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Insetos são mais mansos e podem ser criados por hobbie ou como atividade rentável ‘Cadê Minha Vaga’: veja trabalho do meliponicultor
A apicultura, nome dado para a criação de abelhas com ferrão, já é mais conhecida pela população. Além dela, existe também o cultivo de abelhas sem ferrão, a chamada meliponicultura.
“A meliponicultura se difundiu bastante como um hobbie nos últimos anos, mas ela pode sim ser uma atividade rentável”, afirmou o biólogo e meliponicultor Guilherme Aguirre, de 42 anos, em entrevista à EPTV.
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Há dois anos, o biólogo colocou uma colmeia com alimento atrativo para as abelhas para ver quais espécies apareceriam em frente à sua casa. Vieram as da espécie jataí, que são pequenas e podem até ser confundidas com mosquitos. Hoje, ele possui 50 colmeias com dez espécies diferentes.
No Brasil, há cerca de 1500 espécies diferentes, das quais 300 são meliponini, ou seja, naturalmente sem ferrão ou com ferrão atrofiado. Por isso, essas abelhas são mais mansas, e é possível até alimentá-las na própria mão. Para o manejo, não é necessário o uso de roupas especiais para proteção.
Abelhas meliponini não possuem ferrão e são mais mansas
Reprodução EPTV
O cultivo
Além de cuidado no manejo das colmeias, é necessário atenção a saúde desses insetos. “Geralmente oferecemos uma alimentação complementar, para fazer com que essas colmeias fiquem sempre fortes, que a rainha bote muitos ovos, e que elas voem bastante para polinizar mais as plantas”, conta Guilherme.
Trabalhar com esse cultivo é possível para biólogos, zootecnistas, veterinários, agrônomos e engenheiros ambientais. Também existem cursos livres para capacitação na área. Guilherme, por exemplo, saiu do emprego com carteira assinada para abrir o negócio próprio com as abelhas.
Cultivo das abelhas necessita de alimentação complementar e cuidado no manejo da colmeia
Reprodução EPTV
Importância para o ambiente e para a agricultura
“Cerca de 80% de todos os alimentos que chegam na sua mesa dependem, direta ou indiretamente, das abelhas” afirma Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa.
As abelhas voam de um a três quilômetros para se alimentar. Elas se aproximam das flores ao serem atraídas pelas cores e perfumes, e acabam transferindo grãos de pólen da flor macho para a fêmea enquanto coletam néctar e pólen para alimentar a colmeia.
Esse processo é essencial para a reprodução das plantas que fornecem alimentos, biodiversidade e equilíbrio ecológico.
Geração de renda
“Não é uma atividade fácil de se ganhar dinheiro. Só a educação ambiental não compõe minha renda total, então preciso fazer consultorias e a venda dos produtos. Hoje, esse “combo” está dando certo, e eu estou muito feliz trabalhando com as abelhas e multiplicando o conhecimento sobre elas”, afirma Guilherme.
Segundo o pesquisador Cristiano, plantações como as de maracujá e de açaí dependem exclusivamente da polinização das abelhas. “[Sem elas] não dá pra produzir. Outros cultivos a gente até consegue, mas quando colocamos as abelhas no sistema, o cultivo vai produzir mais. É o caso do café, do morango e do tomate, que tem benefícios agregados”, explica.
Nesses casos, a presença dos insetos pode aumentar a produtividade e até a qualidade da colheita. “No caso do morango, por exemplo, vai diminuir a deformação dos frutos. Os frutos ficam mais bonitos e até o tempo de prateleira aumenta”, completa.
Também existe mercado para a “polinização assistida”, em que produtores alugam colmeias para melhorar a produtividade das lavouras.
“Quando você vai até o cafezal e possibilita um aumento de até 40% na safra daquele produtor, você também tem como resultado, além da remuneração pelo aluguel das colônias, a remuneração de um mel mais valorizado”, diz Felipe Meireles, produtor rural que também aluga colmeias.
Regulamentação
No Estado de São Paulo, é permitido ter até 50 colmeias, realizando cadastro junto aos órgãos ambientais. O valor de uma colmeia da espécie jataí começa em R$ 250, enquanto uma da espécia mandassaia custa em média R$450. Já a colmeia da espécie bugia pode chegar a R$900.
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