Homem em situação de rua é ‘largado às traças’ em porta de UPA após atendimento, denuncia paciente; VÍDEO


Gravação de testemunha mostra o rapaz vestindo um avental hospitalar do lado de fora da UPA Central de Santos (SP). Segundo o InSaúde, responsável pela unidade, homem foi assistido ao reclamar de problema para se locomover e segue internado aguardando vaga na enfermaria. Homem é deixado na porta de UPA vestindo avental hospitalar no litoral de SP
Uma moradora de Santos, no litoral de São Paulo, acusa os profissionais da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central de atender um homem em situação de rua e, depois, deixá-lo “largado” em frente ao local. O Instituto Nacional de Pesquisa e Gestão em Saúde (InSaúde), responsável pela gestão da UPA informou, em nota, que o homem foi readmitido e internado.
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As imagens foram gravadas pela bombeira civil Elaine Moita Figo, de 50 anos, e mostram o homem identificado como Alex no chão, vestindo um avental hospitalar, em frente à unidade, no bairro Vila Mathias.
Durante a filmagem ela diz que o homem foi “largado às traças” no local. Elaine se deparou com a situação na manhã de sábado (8), quando foi à UPA tratar de um problema na coluna.
“O meu caso é muito pequeno perto do caso desse rapaz. O caso desse rapaz é o seguinte: porque ele é morador de rua, ele ficou largado aqui às traças com a camisola do hospital”, denunciou a mulher.
Segundo Elaine, homem disse a ela que vive em situação de rua
Elaine Moita Figo
A Secretaria de Saúde de Santos informou, em nota, que o paciente foi levado à UPA pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no início da tarde de sábado, com quadro de fraqueza e desidratação.
Após a realização de exame, ele recebeu alta, mas seguiu na escadaria e foi readmitido após novas queixas. Agora, está na sala de observação aguardando vaga de enfermaria.
Denúncia
Ao g1, Elaine contou ter chegado na UPA por volta de 10h e, cerca de duas horas depois, enquanto ainda aguardava atendimento, viu o rapaz pela primeira vez. Ele havia sido trazido em uma ambulância e estava de fralda. Um funcionário o levou para dentro da unidade em uma cadeira de rodas.
Segundo a bombeira civil, o homem em situação de rua foi conduzido até a triagem, logo depois à área onde ficam os consultórios. Pouco tempo depois, o funcionário voltou com o homem ainda na cadeira. Como ela achou que ele seria conduzido à assistência social, nada disse e não se preocupou.
Elaine deu água a homem na porta de UPA, em Santos (SP)
Elaine Moita Figo
Para a surpresa de Elaine, no entanto, após ser atendida e sair da unidade por volta de 14h30, ela se deparou com o mesmo homem no chão em frente à UPA.
“É como se ele tivesse dado a volta dentro da UPA em direção à medicação. Deram qualquer medicação para ele, que eu não sei qual foi também, e ele já saiu na cadeira de rodas com uma camisola. E foi deixado ali naquele momento”, disse ela.
Diante do que viu, Elaine questionou um funcionário sobre o rapaz estar ali, mas a resposta desagradou.
“A devolutiva que eu tive do segurança, quando eu questionei [sobre] ele [paciente] ali fora de camisola, foi que ele não tinha roupa. Aí eu fico me perguntando: mas e a assistente social da UPA, não teria uma roupa para fornecer? A UPA não teria?”, ponderou.
De acordo com Elaine, o paciente não tinha condições de falar. Atendendo a um pedido do rapaz, ela entregou um copo com água. Tentou até encontrar um órgão social para ajudá-lo, mas não teve sucesso.
“Eu não tive mais o que fazer, porque todos os locais que eu busquei encontrar, de número de telefone, estavam fechados e ninguém me atendia”, disse.
UPA Central
Homem em situação de rua foi readmitido após novas queixas, segundo a Prefeitura de Santos (SP)
Elaine Moita Figo
Apesar do que informou a Prefeitura de Santos, o InSaúde disse, em nota, que o paciente deu entrada na UPA Central já na sexta-feira (7), pouco antes das 21h. Com escoriações no rosto e hematomas no olho, foi submetido a exames de sangue, urina e raios-x que descartaram fraturas ou anormalidades.
Ainda segundo o InSaúde, o paciente em situação de rua recebeu alta por volta da hora do almoço no sábado, dia seguinte. Depois disso, ficou por um tempo sentado em frente à unidade e reclamou que não podia se locomover, algo que não teria sido relatado durante o atendimento dele.
“O controlador de acesso da Unidade auxiliou-o de volta e Alex passou por tomografia. No momento, encontra-se internado aguardando vaga de enfermaria. O InSaúde reforça seu compromisso com um atendimento humanizado de todo paciente”, afirmou no texto.
De acordo com a prefeitura, o homem vive em situação de rua há seis meses em Santos, mas a família é da Bahia. O município tenta localizar os familiares dele e, assim que o rapaz receber alta, será assistido por uma assistente social da Secretaria de Ação Social (Seds) para possível recâmbio até a cidade de origem.
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