STF decide que Lei Maria da Penha vale para casais homoafetivos e pessoas trans

Após decisão unânime do STF (Supremo Tribunal Federal), a Lei Maria da Penha passará a se aplicar a casais homoafetivos formados por homens e a mulheres travestis e transexuais. A lei, sancionada em 2006, foi originalmente criada para proteger pessoas do sexo feminino contra a violência doméstica.

Bandeira LGBT flamulando; Lei Maria da Penha será aplicada aos casais homoafetivos e mulheres travestis e transexuais

Lei Maria da Penha será aplicada a casos de violência doméstica de diferentes entidades familiares – Foto: Pixabay/Reprodução/ND

A decisão histórica do STF define que “todos os tipos de entidades familiares” devem ser protegidos pela lei, baseando-se em conceitos de poder, controle e subordinação. O tribunal entendeu que a interpretação da legislação deve levar em conta a dinâmica de subordinação presente nas relações, independentemente do gênero ou orientação sexual.

STF amplia proteção da Lei Maria da Penha para relações homoafetivas e pessoas trans

No caso de travestis e transexuais, o STF decidiu que a legislação vale para todas as mulheres com identidade social feminina, independentemente de sua conformação física. O ministro relator do processo, Alexandre de Moraes, argumentou que “a conformação física externa é apenas uma, mas não a única das características definidoras do gênero”.

Pessoa com maquiagem de bandeira trans na pálpebra do olho

Entre a comunidade LGBTI+, as mulheres trans são as maiores vítimas de violência – Foto: Kyle/Unsplash

Para casais homoafetivos formados por homens, o tribunal considerou as dinâmicas de subordinação que reproduzem violências semelhantes às observadas em relações heterossexuais. A decisão foi baseada no conceito de “ideia sociológica de gênero”, que aborda a diferenciação social entre os papéis de homens e mulheres.

Moraes destacou que “é possível estender a incidência da norma aos casais homoafetivos do sexo masculino, se estiverem presentes fatores contextuais que insiram o homem vítima da violência na posição de subalternidade dentro da relação”.

Homem com o punho fechado para agredir mulher que, com o rosto virado, coloca as mãos na frente para se defender

Lei Maria da Penha auxilia governo a registrar casos de violência doméstica e propor políticas – Foto: Reprodução/Freepik

O STF concluiu que há omissão do Congresso Nacional em legislar sobre a aplicação da Lei Maria da Penha a outros grupos, o que pode gerar lacunas na proteção e punição contra a violência doméstica. A decisão atendeu a um pedido da ABRAFH (Associação Brasileira de Famílias HomoTransAfetivas).

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