
O Ministério da Saúde distribuiu vacinas contra a dengue na rede pública de 521 cidades consideradas endêmicas. No entanto, a pasta estuda ampliar a distribuição dos imunizantes para municípios que passam por surtos da doença para evitar a expansão no país.

Expectativa é aplicar o imunizante em sete de cada dez brasileiros para evitar explosão de casos de dengue em 2026 – Foto: Butantan/ND
Eder Gatti, diretor do PNI (Programa Nacional de Imunizações), detalhou os planos e expectativas do Ministério da Saúde para impedir a evolução da dengue no Brasil com a escolha de novas cidades a receberem a vacina.
Segundo Gatti, afirmou que o objetivo é garantir que as populações em risco estejam imunizadas. “A ampliação da vacinação será avaliada com base na gravidade e na evolução dos surtos. Isso incluiria o envio de doses extras para regiões mais afetadas, buscando aumentar a proteção e controlar a propagação da doença”.
Governo federal faz esforços para mais transparência e melhor distribuição de vacinas da dengue e outras doenças
O diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti, destacou os esforços logísticos do governo federal para garantir que todas as regiões do país recebam as doses de vacinas contra a dengue disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde).

Governo amplia esforços para garantir transparência e distribuição eficiente de vacinas contra a dengue e outras doenças no SUS – Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil/ND
Em 2024, o Brasil registrou um crescimento significativo na cobertura vacinal, especialmente no calendário infantil, que vinha em queda desde 2016.
O lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação em 2023 foi uma das estratégias adotadas para reverter esse cenário. Até novembro de 2024, o Ministério da Saúde distribuiu 604 milhões de doses em todo o país, atendendo 100% da demanda dos estados.
Além disso, a pasta retirou o sigilo dos estoques e descartes de vacinas em 2023, resultando na utilização de mais de 12,3 milhões de doses que seriam desperdiçadas, evitando um prejuízo de R$ 252 milhões.
Plano de Vacinação 2025 terá orçamento de R$ 7 bilhões e maior transparência
O Plano de Vacinação para 2025 tem um orçamento superior a R$ 7 bilhões para a compra de pelo menos 260 milhões de doses. Em dezembro de 2024, o governo lançou uma plataforma que permite o acompanhamento detalhado da distribuição de vacinas, garantindo maior transparência e eficiência na gestão do SUS.

Diretor do PNI reforça compromisso com a saúde pública durante lançamento de plataforma de transparência em 2024 – Foto: Paulo Pinto/Agência Brasilr/ND
Em entrevista ao R7, Gatti detalhou as principais estratégias adotadas para aumentar a cobertura vacinal, melhorar a transparência e evitar o desperdício de doses. “Estamos comprometidos com a saúde pública e a proteção da população”, afirmou.
Leia a entrevista:
R7 — O Brasil reduziu o número de metas de vacinação e, recentemente, voltou a atingir os índices recomendados para diversas vacinas. O que foi feito para melhorar a cobertura vacinal e recuperar a confiança da população na imunização?
Eder Gatti — O governo tem implementado diversas medidas eficazes para melhorar a cobertura vacinal e recuperar a confiança da população na imunização. Uma das principais ações foi reestruturar o Programa Nacional de Imunizações, tornando-o uma prioridade do governo. O PNI passou a ser um departamento dentro do Ministério da Saúde, com mais recursos e maior autonomia, o que ajudou na elaboração e execução de políticas públicas de vacinação.
Também desenvolvemos ferramentas de microplanejamento para apoiar os municípios, oferecendo suporte para que eles possam organizar as campanhas de forma mais eficiente, além de incentivar a vacinação em ambientes não tradicionais, como escolas, mercados e eventos públicos. Também realizamos capacitações e treinamentos constantes para garantir que as equipes de saúde estejam preparadas para atender a população de maneira eficaz.
O incentivo financeiro para os municípios, no valor de R$ 150 milhões por ano, ajudou a financiar essas ações, além de fortalecer o esforço conjunto com estados e municípios para aumentar a adesão à vacinação.
R7 — A hesitação vacinal ainda é um desafio no país, especialmente após a pandemia. Como o Programa Nacional de Imunizações tem trabalhado para combater a desinformação e reforçar a importância das vacinas?
Eder Gatti — O PNI tem intensificado as campanhas de conscientização, especialmente para combater a desinformação sobre as vacinas. Através de ações de esclarecimento nas mídias sociais, rádios, TV e atividades nas escolas, temos trabalhado para corrigir informações erradas e responder a dúvidas sobre segurança e eficácia das vacinas.
Além disso, o Ministério da Saúde tem investido em parcerias com a mídia e com outras instituições de saúde para reforçar a importância da vacinação.
Sabemos que a hesitação vacinal é um problema sério, mas com uma comunicação clara e constante, conseguimos promover um entendimento mais profundo sobre a necessidade de vacinas para a proteção pessoal e coletiva.
R7 — A adesão à vacina da dengue tem sido menor do que o esperado em algumas regiões. Quais estratégias o governo está adotando para aumentar a procura pela imunização e evitar desperdício de doses?
Eder Gatti — O Ministério da Saúde tem adotado várias estratégias para aumentar a procura pela vacina da dengue e evitar o desperdício de doses. Uma das ações principais é a ampliação temporária da faixa etária para vacinação contra a dengue, uma medida emergencial que visa incluir mais pessoas no processo de imunização. Além disso, a intensificação das campanhas de conscientização está sendo feita, com foco em mostrar à população a importância da vacina para o controle da doença.
Para garantir o máximo de adesão, também estamos trabalhando com os estados e municípios para organizar vacinas em locais estratégicos como escolas e centros de saúde, além de realizar atividades de comunicação direcionadas e esclarecer as dúvidas da população sobre a segurança e a eficácia da vacina. Essas medidas visam aumentar a cobertura vacinal e garantir que as doses sejam aplicadas da forma mais eficiente possível, sem gerar desperdícios.
R7 — Com a circulação intensa do mosquito e o aumento de casos de dengue em diversas regiões do país, o Ministério da Saúde considera ampliar a distribuição da vacina para além dos 521 municípios prioritários?
Eder Gatti — Sim, o Ministério da Saúde está monitorando de perto a situação epidemiológica em diversas regiões do Brasil e considera ampliar a distribuição da vacina para além dos 521 municípios prioritários, especialmente nas áreas onde há um número crescente de casos de dengue.
A ampliação da vacinação será avaliada com base na gravidade e na evolução dos surtos. Isso incluiria o envio de doses extras para regiões mais afetadas, buscando aumentar a proteção e controlar a propagação da doença. O objetivo é garantir que as populações em risco estejam adequadamente imunizadas e reduzir a incidência de casos graves de dengue.
R7 — Diante do aumento de casos e das mudanças no público-alvo para evitar desperdício, existe alguma orientação específica para que estados e municípios intensifiquem a comunicação e campanhas de conscientização sobre a vacina?
Eder Gatti — Sim, o Ministério da Saúde tem orientado os estados e municípios a intensificarem suas campanhas de conscientização sobre a vacina da dengue. Além de esclarecer à população sobre a importância da imunização, estamos incentivando que as campanhas sejam direcionadas a diferentes públicos-alvo, como famílias, jovens e idosos, para que eles entendam os riscos associados à doença e a eficácia da vacina.
As campanhas têm sido planejadas para usar uma variedade de canais de comunicação, como mídias tradicionais, digitais e ações presenciais em escolas, comércios e outros espaços públicos. Além disso, as equipes de saúde estão sendo treinadas para esclarecer dúvidas diretamente nas comunidades e trabalhar de forma integrada com outros órgãos locais para alcançar o maior número possível de pessoas.
R7 — A ampliação temporária da faixa etária para vacinação contra a dengue é uma medida emergencial. Há planos para expandir definitivamente a cobertura etária da vacina no SUS?
Eder Gatti — A ampliação da faixa etária para vacinação contra a dengue foi, de fato, uma medida emergencial devido ao aumento de casos e à necessidade urgente de conter a propagação da doença. Essa estratégia foi adotada para alcançar um público mais amplo e proteger mais pessoas de possíveis complicações.
No entanto, essa é uma medida temporária, e sua continuidade ou expansão definitiva dependerá da avaliação dos resultados dessa ação e da análise contínua do impacto da vacina. O Ministério da Saúde está avaliando os dados de cobertura e de resposta imunológica da população e, com base nisso, poderá tomar decisões sobre a ampliação permanente da faixa etária no SUS.
R7 — O país tem enfrentado surtos de doenças que já estavam controladas, como sarampo e coqueluche. Há alguma estratégia específica para evitar que esses surtos voltem a se intensificar e garantir que a população continue protegida?
Eder Gatti — Para evitar surtos de doenças como sarampo e coqueluche, o PNI tem trabalhado em estratégias específicas para intensificar a vacinação, com foco nas crianças e adultos não vacinados. Além da vacinação escolar e ações em áreas de difícil acesso, como comunidades indígenas e ribeirinhas, estamos implementando ações de intensificação para garantir que todas as vacinas do calendário básico sejam administradas corretamente.
Além disso, o Ministério da Saúde está incentivando a vigilância ativa para detectar precocemente qualquer caso dessas doenças e iniciar rapidamente a resposta de imunização. Essas medidas têm sido fundamentais para garantir a proteção de toda a população e reduzir a probabilidade de surtos.
R7 — Além dessas, existe alguma estratégia para evitar esses surtos e intensificar a proteção da população?
Eder Gatti — Além das ações de vacinação intensiva, o Ministério da Saúde está desenvolvendo campanhas de conscientização sobre a importância de manter as vacinas em dia, especialmente em momentos de surtos.
Também temos implementado a vacinação em pontos estratégicos, como escolas, centros comunitários, eventos de grande público, entre outros, para atingir as pessoas que ainda não se vacinaram.
O monitoramento das coberturas vacinais em tempo real, bem como o envio de equipes especializadas para áreas mais vulneráveis, também são ações contínuas para garantir que os surtos não voltem a ganhar força e que a população permaneça protegida.
*Com informações do R7.