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A primeira indicação foi em 1945, quando Ary Barroso foi indicado por melhor canção original no filme americano ‘Brazil’. Cinema brasileiro já passou perto de ganhar Oscar por outros filmes
No domingo (2), se o filme “Ainda Estou Aqui” ganhar um dos três Oscars a que concorre vai ser a primeira conquista desse tipo de uma produção nacional. Mas o cinema brasileiro já teve outras chances de trazer a estatueta.
Não é de hoje que o Brasil marca presença na maior festa do cinema americano. O histórico vai bem além das quatro indicações de “Cidade de Deus”, em 2004, e das duas de “Central do Brasil”, em 1999. Só o diretor Carlos Saldanha viveu a emoção de ser indicado duas vezes, pelas produções americanas “O Touro Ferdinando” e o curta de animação “A Aventura Perdida de Scrat”.
“Quem vota na academia são as pessoas que estão dentro da academia, que são cineastas ou que trabalham com cinema. São parceiros que estão querendo almejar a mesma coisa, chegar ao mesmo lugar, estão se reconhecendo como talento. Então, é muito importante para a gente, é muito bom ser reconhecido pelo nosso próprio mundo”, afirma o cineasta Carlos Saldanha.
Com “Ainda Estou Aqui”, brasileiros somam 22 indicações em 97 edições da festa. A primeira foi em 1945, quando Ary Barroso foi indicado por melhor canção original no filme americano “Brazil”. A primeira produção a concorrer como um todo foi “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, em 1963.
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E tem os filmes que são co-coproduções do Brasil com outros países. “Diários de Motocicleta”, de Walter Salles, venceu em melhor canção original em 2005. E o único Oscar da vida do ator inglês William Hurt veio com “O Beijo da Mulher Aranha”, em 1986, um filme de Hector Babenco.
Tem até uma nascida no Brasil premiada. Luciana Arrighi nasceu no Rio, mas é filha de um diplomata italiano e não tem cidadania brasileira. Ela venceu em 1993, por melhor direção de arte.
Mas tem uma produção com ideia, elenco, música, quase tudo do Brasil. Quem não conhece e vê pela primeira vez “Orfeu do Carnaval”, de 1959, pode até pensar que se trata de um filme 100% nacional. E ele não só foi indicado, como venceu o Oscar de melhor filme em língua estrangeira há 65 anos. Com música de Tom Jobim e Luiz Bonfá, o filme é baseado na peça de Vinícius de Moraes. Mas como o produtor era francês…
“O Oscar foi para a França, mas a produção basicamente é brasileira, os atores são brasileiros, é falado em português, e só que a estatueta está lá na França e não está aqui”, diz Humberto Neiva, coordenador do curso de cinema da Faap.
Com ‘Ainda Estou Aqui’, brasileiros somam 22 indicações ao Oscar; relembre participação nacional na premiação
Jornal Nacional/ Reprodução
Marcelo, filho de Lea Garcia, indicada como melhor atriz em Cannes pelo papel de Serafina no filme, diz que este foi o primeiro Oscar brasileiro:
“O Oscar é brasileiro apesar da produção ser ítalo-franco-brasileira, foi usada muita gente aqui do Brasil, o pessoal que trabalhava na Vera Cruz, equipamentos”, afirma o diretor e produtor Marcelo Garcia.
Na opinião de Saldanha, coletivamente, mais importante do que vencer uma estatueta, é o fato de o Oscar chamar a atenção para produções nacionais. Não só do público de outros países, mas, principalmente, de nós mesmos.
“Eu acho que o apoio do público é essencial para que o cinema continue almejando a chegar a patamares comparáveis com os filmes que vêm de fora. Então, é um momento acho que especial para a gente, aproveitar esse momento”, diz Carlos Saldanha.
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