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Considerado o maior caso de pedofilia da história da França, o julgamento de Joël Le Scouarnec começa nesta segunda-feira (24), na cidade de Morbihan, comuna de Vannes. O cirurgião francês é acusado de agredir sexualmente e estuprar 299 pacientes sob anestesia.
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Cirurgião francês anotava detalhes dos estupros em caderno com mais de 300 vítimas – Foto: Divulgação/ND
Os crimes teria ocorrido entre 1989 e 2014, em ao menos dez hospitais e clínicas diferentes. O cirurgião francês, de 74 anos, será julgado por 111 estupros e 189 agressões sexuais.
Segundo a rádio France Info, as acusações são agravadas pela idade das vítimas, que têm em média 11 anos. Entre as 299 pessoas violentados, 256 eram menores de 15 anos. A maioria estava inconsciente no momento da agressão, inclusive um bebê de um ano e um paciente de 70 anos.
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As vítimas tinham em média 11 anos quando foram violentadas pelo médico – Foto: Leo Munhoz/ND
Joël Le Scouarnec já havia sido preso por em 2005, após uma investigação do FBI (Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos) apontá-lo como detentor de conteúdos de pornografia infantojuvenil. Ele foi condenado a quatro anos de reclusão, mas obteve suspensão condicional.
Apesar da condenação, o cirurgião francês continuou exercendo a profissão ao fim da pena. Uma nova denúncia surgiu em 2017, quando ele foi acusado de estuprar uma vizinha de 6 anos. Quando a polícia cumpriu mandado de busca na residência do médico, encontrou indícios de centenas de crimes.
Cirurgião francês acusado de estupro anotava todas as vítimas em caderno

Joël Le Scouarnec estava prestes a se aposentar quando a mãe da vizinha de 6 anos o denunciou – Foto: Divulgação/ND
A casa do cirurgião francês Joël Le Scouarnec estava repleta de brinquedos sexuais e bonecos, que iam do tamanho de um bebê até uma criança de 12 anos. A prova mais relevante do processo, porém, é um caderno em que próprio acusado mantinha registros com os nomes das vítimas, idades, endereços, datas e detalhes das violências cometidas.
A investigação havia levantado inicialmente 349 potenciais pacientes estuprados, contudo, alguns dos crimes já haviam prescrito e outros não foram confirmados.
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O médico, que operava no aparelho digestivo, se aproveitava dos pacientes desacordados – Foto: Freepik/Reprodução/ND
Em 2020, o cirurgião francês foi condenado a 15 anos de prisão pelo estupro de quatro meninas, que ele confessou, sendo suas duas sobrinhas, a vizinha de 6 anos e uma paciente de 4 anos.
Joël Le Scouarnec volta ao banco dos réus nesta segunda-feira sob acusação de 300 crimes cometidos contra 299 pessoas. A imprensa francesa descreve o processo com “dimensões faraônicas”.
O médico será julgado durante quatro meses no tribunal de Morbihan. Ao todo, sessenta advogados representam as vítimas, algumas das quais também comparecerão ao julgamento. Se condenado, o réu será sentenciado a 20 anos de prisão.
‘Pai ideal’ e ‘predador perverso’: quem é Joël Le Scouarnec?
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Segundo as investigações, um bebê de um ano e um paciente de 70 anos estão entre as vítimas – Foto: Pixabay/Reprodução/ND
O cirurgião francês nasceu em Paris em dezembro de 1950, mais velho dos três filhos do pai marceneiro e da mãe zeladora. Ele diz que teve uma “infância feliz no seio de um lar estável e amoroso.
Joël Le Scouarnec sempre sonhou em se tornar cirurgião e obteve o diploma de medicina em 1981. Na mesma época, ele se casou com Marie-France, com quem teve três filhos entre 1980 e 1987.
A ex-esposa disse ao jornal Ouest-France que não sabia dos crimes: “Eu me pergunto como pude não perceber nada. É uma traição terrível que ele fez à mim e aos meus filhos”. O casal se separou em 2003 e o divórcio foi oficializado em 2023, depois que as acusações vieram à tona.
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Psiquiatras descreveram o cirurgião francês como um “predador perverso” – Foto: Freepik/Reprodução/ND
Ela ainda o descreve como um “esposo inteligente” com quem tinha uma “sexualidade banal”. Considerado um “pai ideal”, os filhos o viam como um “pedagogo”, mas também notavam que ele era pouco presente devido ao trabalho.
Segundo o canal francês TF1, psiquiatras definiram o acusado como um “predador perverso”. Os colegas de trabalho o consideravam um homem “discreto” e um “ótimo cirurgião”. Apenas um médico suspeitou da conduta de Joël Le Scouarnec em 2006, mas o diretor do hospital na época o defendeu e a denúncia não foi para frente.
Durante as investigações, o cirurgião francês se descreveu como pedófilo e chegou a dizer que tinha “orgulho” disso. Agora, no entanto, a defesa declara que ele está arrependido.
“Para mim, a prisão foi uma libertação. Me libertou do domínio que a atração por crianças teve por mim durante 30 anos”, teria dito o acusado em interrogatório em janeiro de 2024.