ONU condena desfile de corpos de reféns israelenses em Gaza: ‘Desumano’


Em comunicado, o chefe de direitos humanos das Nações Unidas disse que a forma como o Hamas fez devolução de quatro corpos a Israel nesta quinta-feira (20) vai contra o direito internacional. O chefe de direitos humanos das Nações Unidas disse na quinta-feira que o desfile de corpos em Gaza é abominável e vai contra o direito internacional.
O Hamas entregou os corpos do bebê israelense Kfir Bibas e de seu irmão de quatro anos Airel, os dois cativos mais jovens levados pelo Hamas em seu ataque de 7 de outubro de 2023. Os corpos de sua mãe Shiri Bibas e de um quarto refém, Oded Lifschitz, foram entregues sob o acordo de cessar-fogo de Gaza alcançado no mês passado.
“Segundo o direito internacional, qualquer entrega dos restos mortais de pessoas falecidas deve obedecer à proibição de tratamento cruel, desumano ou degradante, garantindo o respeito à dignidade do falecido e de suas famílias”, disse Volker Turk em um comunicado.
Um militante do Hamas fica ao lado de caixões durante a entrega dos reféns mortos, em Khan Younis, na Faixa de Gaza
Ramadan Abed/Reuters
O grupo terrorista Hamas entregou na manhã desta quinta-feira (20) os restos mortais de um bebê, uma criança, a mãe deles e um idoso em caixões preto. O bebê tinha oito meses e era o mais jovem dos reféns israelenses do Hamas mantidos na Faixa de Gaza.
Três dos restos mortais são da família Bibas, símbolo em Israel do sofrimento dos reféns mantidos em Gaza: Shiri Bibas, de origem argentina, dos filhos dela Kfir Bibas, de oito meses, e Ariel Bibas, de 4 anos. O idoso Oded Lifschitz, de 83 anos, é o quarto corpo entregue.
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A entrega, que faz parte do acordo de cessar-fogo em vigor desde 19 de janeiro, aconteceu em Khan Younis, na Faixa de Gaza. Os restos mortais foram entregues em caixões pretos para integrantes de Cruz Vermelha, responsáveis por levá-los até Israel. O governo israelense confirmou a entrega dos corpos.
Shiri Bibas, que foi sequestrada e levada para Gaza em 7 de outubro de 2023, com o filho caçula, Kfir, de oito meses.
Hostages Family Forum via AP
As vítimas tinham sido feitas reféns no ataque realizado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou 1,2 mil pessoas em Israel. Outras 251 foram sequestradas pelo grupo terrorista. A retaliação israelense, que lançou uma guerra contra o grupo terrorista, deixou cerca de 48 mil mortos e destruiu cidades inteiras no território palestino.
No momento da entrega dos corpos, o Hamas estendeu uma mensagem no pano de fundo do palanque. Nela, o grupo terrorista alegou que os quatro reféns foram mortos por um ataque aéreo israelense durante a guerra, e estampou uma imagem do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, com dentes de vampiro e sangue saindo de sua boca.
Sequestrado mais novo, símbolo dos reféns: quem era a família Bibas, que Hamas devolveu a Israel em caixões pretos
Em Israel, o clima é de luto com a entrega dos corpos, que confirma as mortes da família Bibas. O presidente israelense, Isaac Herzog, pediu desculpas pelos reféns mortos.
“Agonia. Sofrimento. Não há palavras. Nossos corações — os corações de uma nação inteira — estão devastados. Em nome do Estado de Israel, inclino minha cabeça e peço perdão. Perdão por não proteger vocês naquele dia terrível. Perdão por não trazê-los para casa com vida”, afirmou Herzog em publicação no X após a entrega dos corpos.
Caixões pretos contendo restos mortais de quatro reféns israelenses, incluindo três integrantes da família Bibas, entregues pelo Hamas a Israel em 20 de fevereiro de 2025.
REUTERS/Stringer
O marido de Shiri, Yarden Bibas, e pais das crianças, também era mantido como refém pelo grupo palestino. Ele estava entre os que foram libertados em 1º de fevereiro. A família Bibas tinha sido sequestrada na comunidade agrícola de Nir Oz, que fica próximo à Faixa de Gaza e perdeu cerca de um quarto de seus habitantes, entre mortos e sequestrados, durante o ataque de 7 de outubro.
“Shiri e as crianças se tornaram um símbolo”, disse Yiftach Cohen, morador do kibutz da família Bibas.
O Hamas já havia afirmado em novembro de 2023 que os meninos e a mãe haviam sido mortos em um ataque aéreo israelense, mas as mortes nunca foram confirmadas pelas autoridades de Israel. Os corpos passarão por exames de DNA.
Hamas devolve os corpos de bebê e outros 3 prisioneiros
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou em uma breve declaração em vídeo que esta quinta-feira seria “muito difícil para o Estado de Israel. Um dia angustiante, um dia de luto.”
Netanyahu foi alvo de protesto de familiares de reféns que ainda estão em poder do Hamas, na segunda-feira (17), quando foram completados 500 dias de cativeiro. Com fotos dos reféns, dezenas de pessoas marcharam até a casa do premiê entoando palavras de ordem.
Até esta quinta, 19 reféns israelenses foram libertados pelo grupo terrorista como parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo, além de cinco tailandeses. Em troca, mais de 1,1 mil palestinos que estavam presos em cadeias israelenses foram soltos.
Na primeira fase do acordo, o Hamas concordou em liberar um total de 33 reféns israelenses —e já havia avisado que alguns deles estavam mortos— em troca de 2 mil prisioneiros palestinos. No sábado (22), o grupo terrorista prometeu libertar mais seis reféns vivos.
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Yarden Bibas, refém israelense libertado pelo Hamas
REUTERS/Ramadan Abed
2ª fase do acordo em negociação
Segundo a agência de notícias, as negociações para uma segunda fase do cessar-fogo, que deve garantir o retorno a Israel de cerca de 60 reféns restantes. A Reuters informou que menos da metade deles são considerados vivos.
A trégua deverá contemplar também a retirada completa das tropas israelenses da Faixa de Gaza para possibilitar o fim da guerra. No entanto, as perspectivas para um acordo permanecem incertas.
Na quarta-feira (19), o Hamas informou que está disposto a libertar todos os reféns que permanecem na Faixa de Gaza durante a segunda fase do acordo, conforme declaração de Taher al-Nunu, um líder do grupo terrorista palestino.
“Informamos aos mediadores de que o Hamas está disposto a libertar todos os reféns de uma só vez durante a segunda fase do acordo, e não por etapas como na primeira fase em curso”, disse ele à agência de notícias AFP.
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