Enredo da Viradouro exalta líder quilombola Malunguinho ‘tanto na esfera espiritual quanto histórica’, diz Tarcísio Zanon

Série do g1 resume, nas palavras dos próprios autores do carnaval das escolas do Grupo Especial, o que será levado para a Sapucaí. Veja o que Tarcísio Zanon diz sobre a homenagem a Malunguinho, herói pernambucano do século 19. g1 no carnaval 2025: conheça o enredo da Viradouro
“Malunguinho, o Mensageiro de Três Mundos, esse grande herói pernambucano do século 19, um dos maiores líderes quilombolas do Brasil. A gente vai contar essa história tanto na esfera espiritual quanto histórica.”
A homenagem da Unidos do Viradouro a Malunguinho aborda uma história pouco divulgada, mas essencial para retratar a realidade do Brasil, afirma o carnavalesco Tarcísio Zanon ao g1, para a série em que os carnavalescos resumem os enredos de suas escolas (veja no vídeo acima).
Veja o que disse Zanon sobre o enredo “Malunguinho: o Mensageiro de Três Mundos”:
Malunguinho foi João Batista, líder do Quilombo do Catucá no século 19, no Norte de Pernambuco. O quilombo era foco de resistência e viu Malunguinho ser duramente perseguido por seus atos libertários.
A figura histórica sobreviveu dentro do culto da Jurema Sagrada, considerada uma das primeiras cosmologias brasileiras. Tornou-se uma entidade religiosa afro-indígena, que se manifesta como Caboclo, Mestre e Exu/Trunqueiro – daí o apelido Mensageiro dos Três Mundos.
“É um enredo que permite muita criatividade. A gente está falando da Jurema Sagrada, que é um psicoativo, que é esse chá dos pajés. Te leva para um lugar inimaginável. Toda vez que você entra em contato com esse chá. E a Viradouro pretende levar o público para esse lugar também.”
“A Viradouro vem com essa força de reparação histórica, de trazer mais uma vez uma história que foi pouco difundida e que é necessária para contar a realidade do nosso país, do nosso Brasil profundo, de reorganizar esse imaginário popular brasileiro.”
Líder do Quilombo do Catucá
Enredo e Samba: Viradouro traz Malunguinho; o mensageiro de três mundos como enredo para o Carnaval
É conhecido como Mestre dos Três Mundos por se manifestar de três formas distintas: Exu, Mestre e Caboclo.
O primeiro é o mensageiro, o elo de ligação da linha da Jurema com as pessoas. O segundo é o guia, principal protetor dos iniciados no culto. O terceiro representa alguém que teve existência real na terra.
O enredo mergulha na luta por liberdade e resistência, trazendo um forte diálogo entre culturas afro e indígenas. E exalta a força da ancestralidade, com alas que homenageiam a mãe natureza e a resistência cultural dos povos oprimidos.
Confira o samba-enredo
A chave do cativeiro, virado no Exu Trunqueiro
Viradouro é catimbó, Viradouro é catimbó
Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo
Porque nunca ando só, porque nunca ando só
A chave do cativeiro, virado no Exu Trunqueiro
Viradouro é catimbó, Viradouro é catimbó
Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo
Porque nunca ando só, porque nunca ando só
Acenda tudo que for de acender
Deixa a fumaça entrar
Sobô nirê mafá, sobô nirê
Evoco, desperto nação coroada
Não temo o inimigo, galopo na estrada
A noite é abrigo
Transbordo a revolta dos mais oprimidos
Eu sou caboclo da Mata do Catucá
Eu sou pavor contra a tirania
Das matas, o Encantado
Cachimbo já foi facão amolado
Salve a raiz do Juremá
Ê juremeiro, curandeiro ó
Vinho da erva sagrada
Eu viro num gole só
Catiço sustenta o zeloso guardião
Trago a força da jurema
Não mexe comigo, não
Ê juremeiro, curandeiro, ó
Vinho da erva sagrada
Eu viro num gole só
Catiço sustenta o zeloso guardião
Trago a força da jurema
Não mexe comigo, não
Entre a vida e a morte, encantarias
Nas veredas da encruza, proteção
O estandarte da sorte é quem me guia
Alumia minha procissão
Do parlamento das tramas
Para os quilombos modernos
A quem do mal se proclama
Levo do céu pro inferno
Toca o alujá ligeiro, tem coco de gira pra ser invocado
Kaô, consagrado
Reis Malunguinho, encarnado
Pernambucano mensageiro bravio
O rei da mata que mata quem mata o Brasil
O rei da mata que mata quem mata o Brasil
A chave do cativeiro, virado no Exu Trunqueiro
Viradouro é catimbó, Viradouro é catimbó
Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo
Porque nunca ando só, porque nunca ando só
A chave do cativeiro, virado no Exu Trunqueiro
Viradouro é catimbó, Viradouro é catimbó
Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo
Porque nunca ando só, porque nunca ando só
Acenda tudo que for de acender
Deixa a fumaça entrar
Sobô nirê mafá, sobô nirê
Evoco, desperto nação coroada
Não temo o inimigo, galopo na estrada
A noite é abrigo
Transbordo a revolta dos mais oprimidos
Eu sou caboclo da Mata do Catucá
Eu sou pavor contra a tirania
Das matas, o Encantado
Cachimbo já foi facão amolado
Salve a raiz do Juremá
Ê juremeiro, curandeiro ó
Vinho da erva sagrada
Eu viro num gole só
Catiço sustenta o zeloso guardião
Trago a força da jurema
Não mexe comigo, não
Ê juremeiro, curandeiro, ó
Vinho da erva sagrada
Eu viro num gole só
Catiço sustenta o zeloso guardião
Trago a força da jurema
Não mexe comigo, não
Entre a vida e a morte, encantarias
Nas veredas da encruza, proteção
O estandarte da sorte é quem me guia
Alumia minha procissão
Do parlamento das tramas
Para os quilombos modernos
A quem do mal se proclama
Levo do céu pro inferno
Toca o alujá ligeiro, tem coco de gira pra ser invocado
Kaô, consagrado
Adicionar aos favoritos o Link permanente.

Os comentários estão desativados.