A escritora e influenciadora Maíra Azevedo, conhecida como Tia Má, gerou polêmica ao questionar o uso da suástica em azulejos do Palacete Tira-Chapéu, um prédio histórico de Salvador. Ao visitar o local, ela compartilhou uma foto da ornamentação e demonstrou espanto ao ver o símbolo, que ficou amplamente associado ao nazismo. A postagem gerou um intenso debate nas redes sociais, dividindo opiniões entre aqueles que desconheciam a presença do emblema e outros que defenderam sua origem milenar.
O símbolo em questão é o “Manji”, utilizado por culturas como o budismo e o hinduísmo há milhares de anos, representando boa sorte, prosperidade e harmonia. No entanto, sua apropriação pelo regime nazista nos anos 1920 e 1930 transformou sua percepção no Ocidente, tornando-se um dos ícones mais marcantes do período. A diferença entre as versões está na inclinação e na direção dos traços: enquanto a suástica nazista é rotacionada em 45º e voltada para a direita, o Manji costuma aparecer na posição reta e pode estar orientado para a esquerda ou a direita, sem a conotação negativa atribuída pelo regime de Adolf Hitler.
Publicação da escritora
Gente…fui hoje, pela primeira vez, no Palácio Tira Chapéu, aqui em Salvador e quando chego no primeiro andar ….encontro esse detalhe no piso! O espaço acabou de passar por um reforma…pergunta séria…é isso mesmo que parece? Oh @prefsalvador pic.twitter.com/ieN1SdRpm6
— Maíra Azevedo 👠 (@tiamaoficial) February 5, 2025
Murilo Mello, professor de história, explica que os traços do símbolo variam de acordo com o contexto cultural. “As suásticas não são exatamente iguais. Algumas são mais finas, outras giram em sentidos opostos, e no caso do nazismo, há essa inclinação característica. Já a suástica budista tem seus traços planificados, como os encontrados no Palacete Tira-Chapéu”, afirmou.
Diante da repercussão, a administração do Palacete defendeu a permanência do símbolo no edifício, ressaltando que ele faz parte da identidade histórica da construção, que data de 1917. “O símbolo tem origem milenar e foi utilizado por diversas culturas muito antes de ser apropriado e distorcido após a década de 1930. Ele deve ser compreendido dentro deste contexto histórico, sem vínculos com ideologias posteriores”, declarou o Palacete em nota.