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Lula
Evaristo Sa/AFP
Depois da queda acentuada da aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), interlocutores do presidente da República recomendam que ele fale não só para o seu público, mas também para o eleitorado de centro e governe com a frente ampla.
Segundo eles, Lula precisa lembrar que foi eleito com o apoio de partidos de centro e que o eleitorado deste segmento foi fundamental para sua eleição.
Datafolha: 41% reprovam o governo Lula. Aprovação é de 24%
A avaliação destes interlocutores é que Lula, pressionado pela oposição, passou a intensificar um discurso para o eleitorado do Nordeste, baixa renda e feminino, deixando de lado o eleitorado mais de centro.
Resultado, ele não só perdeu apoio entre seus eleitores mais fiéis, como vai perdendo cada vez mais o eleitorado de centro, que votou nele porque não queria a reeleição de Jair Bolsonaro.
Para ministros da Frente Ampla, o presidente está estimulando o divisionismo ao defender mais seu eleitorado, não fazendo acenos ao eleitorado de centro. Além disso, reivindicam uma maior participação nas decisões de governo.
“O governo Lula foi eleito com o apoio da Frente Ampla, mas governa apenas para os seus”, reclama um aliado do presidente da República.
A equipe de Lula diz que a queda da aprovação reflete um final de 2024 e um início de 2025 muito ruim.
Segundo assessores, o governo vinha bem até novembro do ano passado. Em dezembro, vieram as notícias ruins.
Dólar em disparada, preços dos alimentos em alta e seguidos erros do governo, como a mudança na fiscalização do Pix, usada pela oposição de forma falsa como uma tributação, mas cuja mensagem acabou prevalecendo.
Há um consenso de que a queda da inflação é fundamental, o problema é que o governo está dividido sobre esse caminho. A equipe econômica prega um aperto fiscal para ajudar o Banco Central, a ala política quer mais programas sociais para reconquistar os eleitores.
Quatro são apontados como cruciais: isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil; aumento do crédito com consignado para trabalhadores do setor privado; gás gratuito para famílias de baixa e remédio de graça na Farmácia Popular. O problema é que tudo isso custa dinheiro público e ele está escasso.
Se o governo bancar programas sociais sem lastro fiscal, a inflação vai aumentar. Interlocutores de Lula no setor empresarial dizem que ele precisa retomar o caminho do seu primeiro mandato para se recuperar.