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O ministro Alexandre de Moraes, do STF, liberou os vídeos da delação premiada de Mauro Cid. O ex-ajudante de ordens diz que Jair Bolsonaro acompanhava a trama golpista de perto, mesmo sem apoio de todos os comandantes militares e sem encontrar fraude nas urnas. ‘Carne’ para ‘churrasco’: Cid diz que termo se refere ao dinheiro que financiaria o golpe
O ministro do STF – Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes tornou públicos, nesta quinta-feira (20), vídeos da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mauro Cid disse que Bolsonaro exigiu que um relatório sobre urnas eletrônicas indicasse fraude, mesmo sem haver provas contra a segurança do sistema eleitoral.
A delação de Mauro Cid foi um dos elementos da denúncia que a Procuradoria-Geral da República apresentou contra Bolsonaro e mais 33 pessoas por crimes como golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Ao assinar o acordo de delação premiada, em 25 de agosto de 2023, o tenente-coronel Mauro Cid assumiu vários compromissos. Entre ele, o de contar a verdade e o de não falar sobre as investigações, como determina a lei. Mas em março de 2024 veio a público uma gravação em que Mauro Cid dizia que estava sendo pressionado pela Polícia Federal durante os depoimentos. Mauro Cid foi preso, em seguida, como o Jornal Nacional mostrou em 22 de março de 2024.
A prisão foi informada a Mauro Cid durante um depoimento ao desembargador Aírton Vieira, ex-juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes:
“Eu tenho, no entanto, que cientificar a todos que o senhor ministro relator Alexandre de Moraes, nos autos da PET 11-767 do Distrito Federal, decidiu e decretou a prisão preventiva do senhor Mauro César Barbosa Cid”.
Mauro Cid leva as mãos à cabeça, se mexe na cadeira. Ele chegou a desmaiar momentos depois de o vídeo ser encerrado. Nesse depoimento, Mauro Cid havia reafirmado que estava ali por livre e espontânea vontade e que não foi pressionado por ninguém:
“De forma espontânea e voluntária. Ciente de que seria feita a colaboração. E reafirmo não havendo pressão de nada, da Polícia Federal nem do Judiciário”.
Ele ficou preso até o começo de maio, quando foi solto usando tornozeleira eletrônica e proibido de falar com outros investigados.
‘Carne’ para ‘churrasco’: em delação, Mauro Cid confirma como golpistas se referiam a dinheiro para financiar tomada de poder
Jornal Nacional/ Reprodução
Meses depois, em novembro de 2024, Mauro Cid foi convocado a dar novos esclarecimentos, agora ao próprio ministro Alexandre de Moraes. O depoimento foi marcado porque relatórios da Polícia Federal mostraram contradições e omissões na delação – o que poderia anular o acordo, como determina a lei. O ministro disse que aquela audiência era a última chance para Mauro Cid contar a verdade sobre o que sabia.
“O colaborador tem também não só benefícios, tem também obrigações. A maior delas, das obrigações, é falar a verdade, é não se omitir, não se contradizer. Após essa nova fase da investigação, onde vários documentos foram juntados aos autos, onde celulares, mensagens de celulares, mensagens de computadores, novos laudos foram juntados, se percebeu que há uma série de omissões e uma série de contradições e eu diria aqui, com todo respeito, uma série de mentiras na colaboração premiada. Então aqui é importante e exatamente por isso, a fim de possibilitar uma reflexão maior do colaborador com seus advogados para que esclareça omissões, contradições, da sua colaboração, sob pena não só da decretação de prisão como também da cessação da consequente rescisão da colaboração e eventual rescisão englobará inclusive a continuidade das investigações e responsabilização do pai do investigado, de sua esposa e de sua filha maior. Eu gostaria de saber se o colaborador está plenamente ciente das consequências da manutenção dessas omissões e contradições.”, disse Alexandre de Moraes.
“Sim, senhor”, afirmou Mauro Cid.
“A colaboração premiada não pode ser seletiva e direcionada, ela não pode ser utilizada para proteger alguns e prejudicar outros. Aqui, o colaborador dá os fatos, quem analisa quem se será processado ou não é o Ministério Público, e o procurador-geral da República. E quem analisa após a denúncia, eventual denúncia da Procuradoria-Geral da República, se haverá culpabilidade ou não é Supremo Tribunal Federal. Não é o colaborador que desde início analisa ‘ah esse não fez nada’. Eu quero fatos. Por isso que eu marquei essa audiência. Eu diria que é a última chance do colaborador dizer a verdade sobre tudo”, disse o ministro do Supremo.
Nesse mesmo depoimento, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid apresentou a versão dele sobre como evoluiu a trama golpista e como o então presidente Jair Bolsonaro acompanhava tudo de perto. Mauro Cid contou, por exemplo, que Bolsonaro pressionou o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, a escreverem uma auditoria que houve fraude nas urnas eletrônicas. A auditoria do ministério não encontrou fraudes nem falhas de segurança no sistema eleitoral.
“O presidente estava pressionando ele para que ele escrevesse isso de uma outra forma. Ele queria que o presidente… Que ele escrevesse alguma coisa. Na verdade, o presidente queria que escrevesse que desse fraude, que tivesse fraude. Então, foi feita uma construção, uma discussão ali, e o que acabou saindo, eu acho, foi que não se poderia comprovar porque não era possível auditar”.
Mauro Cid também contou que, mesmo sem conseguir apoio de todos os comandantes militares e sem encontrar fraudes nas urnas, Bolsonaro alimentava a possibilidade de golpe. Em uma troca de mensagens encontrada pela Polícia Federal, o tenente Aparecido Portela, que segundo Mauro Cid era amigo do ex-presidente, aparece pressionando Cid por informações sobre o golpe de Estado. Na mensagem, Portela afirmou:
“O pessoal que colaborou com a carne; estão me cobrando se vai ser feito mesmo o churrasco”.
Cid respondeu:
“Vai sim! Ponto de honra! Nada está acabado ainda da nossa parte”.
Delação de Mauro Cid
Jornal Nacional/ Reprodução
Mauro Cid confirmou que carne era dinheiro para financiar o churrasco, que era o golpe.
Alexandre de Moares, ministro do STF: Obviamente, quem é o pessoal, e carne é dinheiro. Quem estava financiando o golpe está cobrando se vai ter o golpe.
Mauro Cid: Isso, isso.
Alexandre Moraes: O senhor responde: “Vai sim. Ponto de honra. Nada está acabado ainda da nossa parte”. Quero saber o seguinte: quem é o pessoal que colaborou? E estavam colaborando para o quê, para o dia 8 de janeiro?
Mauro Cid: Ministro, eu acho que estavam colaborando para manter o pessoal lá, para manter o pessoal lá. Eles estavam nessa angústia de esperar que fosse dado o golpe, esperar que o presidente assinasse um decreto, e as Forças Armadas fossem fazer alguma coisa. E o presidente, de certa forma, sempre, vou dizer, usar a palavra, que ele dava esperança que fosse acontecer alguma coisa que pudesse convencer as Forças Armadas a fazer alguma coisa. Então esse era o ponto.
Alexandre de Moraes: A pergunta dele, todos nós aqui concordamos que ele está cobrando porque colaboraram com a carne, com dinheiro, com infraestrutura, com gente. Mas ele pergunta vai ser mesmo churrasco que seria o golpe. O que eu quero entender melhor é a sua resposta. O senhor não disse: “Não sei vamos ver”. O senhor disse: “Vai sim, ponto de honra”. O que que o senhor quis dizer com isso?
Mauro Cid: Ministro, eu acho que o contexto foi o que eu falei, era o que presidente ainda mantinha a chama acesa que pudesse acontecer alguma coisa.
Em 2 de janeiro de 2023, um dia após a posse de Lula, Bolsonaro recebeu uma mensagem de um militar indagando se mantinham o acampamento golpista em frente ao QG do Exército. A mensagem foi encontrada pela Polícia Federal e usada na denúncia da PGR contra o ex-presidente:
“Desmobilizamos a tropa ou permanecemos em alerta?”.
Em outro trecho da delação, Mauro Cid confirma que em uma reunião, no dia 7 de dezembro, o então presidente Jair Bolsonaro mostrou aos comandantes das Forças Armadas a denominada “minuta do golpe”. Segundo a denúncia da PGR, Jair Messias Bolsonaro recebeu de Filipe Garcia Martins – que era assessor do presidente – a minuta de decreto que impunha a prisão de autoridades, entre elas os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
De acordo com o colaborador, Jair Bolsonaro fez, adiante, ajustes na minuta, submetendo à prisão apenas o ministro Alexandre de Moraes e se limitando à realização de novas eleições presidenciais.
Alexandre de Moraes: Foi nessa reunião, coronel, como que o senhor disse em depoimento passado, que o presidente mostrou a minuta do golpe para os comandantes?
Mauro Cid: Eu creio que sim.
Dias antes, em um depoimento ao delegado responsável pelo inquérito, Mauro Cid já havia dito que viu Bolsonaro participando da confecção da minuta:
“Eu falei da minuta. A minuta estava ali. Eu vi a confecção, eu vi o presidente tocando”.
Segundo a Polícia Federal, Alexandre de Moraes foi seguido por assessores de Bolsonaro e militares como parte do plano golpista. Eles usavam o codinome “professora” para se referir ao ministro. O ministro perguntou a Cid sobre este monitoramento.
Mauro Cid: O último monitoramento, que a gente faz aquela brincadeira, professora tal, foi… Essa aí foi o presidente que pediu.
Alexandre de Moraes: Quando presidente, o ex-presidente Bolsonaro pediu meu monitoramento, vocês fizeram como?
Mauro Cid: Eu solicitei ao coronel Câmara.
Alexandre de Moraes: Ele que fazia essa parte?
Mauro Cid: Sim, senhor. Eu não sei quem era o contato dele. Nunca perguntei obviamente quem era o contato dele. Isso aí, ministro, é bem clássico das operações de inteligência e das forças especiais, é compartimentação da informação e necessidade de saber. Então, tanto que o contato é contato dele, não quero saber, se muita gente ficar ligando para o contato, acaba caindo o contato.
Moraes torna públicos vídeos e áudios da delação de Mauro Cid; VEJA TRECHOS
Alto comando
Também nesse depoimento, Mauro Cid relata o passo a passo da trama para um golpe de Estado e do plano para assassinar o então presidente eleito Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
Documentos apreendidos pela Polícia Federal no celular do general da reserva Mario Fernandes mostram que o plano para assassinar Moraes, Lula e Alckmin foi chamado de “Punhal Verde Amarelo”. Segundo a Procuradoria-Geral da República, o plano foi impresso nas dependências do Palácio do Planalto no dia 9 de novembro de 2022 para apresentação a Jair Messias Bolsonaro e seu endosso.
Na delação, Mauro Cid disse que logo depois foi procurado por dois militares “kids pretos”, integrantes das forças especiais: os tenentes-coronéis Rafael de Oliveira e Hélio Ferreira Lima – para discutir o plano de ataque às autoridades.
“A data foi entre 10 e 11 de novembro. Nove, 10 ou 11 de novembro. Em que eles expressavam a indignação com o que estava acontecendo no país, que alguma coisa tinha que ser feita. Tinha uma mobilização de massa muito grande, que o Exército tinha que fazer alguma coisa, que o presidente não podia se omitir, que os generais não podiam se omitir. E que estavam propostos a fazer alguma ação que gerasse uma mobilização de massa, que pudesse causar um caos institucional ou alguma coisa que pudesse levar uma decretação de um estado de defesa, de sítio e alguma coisa nesse sentido”.
Mauro Cid disse em depoimento que, no dia 12 de novembro, participou de uma reunião na casa do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro, quando foi dado o aval para prosseguir com o plano. Os “kids pretos” que ficariam encarregados de colocar a operação em prática participaram do encontro.
“A gente marcou na banca de jornal perto da casa do general, nos encontramos e fomos lá. Quando entrou no nível das ideias, o general Braga Netto interrompeu e falou assim: ‘Não, o Cid não pode participar. Tira o Cid porque ele está muito próximo do Bolsonaro’. Eu saí mais cedo, fiquei 20, 30 minutos do período inicial. Saí da reunião e voltei para a Alvorada”.
Cid contou sobre uma conversa com Braga Netto para discutir o financiamento da operação. Cid disse que Braga Netto deu a ideia de levantar o dinheiro com o PL, partido de Bolsonaro.
“Naquele documento estava descrito que precisavam de hotel, carro, passagem aérea, alguns dados. O valor de R$ 100 mil inicialmente fui eu que falei até de maneira brincando. Não tinha nem ideia de gasto. E o general Braga Netto me orientou a perguntar se o partido poderia custear isso aí. Eu fui conversar com o coronel que era responsável pelo partido. Não me recordo o nome dele. Inclusive, ele viu o documento, imprimi o documento e mostrei para ele o documento. Esse documento, o inicial, que só as relações. Aí ele falou que não poderia, o partido não podia trazer manifestantes ou apoiar esse tipo de material”.
Cid afirmou que Braga Netto mesmo conseguiu o dinheiro, que entregou a ele em uma sacola de transporte de vinho. O dinheiro teria como destino final o tenente-coronel Rafael de Oliveira que, segundo investigação da Polícia Federal, dias depois passou a seguir Alexandre de Moraes.
“Eu não me recordo a data, mas talvez uma ou duas semanas depois, o general Braga Netto me entrega dinheiro. Ele… Acho que foi… Não me engano… Creio que quando o de Oliveira esteve no Alvorada. Ele me entregou. Era tipo uma coisa assim de vinho, de presente de vinho, com dinheiro. Eu não contei, não sei quanto, estava grampeado, e aí o de Oliveira veio buscar o dinheiro. Então, eu peguei o dinheiro e passei para o de Oliveira”.
Ao detalhar nos depoimentos as trocas de mensagens e os muitos encontros e reuniões de que participou, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro falou também da resistência que os golpistas encontraram nas cúpulas do Exército e da Aeronáutica, comprometidas com o respeito à Constituição. Cid disse que o então comandante da Marinha, almirante Garnier dos Santos, ficou isolado ao afirmar que colocaria as tropas à disposição de um golpe. Segundo Mauro Cid, os então comandantes do Exército, general Freire Gomes, e da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Batista Junior, se recusaram a avalizar a trama golpista, o que irritava Braga Netto.
“Aí teve a minuta que foi levada. O presidente esmiuçou a minuta, ele enxugou a minuta. Já fiz esse depoimento outras vezes. Foi apresentado aos comandantes, os considerandos. Acho que eram vários itens de considerados que foram elencados como possíveis interferências do STF, do TSE no governo Bolsonaro, para os generais. Acho que como uma tentativa de sensibilizar eles a fazer alguma coisa. E o almirante Garnier, como eu já tinha comentado, falou: ‘Não, a Marinha está pronta’. E aí o general Frei Gomes ficou irritadíssimo: ‘Ó, você não tem efetivo e você quer colocar na minha conta’. Esse era o ambiente e essas eram as discussões que a gente via mais ostensivamente naquele ambiente de Planalto. Tanto que o general Braga Netto não participava das reuniões quando tinha os generais batisteiros. Inclusive ele falava: ‘Não, não quero nem estar aqui”.
Cartão de vacinação
Mauro Cid relatou que Jair Bolsonaro deu ordem para que os cartões de vacinação dele e da filha fossem fraudados
Jornal Nacional/ Reprodução
Mauro Cid relatou que Jair Bolsonaro deu ordem para que os cartões de vacinação dele e da filha fossem fraudados. O tenente-coronel disse que entregou nas mãos do presidente os certificados com dados falsos.
“Em uma conversa meio informal ali ele: ‘Porra bicho, faz para mim também’. Aí eu fiz para ele, tudo com Ailton, tudo pedindo para o Ailton. Mas o que que aconteceu? Quando o coronel Câmara, que é o que eu estava passando, ficou sabendo, falou: ‘Você está doido? Está maluco? Faz essa porra não’. Tanto que ele pegou o cartão do bolso do presidente e rasgou”, contou Mauro Cid.
Pergunta: O presidente imprimiu efetivamente…
Mauro Cid: É, imprimi e entreguei para ele.
Pergunta: E entregou para o presidente?
Mauro Cid: Aí o coronel Câmara: ‘Porra nenhuma, não vai fazer isso não’. Aí eu pedi para o Ailton tirar, o dele e o da Laurinha, aí ele tirou.
Joias
Na delação, Mauro Cid também citou motivos que levaram Jair Bolsonaro a pedir a venda de joias que tinha recebido de presente durante a Presidência. Entre eles, o pagamento de uma indenização à deputada federal Maria do Rosário.
Mauro Cid: Ele vinha reclamando sistematicamente de gastos que ele poderia ter quando ele deixasse o governo. Fosse em 2023…
Pergunta: O senhor falou que ele estava reclamando de multas?
Mauro Cid: Multas que ele recebia por não usar máscara, não usar capacete, os gastos com ações judiciais como a da Maria do Rosario, que foi quase R$ 500 mil que ele foi multado. E aí ele pediu para verificar quais seriam os presentes dele que ele poderiam ter valor. Uma maneira mais fácil de quantificar seria relógio. Os relógios poderiam ser quantificados por causa da marca, tudo. Aí eu fiz um levantamento. Não sei se 10 ou 20. A gente viu qual relógio poderia ser quantificado, qual podia realmente ter algum valor. E esse relógio que estava nessa relação, o Rolex estava entre eles.
Pergunta: O que o senhor fez? Apresentou essa lista ao presidente?
Mauro Cid: Eu apresentei essa lista e aí ele falou: “Vamos tentar vender isso daqui?”.
Pergunta: Então ele deu a ordem expressa para o senhor vender o Rolex?
Mauro Cid: Isso, para vender o Rolex.
Pergunta: Ele autorizou o senhor a vender o Rolex?
Mauro Cid: E os outros apetrechos do kit.
Pergunta: Pelo valor de?
Mauro Cid: Cerca de US$ 15 mil. Foi por aí. Entre US$ 15 mil e US$ 18 mil.
Bolsonaro
Jair Bolsonaro em evento do PL em Brasília
Jornal Nacional/ Reprodução
O ex-presidente Jair Bolsonaro participou nesta quinta-feira (20), em Brasília, de um evento do Partido Liberal e se manifestou sobre a denúncia contra ele apresentada pela Procuradoria-Geral da República:
“Ao contrário de alguns poucos aqui, em Brasília que, no momento, mandam muito, eu estou com a consciência tranquila. Nada mais tem contra nós do que narrativas. Todas foram por água abaixo. Investiram pesadamente agora nessa última: golpe”.
Em uma entrevista ao programa Estúdioi, da GloboNews, o advogado de Jair Bolsonaro, Celso Vilardi, disse que vai pedir a anulação da delação de Mauro Cid.
“A principal linha de defesa, evidentemente, vai ser demonstrar a não participação do presidente Bolsonaro nos fatos que estão descritos na denúncia. Acho que essa é a principal linha pela própria inconsistência da denúncia. Não há dúvida de que existiram atos graves que foram narrados na denúncia. A questão, agora, é a verificação da participação de cada pessoa”, afirmou o advogado Celso Vilardi.
Andréia Sadi, jornalista: O senhor vai pedir a anulação da delação do Cid?
“Andréia, deixa eu dizer uma coisa para você: evidentemente que sim. O surpreendente é que eu tenha que pedir a anulação e o mais surpreendente é, como eu disse, nós estamos tratando de um processo de golpe de Estado que seria um golpe no Estado Democrático, um golpe na democracia”, disse Celso Vilardi.
Outros citados
A defesa de Marcelo Câmara afirmou que a denúncia é baseada e lastreada em uma delação que classificou de vergonhosa, que não se sustenta e que não vai resistir ao contraditório.
A defesa de Almir Garnier afirmou que vai se pronunciar nos autos sobre o que chamou de farsa.
A defesa de Rafael Martins de Oliveira afirmou que não vai se manifestar.
As defesas de Braga Netto, Mario Fernandes, Aparecido Portela e Estevam Theophilo não deram retorno ao contato do Jornal Nacional.
Não conseguimos contato com a defesa de Helio Ferreira Lima.
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