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O Governo Federal anunciou uma nova medida para tornar a alimentação escolar mais saudável, reduzindo para 15% o limite de alimentos processados e ultraprocessados no cardápio das escolas públicas a partir de 2025.
A decisão foi divulgada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira, dia 4 de fevereiro, durante a 6ª edição do Encontro Nacional do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), em Brasília.
“Ninguém consegue estudar de barriga vazia. Uma criança que sai de casa sem tomar café, que não teve uma janta de qualidade, com os nutrientes necessários, o que essa criança vai aprender?”, questionou o presidente.
A mudança será implementada por meio de uma alteração na Resolução nº 6/2020, que define as diretrizes do PNAE. A iniciativa afetará 40 milhões de alunos em quase 150 mil escolas públicas do país, que servem aproximadamente 10 bilhões de refeições por ano.
“Medida essencial”
Para a CEO Assegure Assessoria Consultoria de Alimentos, a nutricionista Julie Cardoso, comenta que a medida é essencial, porque escolhe o ambiente onde as crianças não apenas se alimentam, mas também aprendem.
“Quando a merenda escolar prioriza alimentos in natura ou minimamente processados como as frutas, os legumes ou os grãos; ela acaba influenciando o comportamento alimentar das crianças. Elas passam a se familiarizar com os alimentos no dia a dia e, naturalmente, isso pode refletir em escolhas mais saudáveis fora da escola também”, explica.
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O governo destinará R$ 5,5 bilhões anuais para a alimentação escolar. Lula também ressaltou que a valorização dos professores e dos profissionais que atuam nas cozinhas escolares é essencial para garantir um ensino de qualidade.
Julie destaca que a presença constante de alimentos nutritivos contribui para formar hábitos, que podem acompanhar essa criança por toda a vida.
Cuidado com o ultraprocessados
Julie explica que o consumo excessivo de ultraprocessados pode trazer sérias consequências para a saúde. Ela explica que esses tipos de alimentos geralmente são ricos em açúcar, gordura saturada, sódio e aditivos químicos, o que pode levar ao desenvolvimento da obesidade, da hipertensão, diabetes tipo dois e doenças cardiovasculares.
“Além disso, esses alimentos também tendem a ter baixo valor nutricional, o que pode resultar em deficiências de vitaminas e minerais que são importantes pro crescimento e o desenvolvimento dessas crianças. A longo prazo, isso afeta não só a saúde física, mas também o bem-estar mental e emocional”, explica.
A nutricionista comenta que há estudos diversos que mostram a relação direta entre alimentação saudável e o desempenho escolar. Por isso, criança com comida mais saudável no prato, pode significar aumento no rendimento escolar.
“Uma dieta equilibrada, rica em nutrientes contribui para uma melhor concentração memória e disposição, o que se reflete no rendimento acadêmico. Por exemplo, o consumo adequado de ferro e ômega três está ligado ao desenvolvimento cognitivo, enquanto a ingestão de alimentos ricos em fibras e vitaminas ajuda na regulação do humor e da energia”, diz.
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Por outro lado, Julie ressalta que, as dietas que são ricas em ultraprocessados e podem causar picos de glicose no sangue, levando a fadiga e dificuldade da concentração.
“Esse aumento no excesso do peso infantil, ele é multifatorial, porque um dos principais fatores é o fácil acesso que nós temos aos ultraprocessados”,completa.
Apoio à agricultura familiar
O novo regulamento do governo também reforça a compra de alimentos da agricultura familiar com os recursos do PNAE, priorizando assentamentos da reforma agrária, comunidades indígenas, quilombolas e grupos de mulheres. Atualmente, pelo menos 30% dos recursos do programa devem ser direcionados à aquisição de produtos desse setor.
“Vamos concluir o triênio 2023-2025 com uma redução significativa da insegurança alimentar. Em 2023, reduzimos esse número de 33,1 milhões para 8,7 milhões de pessoas. Ainda não temos os dados de 2024, mas acreditamos que a queda tenha sido para algo entre 4 e 4,5 milhões. E, em 2025, esperamos uma redução ainda maior”, afirmou Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
Apesar da iniciativa privilegiar comunidades próximas, a nutricionista vê grandes desafios para a medida se concluir. Entre eles está a logística para garantir o fornecimento e a conservação de alimentos frescos, especialmente em escolas que são localizadas em áreas mais remotas.
“Um outro ponto é o custo, já que os elementos ultraprocessados muitas vezes são mais baratos e de fácil armazenamento. Também precisamos considerar a aceitação por parte das crianças, que podem estar acostumadas já com sabores artificiais intensos. Então, por isso, é fundamental que a transição seja acompanhada de um programa de educação nutricional e capacitação das merendeiras para preparar refeições saborosas e atrativas usando os alimentos naturais”, ressalta.