3 gargalos logísticos no Brasil que afetam as operações

3 gargalos logísticos no Brasil que afetam as operações

Os gargalos logísticos, como a infraestrutura deficitária, são problemas recorrentes e impactam a movimentação de cargas e o crescimento econômico – Foto: Divulgação

Quais são os gargalos logísticos no Brasil que impactam a cadeia de suprimentos e são motivo de preocupação? A indústria de logística no país enfrenta desafios consideráveis que afetam a operação e a busca por eficácia no mercado.

A Edição da Série Especial de Economia – Investimentos em Transporte, da Confederação Nacional do Transporte, analisa o Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2025 (PLOA 2025) e prevê dados relevantes. Estima-se uma redução de R$ 1,6 bilhão nos investimentos federais em infraestrutura de transporte em comparação com o PLOA 2024.

Os investimentos totais foram reduzidos de R$ 19,03 bilhões (2024) para R$ 17,4 bilhões (2025). A redução compromete a eficiência logística e pode aumentar os custos operacionais, o que, por sua vez, afeta o preço de mercadorias e serviços.

Os gargalos logísticos, como a infraestrutura deficitária, são problemas recorrentes e impactam a movimentação de cargas e o crescimento econômico. Esses desafios são evidentes nas estradas mal conservadas e na limitada capacidade dos portos.

1. Desafios do transporte rodoviário e da infraestrutura

Os gargalos logísticos no Brasil estão intimamente ligados à infraestrutura rodoviária. A dependência do modal rodoviário afeta custos, enquanto o investimento em infraestrutura e tecnologia ainda deixa a desejar, impactando a qualidade do transporte.

O país possui uma vasta malha rodoviária que é a espinha dorsal do transporte de cargas. Vale lembrar que o orçamento total do PLOA 2025 é de R$ 5,87 trilhões, sendo R$ 63,6 bilhões destinados a investimentos gerais da União. Apenas 7,6% desses investimentos, equivalente a R$ 17,4 bilhões, são direcionados ao setor de transporte.

Entenda a distribuição por modalidade de transporte, segundo a CNT:

  • Rodoviário: R$ 13,49 bilhões (88,2% do total de investimentos em transporte).
  • Ferroviário: R$ 1,14 bilhão (3,9%).
  • Aquaviário: R$ 282,18 milhões (2%).
  • Aéreo: R$ 140,2 milhões (1%).
  • Demais subfunções: R$ 679,63 milhões.

As rodovias concentram a maior parte do transporte, porém sofrem com problemas de manutenção e baixa qualidade. Transportadoras especializadas enfrentam desafios diários, e isso pode resultar em aumento no preço de produtos.

O investimento em infraestrutura e tecnologia é vital para solucionar esses gargalos logísticos no Brasil. Apesar de melhorias pontuais, a modernização das estradas e a implementação de tecnologias de automação e inovação ainda são limitadas.

Muitos trechos ainda carecem de boas condições de pavimentação e sinalização. O investimento contínuo é necessário para transformar essas estradas em corredores eficientes que maximizem a capacidade de transporte.

A ausência de alternativas viáveis, como ferrovias e hidrovias, impacta a competitividade das empresas nacionais.

2. Altos custos no transporte de cargas

Os altos custos no transporte de cargas no Brasil representam um dos gargalos logísticos mais desafiadores do país. Segundo a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, a decisão do governo federal de encerrar o programa de desoneração da folha de pagamento terá um impacto significativo no setor de transporte rodoviário de cargas a partir de 2025.

O programa permitia que as empresas substituíssem a contribuição previdenciária de 20% sobre a folha salarial por uma alíquota sobre a receita bruta, e seu fim resultará em um aumento nos custos operacionais para os transportadores.

3 gargalos logísticos no Brasil que afetam as operações

Os altos custos no transporte de cargas no Brasil representam um dos gargalos logísticos mais desafiadores do país – Foto: Divulgação

Essa mudança é especialmente preocupante, visto que o setor é responsável por mais de 60% da movimentação de mercadorias no Brasil e depende intensamente da mão de obra para suas operações.

Pesquisa realizada pelo DECOPE (Departamento de Custos Operacionais e Pesquisas Técnicas e Econômicas) e veiculada pela Fetranspar  indica que, no primeiro ano, o setor deve enfrentar um impacto médio de 1,5%, acumulando quase 5% até 2028.

Este aumento nos custos operacionais resultará em uma elevação nos preços dos serviços de transporte, o que, por sua vez, refletirá em preços mais altos para produtos e serviços consumidos pela sociedade, como alimentos e combustíveis.

A NTC&LOGÍSTICA estima que, se os custos não forem repassados aos contratantes, as empresas poderão ver uma redução de até 30% em seus lucros no primeiro ano, o que poderá comprometer sua viabilidade econômica.

3. Escassez de caminhoneiros

A escassez de caminhoneiros também representa um gargalo logístico no Brasil. Este problema é impulsionado pelas condições precárias de trabalho e pela falta de atratividade da profissão, visto que os profissionais precisam passar longas jornadas nas estradas, longe de suas famílias e, muitas vezes, sem o descanso apropriado, embora haja previsão legal para que eles atuem em melhores condições.

Além disso, as estradas em más condições e a insegurança são fatores que desestimulam a adesão à profissão. Os impactos diretos dessa escassez de profissionais podem se refletir em atrasos na entrega de mercadorias, aumento dos custos de transporte e redução da eficiência logística.

O Brasil enfrenta um déficit superior a 1,5 milhão de motoristas habilitados nas categorias C, D e E. Para enfrentar essa situação, o governo federal e a Confederação Nacional do Transporte (CNT) firmaram um protocolo de intenções com o objetivo de capacitar motoristas e facilitar a mudança de categoria da CNH para que possam atuar profissionalmente.

O programa utilizará o banco de dados do Cadastro Único para oferecer qualificação aos interessados, além de criar um cadastro específico para facilitar a contratação pelas transportadoras.

A iniciativa também visa melhorar as condições de trabalho e os benefícios sociais dos caminhoneiros, que atualmente podem ter salários superiores a R$ 3 mil. A profissão, no entanto, tem enfrentado desafios como baixos salários e falta de infraestrutura logística adequada, o que desencoraja novos motoristas.

O presidente da CNT destaca que a mudança no status de motorista comum para profissional é importante e pode atrair novos profissionais para o setor.

Por fim, os gargalos logísticos no Brasil, que incluem a infraestrutura deficitária, os altos custos de transporte e a escassez de caminhoneiros, representam desafios significativos para a cadeia de suprimentos.

Para mitigar esses problemas, é essencial que o governo e a iniciativa privada se unam em esforços para modernizar a infraestrutura e melhorar as condições de trabalho dos motoristas.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.

Os comentários estão desativados.