Fotos mostram como vizinhos da tragédia apoiaram equipes de resgate e forças de segurança em Vinhedo


Moradores disponibilizaram ao menos quatro casas em apoio aos órgãos públicos que atuavam no local. Forças de segurança, agências governamentais e equipes de resgate contaram com o apoio de vizinhos da tragédia em Vinhedo
Antônio Neto/Arquivo pessoal
O trabalho de atendimento ao acidente aéreo que matou 62 pessoas em Vinhedo (SP) mobilizou forças de segurança, agências governamentais e equipes de resgate durante todo o fim de semana dentro do condomínio Recanto Florido.
Por conta das horas de duração dos trabalhos, do frio que faz na cidade desde sexta-feira e do tempo chuvoso, vizinhos da casa atingida pela aeronave se mobilizaram para apoiar as equipes no local, como mostram as fotos obtidas pelo g1. Segundo a associação de moradores, ao menos quatro casas foram disponibilizadas.
“Nós disponibilizamos casas, até para que eles tivessem um suporte justamente para os trabalhos que estavam fazendo. Estavam usando quatro casas parcialmente a polícia federal, polícia rodoviária, polícia militar e polícia civil. Foi mais por uma questão de comodidade, se precisar usar um banheiro”, explicou o morador Eduardo Borges.
Bombeiros, policiais e peritos na casa vizinha à tragédia
Antônio Neto/Arquivo pessoal
O g1 esteve no condomínio neste domingo (11) e ouviu o relato de moradores que se revezaram preparando bebidas quentes e lanches para as equipes que atuavam no acidente principalmente na madrugada de sexta para sábado.
“Disponibilizamos água, que boa parte dos comerciantes tinha encaminhado aqui de forma gratuita, disponibilizamos bastante café, porque tava muito frio, nos trabalhos, principalmente o pessoal que tava fazendo a remoção dos escombros”, detalhou Borges.
A previsão é que os peritos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos concluam os trabalhos no condomínio nesta segunda-feira (12). Em seguida, a Voepass deve fazer a retirada dos destroços.
Militares do Corpo de Bombeiros que atuaram na retirada das vítimas da tragédia em Vinhedo
Antônio Neto/Arquivo pessoal
Vídeo impressionante
O g1 entrou na tarde deste domingo (11) no condomínio e, dois dias após o acidente, foi possível mostrar o local de onde foi feito um dos vídeos mais impressionantes da tragédia, a 150 metros da queda da aeronave. Assista abaixo.
Exclusivo: g1 entra em condomínio onde avião caiu e revela local de vídeo impressionante
O autor do vídeo foi o DJ e produtor musical Breno Loschi, que mora condomínio há 14 anos. Ao g1, o morador relatou os momentos que antecederam a gravação do vídeo daquele que é o maior acidente aéreo no Brasil desde 2007.
Vídeo impressionante mostra queda de avião em Vinhedo
Breno Loschi/Arquivo pessoal
“Eu estava lá em cima no estúdio produzindo, e aí eu comecei a ouvir um avião. Parecia que estava só passando o avião, só que tava muito alto [o barulho]. Na hora eu comecei a procurar [no céu], mas lá tem a árvore. Aí eu desci para cá, fiquei procurando, olhando para o alto e não achava nada e o barulho só aumentando. Mas quando eu olhei para cima, bem aqui onde eu estou, já apareceu ele rodopiando. Aí caiu e teve a explosão”, disse ao g1.
O vídeo foi feito do quintal da chácara do produtor musical no condomínio Recanto Florido e rodou o mundo. Breno recebeu dezenas de mensagens de veículos de comunicação e agências de notícias do Brasil e do exterior.
Breno Loschi registrou queda de avião em Vinhedo
João Alvarenga/g1
Para além do vídeo, o relato pessoal de Breno também impressiona. Segundo ele, o choque da aeronave no solo foi tão forte que parecia um tremor de terra. “Parece até que eu senti um impacto assim, um tremor”.
“Nos minutos seguintes eu perguntava: o que aconteceu:? Parecia muito cena de filme. Parecia que vinha na minha direção”, contou.
Clima no condomínio
Rua dentro de condomínio segue bloqueada pela PM para o trabalho de perícia
g1
Dois dias após a tragédia, o clima entre moradores misturava choque e curiosidade. Em respeito à privacidade, não gravamos moradores em áreas comuns, mas em conversas com vizinhos da tragédia, a reportagem ouviu relatos da trauma vivido por eles.
A área onde estão os destroços está bloqueada, mas, de alguns pontos do condomínio, moradores conseguiam observar a perícia do Cenipa que acontecem há dois dias. Um trabalho que busca responder uma questão recorrente dentro e fora do condomínio: o que aconteceu?
Ato ecumênico
A aposentada Vera Lúcia Freitas da Silva levou flores e fez oração em homenagem às vítimas da queda do avião da Voepass que matou 62 pessoas a bordo em Vinhedo (SP)
Wesley Justino/EPTV
Ainda na tarde deste domingo, a porta do condomínio recebeu homenagens às vítimas. A aposentada Vera Lúcia Freitas da Silva, que mora em um bairro vizinho, contou que viu o momento que o avião caiu, na sexta (9), e decidiu levar flores em frente ao residencial.
“Esses dias todos eu não tive nem coragem de vir aqui, porque é muito triste. Aí eu falei ‘não, vou levar uma flor, fazer uma oração para que eles possam receber’. Porque eu acredito na vida eterna, acredito que eles possam receber nossas orações e um conforto para a família”, disse Vera.
Um pouco mais cedo, duas mulheres também levaram flores e um bilhete aos quatro tripulantes do voo 2283 da Voepass. A reportagem da EPTV, afiliada TV Globo, apurou que a homenagem foi prestada por uma comissária de bordo da Azul, que não quis gravar entrevista.
Silvia Bongiovanni, conselheira da Associação de Moradores do Residencial Recanto Florido, local da queda da aeronave, informou que a entidade deve organizar um ato ecumênico em frente ao residencial, nos próximos dias, em data ainda a definir.
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Cronologia da tragédia
A aeronave da Voepssa que caiu em Vinhedo na sexta (9), matando todos a bordo, voou por 1 hora e 35 minutos sem qualquer registro de ocorrências, até fazer uma curva brusca, despencar 4 mil metros em aproximadamente 1 minuto e sumir do radar, após explodir no terreno de uma casa em um condomínio residencial.
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.
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O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) prevê um relatório preliminar sobre as causas do acidente em 30 dias.
O órgao de investigação informou no domingo (11) que conseguiu extrair todo o conteúdo das duas caixas-pretas retiradas do avião que caiu em Vinhedo.
Veja, ponto a ponto, a cronologia do desastre:
A aeronave decolou às 11h46 e o voo seguiu tranquilo até 12h20.
Após 24 minutos, subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o ‘Salvaero’ foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.

A Força Aérea Brasileira informou que investigadores do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV), órgão regional do Cenipa, localizados em São Paulo, já estão a caminho para realizar a “Ação Inicial da ocorrência”.
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