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Eyad BABA
O cessar-fogo entre Israel e Hamas em Gaza está por um fio depois que o movimento islamista palestino advertiu nesta terça-feira (11) que as ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, complicam “ainda mais as coisas” para a trégua no território.
O presidente republicano ameaçou na segunda-feira provocar um “inferno” em Gaza se os reféns israelenses não forem libertados até sábado (15), como estabelece o acordo de trégua que está em vigor desde 19 de janeiro.
“Trump deve lembrar que há um acordo (de trégua) que ambas as partes devem respeitar, e que essa é a única forma de fazer com que os prisioneiros retornem”, declarou Sami Abu Zuhri, um dos líderes do Hamas.
“A linguagem das ameaças não tem nenhum valor e complica ainda mais as coisas”, enfatizou.
Hamas, no poder em Gaza desde 2007, anunciou na segunda-feira o adiamento por tempo indeterminado da próxima libertação de reféns, depois de acusar Israel de violar o cessar-fogo, mediado pelo Catar, com a ajuda dos Estados Unidos e do Egito.
O movimento islamista acrescentou, no entanto, que a porta permanece “aberta” para libertá-los se Israel cumprir efetivamente as suas obrigações.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, exortou o Hamas a libertar os reféns.
“Devemos evitar a qualquer custo que as hostilidades sejam retomadas em Gaza, o que levaria a uma imensa tragédia”, escreveu na rede social X.
A trégua interrompeu mais de 15 meses de conflito na Faixa de Gaza e permitiu cinco trocas de reféns sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 por prisioneiros palestinos detidos em Israel.
– “Sem deslocar os palestinos” –
A guerra começou em outubro de 2023 com o ataque do Hamas no sul de Israel, que resultou nas mortes de 1.210 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço estabelecido pela AFP com base em dados oficiais israelenses.
Os milicianos islamistas também sequestraram 251 pessoas, das quais 73 ainda estão em Gaza, incluindo 35 que teriam sido mortas, segundo o Exército israelense.
A ofensiva de retaliação de Israel matou pelo menos 48.209 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.
Após o anúncio do Hamas de adiar a próxima operação de libertação de reféns, o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou ao Exército que se prepare “para qualquer cenário”.
O acordo de trégua também foi abalado pela proposta de Trump de assumir o controle do território palestino e deslocar seus mais de dois milhões de habitantes para países como Jordânia e Egito.
O presidente egípcio, Abdel Fatah al Sisi, pediu a reconstrução de Gaza “sem deslocar os palestinos”, depois que Trump ameaçou interromper a ajuda ao Egito e à Jordânia caso os países se recusem a receber os habitantes de Gaza.
A trégua permitiu até o momento a libertação de 21 reféns, incluindo 16 israelenses, em troca de mais de 700 prisioneiros palestinos detidos em Israel.
No total, 33 reféns israelenses devem ser libertados na primeira fase desta trégua, que termina em 1º de março.
O Exército israelense e o kibbutz Kissufim anunciaram nesta terça-feira a morte em Gaza do refém Shlomo Mansour, de 86 anos.
A segunda fase da trégua deve resultar na libertação de todos os reféns e no fim definitivo da guerra, antes de uma etapa final dedicada à reconstrução de Gaza. Mas as negociações sobre a segunda fase ainda não começaram.