei sua alegria?! (…) Eu não consigo fechar o olho sem imaginar seu sofrimento. Perdoa a mamãe, meu amor. Eu queria fazer tanto por você”, declarou ainda Giselle.
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Salomão Rodrigues Faustino morreu depois de ficar trancado em carro, em Nerópolis
Reprodução/Redes sociais e Reprodução/TV Anhanguera
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