Caso aconteceu em Maragogipe, no Recôncavo da Bahia, no dia 27 de janeiro. Vítima levou 17 facadas e suspeito foi preso. Neila foi vítima de tentativa de feminicídio no dia 27 de janeiro.
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“Dirigia com uma mão e me golpeava com outra”, contou a advogada e servidora pública de Maragogipe, Neila Maiana de Jesus Sales, em entrevista ao g1. Em 27 de janeiro, ela foi esfaqueada 17 vezes pelo ex-namorado e afirma que só conseguiu sobreviver ao ataque porque conseguiu destravar a porta e pulou do carro em movimento.
“Fiquei frente a frente com o ódio de alguém que dizia que me amava”, contou.
Neila foi atacada pelo ex-namorado no centro de Maragogipe, no recôncavo baiano, em frente ao escritório de advocacia que ela atua. O suspeito, um homem de 27 anos, que não teve a identidade revelada, foi preso em flagrante pela Policia Rodoviária Federal horas depois do crime, na cidade de Alagoinhas, a 120 km do local do crime.
Ao g1, Neila contou que disponibilizou o escritório porque o ex-namorado estava passando por alguns problemas com a família e não tinha onde ficar. No dia do crime, ela tinha indo buscar as chaves do estabelecimento. O suspeito se recusou a entregar o objeto e os dois discutiram.
“Liguei pro 190 e quando ele viu, começou a me agredir. Mordeu a minha orelha, me arremessou pra dentro do carro e me golpeou várias vezes. Foram 17 facadas”, relembrou.
O suspeito ainda arrastou o carro pela contramão por cerca de 500 metros. Quando precisou manobrar o carro em um desvio, o ex-namorado de Neila soltou a faca. Foi nesse momento que ela conseguiu escapar.
Após se jogar do veículo em movimento, Neila pediu ajuda em um mercado próximo, foi atendida por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levada para o hospital.
Os golpes de faca atingiram as costas, pescoço, braços e tórax. Um das perfurações atingiu o pulmão de Neila e ela precisou passar por cirurgia.
A advogada teve alta hospitalar no dia 30 de janeiro. Em casa, segue a rotina com os curativos e, em duas semanas, vai passar por exames e nova avaliação médica. Ela disse que ainda não respira bem por causa da perfuração e que tem tido muitas crises de ansiedade.
Relacionamento conturbado
Segundo Neila, o casal passou um ano junto. As brigas eram frequentes e motivadas por ciúmes. Em uma delas, ela foi agredida e tinha medida protetiva contra o agressor. O relacionamento chegou ao fim no mês de dezembro, mas o homem não aceitava e sempre procurava pela advogada.
A advogada ainda contou que acompanhou casos de violência contra mulher devido ao trabalho na prefeitura de Maragogipe. Ela atuou na Secretaria de Reparação Racial e da Mulher entre 2022 e 2024 e atualmente está lotada no Centro de Referência Especializado de Assistência Social.
A Secretaria de Reparação Racial e da Mulher e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiram notas de repúdio após o crime. [Veja ao final da matéria].
Relembre o caso
Suspeito fugiu em carro que pertence a vítima.
Polícia Rodoviária Federal
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o homem golpeou a advogada com uma faca e fugiu em seguida, em direção a BR-101, no carro que pertence à vítima. Enquanto estava na estrada, ele passou por uma ação da polícia e não obedeceu a ordem de parada dada pelos policiais. Houve perseguição e o suspeito foi capturado três quilômetros depois.
A polícia identificou marcas de sangue na lataria e no interior do carro. O motorista estava com um ferimento na mão e contou que havia se envolvido em uma briga.
Durante a abordagem, os policiais descobriram também que ele tinha descumprido medidas protetivas da Lei Maria da Penha. O suspeito foi levado para atendimento médico e, após alta hospitalar, foi apresentado na Delegacia de Alagoinhas.
A vítima foi atendida por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhada em estado grave para o Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus.
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OAB repudia crime e cobra apuração
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da Bahia e de Cruz das Almas repudiaram o ataque à advogada Neila Maiana de Jesus Sales. Em nota, divulgada no site institucional, a OAB lamentou o fato, classificado como “afronta aos direitos fundamentais da mulher, vítima do machismo e da desigualdade de gênero”.
A instituição informou que segue acompanhando o caso e que vai solicitar à Secretaria de Segurança Pública celeridade na apuração do crime e que um representante da OAB será designado para acompanhar as investigações.
“Esperamos, de fato, que haja apuração profunda e imediata deste atentado, para que seja feita justiça, e o acusado seja punido na forma da lei”, disse, por meio de nota, a presidenta da OAB-BA, Daniela Borges.
Prefeitura de Maragogipe emite nota
Em nota publicada em uma rede social, a Secretaria de Reparação Social também repudiou o crime e reforçou a importância das mulheres denunciarem qualquer tipo de violência.
“Precisamos cada vez mais dar voz às mulheres para que elas denunciem e não se calem diante da violência sofrida. Devemos, ainda mais, combater todas as formas de violências contra a mulher, seja ela física, psicológica, sexual ou moral, em quaisquer ambientes, e cobrar para que os agressores sejam devidamente punidos na forma da lei”, diz um trecho do texto.
A Secretaria também reforçou o compromisso com a defesa dos direitos das mulheres
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Delegacia de Alagoinhas, na Bahia
Rafaela Paixão/g1
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