Produção de etanol tem foco no mercado interno, e Brasil só exporta 1% para EUA


EUA são o segundo maior importador de etanol brasileiro, atrás apenas da Coreia do Sul – mas volume é pequeno. Na quinta, Trump anunciou ‘tarifa recíproca’ sobre álcool brasileiro. Bomba de abastecimento de etanol
Reprodução/EPTV
Novo alvo de uma polêmica com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produção de etanol do Brasil tem como foco o próprio mercado interno brasileiro. Apenas 7% do combustível é exportado – sendo 1% para os EUA.
Os dados são da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) e se referem à safra de 2023/2024.
Nesse período, o Brasil produziu aproximadamente 33,6 milhões de metros cúbicos de etanol. O volume é suficiente para encher cerca de 13,4 mil piscinas olímpicas, por exemplo.
Mas só 2,5 milhões de metros cúbicos foram exportados para outros países, entre eles os Estados Unidos – que receberam 444,9 mil metros cúbicos de etanol, ou 1% da produção brasileira.
🛢️ Nesta quinta (13), a Casa Branca anunciou que adotará “tarifas recíprocas” em produtos que, segundo os EUA, são sobretaxados pelos parceiros comerciais – ou seja, em que o imposto externo é maior que o cobrado pelos EUA.
🛢️ O etanol brasileiro apareceu como primeiro item da lista. O Brasil cobra 18% sobre o etanol trazido dos EUA, mas paga 2,5% sobre os litros exportados no sentido oposto.
Segundo a pesquisadora Andréia Adami, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), o impacto dessa eventual equiparação de tarifas é pequeno para o setor.
“Quando a gente olha o quanto exportamos comparativamente à produção interna, [isso] é nada”, afirma.
Por que o etanol brasileiro entrou na mira de Trump
“Vejo [a relação comercial Brasil-EUA] mais como uma parceria. É importante para a estratégia de negócios você ter acesso ao mercado lá, mas não é um mercado que pode trazer grandes dificuldades para o setor”, adiciona a pesquisadora.
Em entrevista à GloboNews na quinta-feira (13), o presidente da Unica, Evandro Gussi, afirmou que não vê impactos no mercado.
“A gente não vê nesses volumes americanos uma relevância, não dá para dizer que isso vá, de alguma maneira alterar mercados de etanol e tampouco de açúcar em si […]. Não dá para a gente dizer ou mensurar nesse momento impactos dessa ordem”, disse.
Veja ranking dos importadores
Os Estados Unidos são o segundo maior importador de etanol brasileiro, atrás apenas da Coreia do Sul. Veja a lista:
Coreia do Sul: 33,3%
Estados Unidos: 17,4%
Holanda: 15,9%
Filipinas: 6,2%
Nigéria: 5,8%
Índia: 4,9%
“E se os Estados Unidos pararem totalmente de comprar [etanol] do Brasil? Vai ser uma perda muito pequena. […] Mas o Brasil vai ter outros parceiros para trabalhar e tentar compensar isso, provavelmente [exportar mais] para a Ásia”, explicou Andréia Adami.
Trump assina decreto que impõe tarifas recíprocas contra países que taxam produtos dos EUA
Memorando de Trump
O memorando assinado nesta quinta-feira (13) determina a cobrança de tarifas recíprocas a países que cobram taxas de importação de produtos americanos.
🔎Os memorandos são menos formais que os decretos que Trump tem usado para regulamentar seu “tarifaço” contra parceiros comerciais, mas ainda direcionam ações governamentais.
Como Trump, governo brasileiro anunciou medidas protecionistas para a indústria do aço há menos de um ano
Desta vez não há uma tarifa específica para países determinados, mas uma orientação geral de reciprocidade aos países que impõem dificuldades ao comércio com os EUA.
No documento, Trump menciona o etanol brasileiro:
“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil.”
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