Com 35 gêmeos a cada mil nascimentos, Campinas atinge maior índice em nove anos


Médico atribui alta a dois fatores principais, incluindo as gestações tardias e o uso de métodos de reprodução assistida. Imagem de arquivo mostra bebês gêmeos
Pexels
Se antes as gestações gemelares eram consideradas raras, hoje o nascimento de múltiplos é cada vez mais comum. Em Campinas (SP), por exemplo, a cada mil registros de nascimentos em 2024, 35 eram de gêmeos – o maior índice em nove anos.
Os dados são da Associação dos Registradores Naturais (Arpen) e consideram o período a partir de 2016. Naquele ano, a cada mil nascidos registrados em cartório, 29 eram gêmeos. O levantamento inclui gêmeos, trigêmeos e casos em que apenas um dos bebês nasceu com vida.
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A alta vai na contramão da taxa de natalidade, que vem caindo a cada ano. Entre 2016 e 2024, os nascimento em geral tiveram redução de 22,1%. Por isso, mesmo que o número absoluto de gêmeos seja menor, em proporção houve aumento entre gêmeos e trigêmos.
O cenário não é exclusividade da metrópole. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Oxford, em 30 anos, houve um aumento de pelo menos 10% na incidência do nascimento de gêmeos em mais de 70 países. Em alguns casos, esse aumento chegou a 30%.
📈 No gráfico a seguir, veja os números de registros de nascimento em geral, o total de gêmeos registrados e a proporção por ano.

Ao longo de nove anos, foram 2.667 partos gemelares, conforme o balanço. Em 2.496 dos casos nasceram dois bebês, enquanto 44 deram origem a trigêmeos. Em outros 127 apenas um dos bebês sobreviveu ao parto.
Gestações tardias e reprodução assistida explicam aumento
Coordenador do programa de medicina fetal do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism-Unicamp), o médico João Bennini explica que até os anos 1980 as gestações gemelares não representavam mais do que 1% da população em geral.
No entanto, ao decorrer das décadas seguintes, esse cenário mudou por dois fatores principais, segundo o especialista:
👶 Gestações tardias: “a idade materna mais avançada aumenta a chance de gêmeos não idênticos […] isso acontece em regiões mais desenvolvidas, onde as mulheres entraram mais cedo no mercado de trabalho e acabam postergando mais a gestação”.
Isso ocorre porque a partir dos 35 anos o sistema reprodutivo passa a funcionar de forma diferente, fazendo com que o corpo libere dois ou mais óvulos de uma só vez. Se ambos forem fecundados, darão origem a bebês gêmeos.
👶 Técnicas de reprodução assistida: algo parecido pode ocorrer entre as mulheres que optam por procedimentos de fertilização, como “técnicas que induzem a ovulação ou quando se transfere mais de um embrião para aumentar a chance de sucesso na gestação”.
Campinas é referência em partos de risco
Olhando para Campinas, o médico tem uma análise específica. É que o Caism, que fica na metrópole, é referência no cuidado às gestantes de risco, o que inclui casos de gêmeos. Dessa forma, a metrópole pode ter um número inflado por pacientes de outras cidades.
“Nós somos um centro de referência para gestações de alto risco. A gemelaridade é considerada uma gestação de alto risco, porque tem risco maior de prematuridade. Com a queda na taxa de natalidade e a gravidez mais tardia, talvez a proporção tenha aumentado mesmo”.
“É o que a gente observa no Caism. O número de partos mudou mesmo. Houve essa queda na região de campinas como um todo. Porém, nosso berçário de alto risco continua cheio, super ocupado. Esse número inclui partos múltiplos”.
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