Jovem condenada por desviar quase R$ 1 milhão de festa de formatura da USP consegue registro de médica


Procurada, a defesa Alicia Dudy Muller Veiga disse que ‘ela tem direito ao esquecimento e não deve ser submetida a um linchamento público contínuo’. Alicia Dudy, aluna da USP acusada de desviar dinheiro da formatura dos colegas
Reprodução/TV Globo
A jovem Alicia Dudy Muller Veiga, condenada pelo desvio de quase R$ 1 milhão dos fundos arrecadados para festa de formatura de uma turma de medicina da USP (Universidade de São Paulo), conseguiu o registro de médica.
Segundo o site do Conselho Federal de Medicina (CFM), a inscrição de Alicia está ativa e regular desde 26 de dezembro de 2024, sem especialidade registrada.
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Procurado pelo g1, o advogado Sérgio Ricardo Stocco, responsável pela defesa da jovem, informou que Alicia finalizou a graduação em medicina na USP.
Em nota, a defesa também disse que “ela tem direito ao esquecimento e não deve ser submetida a um linchamento público contínuo”. O advogado ainda afirmou que “o princípio do direito ao esquecimento visa garantir que pessoas que já cumpriram ou estão cumprindo suas obrigações legais não sejam eternamente prejudicadas por fatos passados”.
Condenada por desviar quase R$ 1 milhão de festa de formatura consegue registro de médica
Reprodução/CFM
Em julho do ano passado, a Justiça de São Paulo condenou por estelionato a estudante a cinco anos de reclusão em regime semiaberto. A sentença também determinava o pagamento de indenização às vítimas, no mesmo valor do prejuízo causado.
O g1 questionou a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) sobre o status do cumprimento da pena da jovem, porém não obteve retorno até a última atualização da reportagem.
Na sentença, o juiz Paulo Eduardo Balbone Costa, da 7ª Vara Criminal da Capital, apontou que “a ré se prevaleceu de sua condição de presidente da comissão de formatura para engendrar um plano destinado a se apossar do produto arrecadado ao longo de meses, com a contribuição de dezenas de colegas, a fim de obter lucro para si com a aplicação especulativa daquele capital”.
“Traiu a confiança de seus pares, desviando recursos que pertenciam aos colegas de turma (o que revela maior opróbio do que a prática de estelionato contra vítima a quem não se conhece), quando as vítimas não atuavam movidas pela própria cupidez”, apontou o magistrado na sentença.
A estudante Alicia Dudy Muller, do curso de Medicina da Universidade de SP (USP).
Reprodução/TV Globo
Relembre o caso
Segundo a denúncia registrada na polícia pela comissão de formatura, o caso veio à tona quando a suspeita afirmou, por meio de mensagens no WhatsApp, que tinha perdido todo o dinheiro e alegou ter aplicado R$ 800 mil em uma corretora de investimentos. À época, ela disse ter sido supostamente enganada pela empresa.
Uma das vítimas registrou a ocorrência e a polícia passou a investigar o caso. No início de fevereiro do ano passado, a Justiça não aceitou o pedido de prisão preventiva feito pela polícia contra a estudante.
A decisão concordou com o posicionamento do Ministério Público, que entendeu que o caso se tratava de crimes de estelionato, não de apropriação indébita, como ela havia sido indiciada, e pediu que fosse feita uma lista com o prejuízo individual dos alunos. Cada vítima teve de mostrar interesse em representar pelo crime.
O que se sabe sobre a aluna da USP acusada de desviar dinheiro da formatura
Na apropriação indébita, uma pessoa recebe da vítima a posse de um bem de forma legal, se apropriando dele mais tarde de forma irregular.
No estelionato, a má-fé acontece antes da posse do bem e força a vítima a um engano.
Segundo apurado pelo g1, o Instituto de Criminalística analisou ao menos dois celulares, um smartwatch, cartões bancários e HD externo. Sobre um tablet, a investigação sugeriu que fosse leiloado por ter sido adquirido com dinheiro do fundo, e a quantia arrecadada revertida para entidades beneficentes.
O carro de luxo alugado por ela com o dinheiro dos alunos já foi devolvido à empresa em fevereiro.
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