Veja como ficou o ônibus que foi atingido por avião na Zona Oeste de SP


Equipe da TV Globo entrou no ônibus que ficou completamente destruído após a explosão. Parte interna do ônibus.
Reprodução/ TV Globo
O ônibus que pegou fogo após ser atingido por um avião, numa avenida na Zona Oeste de São Paulo, na última sexta-feira (7) ficou completamente destruído após a explosão. Duas pessoas morreram e dez ficaram feridas no acidente.
Equipes da TV Globo entraram no veículo.
Mais de 30 pessoas estavam no local no momento da batida e, segundo funcionários, o ônibus só não explodiu porque o tanque de combustível não foi atingido.
O avião de pequeno porte caiu por volta das 7h20. Ao tentar pousar no local, ele atingiu um ônibus e houve uma explosão. A aeronave saiu do Campo de Marte por volta das 7h15 e tinha como destino a cidade de Porto Alegre. Segundo testemunhas, o avião tentou fazer um pouso de emergência na pista da avenida, mas não conseguiu.
Na queda, a aeronave atingiu um ônibus.
Veja como ficou o veículo:
Parte traseira do ônibus que foi atingido pelo avião.
Reprodução/ TV Globo
Porta de saída do veículo.
Reprodução/ TV Globo
Assento do motorista.
Reprodução/ TV Globo
Catraca do ônibus.
Reprodução/ TV Globo
Janela completamente destruída pelo incêndio.
Reprodução/ TV Globo
Veja como ficou o ônibus que foi atingido por um avião na Zona Oeste de SP; duas pessoas m
Hélice do avião
A posição da hélice do avião pode indicar uma possível falha no motor, segundo especialistas. Essa é uma das linhas da investigação da Aeronáutica sobre a causa do acidente.
👉 Nas imagens do acidente, as pás de uma hélice aparecem embandeiradas, ou seja, viradas de lado (e não de frente). Esse procedimento usado por pilotos faz com que as pás fiquem paralelas ao fluxo de ar, permitindo maior passagem do vento e dando mais estabilidade ao avião em caso de mau funcionamento do motor.
Bombeiros e técnicos do Cenipa no local do acidente; posição de hélices pode indicar falha no motor
Bruno Trentin/TV Globo
O engenheiro aeronáutico Jorge Leal, professor da Escola Politécnica da USP, explica que o embandeiramento “é um procedimento que se usa quando você perde o motor e você deixa a hélice alinhada com o vento. Ela vira uma pá, gira e dá tração ao avião”.
Ele afirma que, quando um motor deixa de funcionar, se a hélice ficar virada para a frente (como a de um ventilador), vai gerar um arrasto (força que faz resistência ao movimento) muito grande com a força feita pelo outro motor. Com o embandeiramento, a hélice fica de lado, dando mais estabilidade ao avião.
Os trabalhos de investigação estão a cargo do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) e ainda não têm prazo para serem concluídos.
Causas de acidentes
Dados do Cenipa coletados pelo g1 mostram que dois em cada dez acidentes aéreos no Brasil apresentaram falha ou mau funcionamento do motor das aeronaves.
Desde 2015, início da série histórica, foram registrados 1.580 acidentes aéreos no país. Desses, 355 estão ligados a falhas ou mau funcionamento no motor da aeronave, de forma isolada ou em conjunto com outros fatores. Esses números não incluem o acidente de sexta, ainda sob investigação.
Como foi o acidente
O modelo do avião era um King Air F90, fabricado em 1981, com capacidade para oito pessoas.
O avião tentou fazer um pouso de emergência na pista da avenida, mas não conseguiu. Ele avançou sobre a pista, foi arrancando placas e árvores e bateu na traseira de um ônibus até explodir. “Só vi tudo voando e a bola de fogo”, contou Genival Dantas Arraes, que passava no local.
Uma gravação de áudio mostrou que o piloto tinha pedido autorização para voltar imediatamente ao aeroporto Campo de Marte, de onde tinha decolado.
O local do acidente fica perto de condomínio, centros de treinamento do São Paulo e Palmeiras, shopping e até estádio.
O cruzamento fechado e o desembarque rápido de passageiros de ônibus atingido por destroços de avião ajudaram a evitar uma tragédia maior.
Fatores que mostram que tragédia poderia ter sido ainda maior
Arte/g1
Avião estava apto a voar
Neste ano, a aeronave que caiu chegou a ficar durante uma semana em manutenção preventiva em um hangar privado no Campo de Marte, na Zona Norte.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave podia operar normalmente apesar de um documento da agência apontar que havia três inconformidades nos documentos do avião momento de importação para o Brasil.
As inconformidades são em relação ao computador de dados aéreos, ao para-brisas e ao sistema de degelo (veja mais abaixo).
O avião foi importado dos Estados Unidos em 24 de novembro do ano passado. A vistoria é um procedimento de segurança que garante que a aeronave está de acordo com seu projeto original.
Avião com prefixo PS-FEM foi fabricado em 1981
Reprodução/TV Globo
Segundo a Anac, o comunicado que apontou as inconformidades foi enviado no dia 6 de fevereiro —ou seja, um dia antes da queda do avião— ao Profissional Credenciado em Aeronavegabilidade (PCA), responsável por atestar a conformidade do equipamento no momento de sua importação.
O comunicado exige do responsável uma resposta em até cinco dias sobre as três inconformidades apontadas. A agência ressaltou, no entanto, que a aeronave entrou no Brasil com Certificado de Aeronavegabilidade válido —ou seja, ela estava apta para operar no país, sem restrições (veja abaixo a explicação da Anac).
A Anac também destacou que o documento diz respeito “ao processo de informação documental (prestação de contas) da vistoria realizada pelo Profissional Credenciado à Anac”.
Segundo Fernando Catalano, professor da engenharia aeronáutica da USP de São Carlos, as não conformidades indicam a “necessidade de ajustes ou verificações nos registros e sistemas” para garantir que todas as informações estejam corretas e de acordo com os padrões e regulamentos aplicáveis. “Não significa que haja algum defeito”, ressalta.
De acordo com Catalano, as providências a serem tomadas em caso de descumprimento do prazo são variadas, podendo ir do impedimento da aeronave de voar a uma multa.
As três inconformidades encontradas pela Anac são:
Informações divergentes entre Laudo de Vistoria e tela de estação quanto ao equipamento ADC, que é um computador de dados aéreos que mostra ao piloto informações como altitude, velocidade e temperatura, por exemplo;
Verificação da falta de limpadores de parabrisas, declarados como instalados;
A não identificação de autorização para alteração no sistema de degelo das hélices.
Queda de avião em avenida de São Paulo matou duas pessoas
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