A China está pagando incentivos financeiros para estimular jovens a se casarem e terem filhos, em meio à queda populacional que o país enfrenta pelo terceiro ano consecutivo. Em algumas cidades, casais que oficializam a união recebem 1.500 yuans (cerca de R$ 1.182), além de bônus para o nascimento dos filhos.
Na cidade de Luliang, na província de Shanxi, essa quantia equivale a metade do salário médio da população urbana e supera a renda mensal da maioria dos trabalhadores rurais.
Além disso, os casais que têm filhos recebem 2.000 yuans pelo primeiro, 5.000 pelo segundo e 8.000 pelo terceiro (R$ 1.558, R$ 3.895 e R$ 6.232, respectivamente). Outros benefícios incluem subsídios e contribuições para o seguro de saúde infantil.
Apesar das medidas, os jovens chineses não demonstram grande entusiasmo pelo casamento. Em 2023, o número de matrimônios caiu 20% em relação ao ano anterior. Especialistas apontam que os altos custos com educação e a instabilidade do mercado de trabalho desmotivam os casais a constituir família.
Em entrevista à AFP, Zhang Gang e Weng Linbin, um dos casais que aderiram ao programa, revelaram que adiaram o casamento para garantir o benefício. “Acho que essa política é eficaz para melhorar a situação do casamento e do romance”, disse Zhang. “Quando contei aos meus amigos, todos acharam ótimo”.
O incentivo financeiro gerou uma corrida aos cartórios em Luliang. Um funcionário local relatou à AFP que mais de 400 certidões de casamento foram emitidas desde o início do ano, levando o cartório a ficar sem dinheiro para pagar os bônus. Wang Yanlong, um dos recém-casados, precisou retornar dias depois para retirar a quantia prometida.
Apesar do aumento na procura, especialistas alertam que os incentivos podem não ser suficientes para reverter a crise demográfica chinesa. Muitos casais afirmam que, embora o benefício seja bem-vindo, ele não cobre os custos de longo prazo de criar uma família no país.